Especialistas alertam que a vacina é a melhor opção para conter a pandemia. Entenda por que se vacinar contra a covid-19 é importante!
Paula Vieira | 7 de Abril de 2021 às 14:00
A vacinação contra a Covid-19 começou em janeiro, mas ganhou força no Brasil apenas em março. Atualmente, a principal forma de conter a disseminação do novo coronavírus é tomando a vacina. Mas, apesar dos estudos e aprovações das agências de saúde de todos os países e desenvolvedores dos imunizantes, ainda há questionamentos sobre a segurança e eficácia do método. Para esclarecer as dúvidas e acabar com alguns mitos, nós entrevistamos alguns especialistas que esclareceram por que é importante se vacinar contra a Covid-19!
Conforme explicado pela Dra. Ana Pereira, médica infectologista e coordenadora da equipe de enfrentamento da Covid-19 no Hospital Semper, em Belo Horizonte-MG, a vacina é a principal responsável pela geração de anticorpos no organismo e é essencial para frear a pandemia, que, atualmente, mata quase 5 mil brasileiros por dia.
“A vacinação contra a Covid-19 é essencial para que a gente consiga parar a pandemia. A função dela, ao ser injetada, é produzir em nosso organismo anticorpos específicos que vão atuar contra o novo coronavírus. E a imunidade acontece no 15º dia a partir da aplicação da segunda dose da vacina.”
As fake news são algumas das maiores vilãs na luta contra a Covid-19 e fortalecem os movimentos antivacina, que cresceram no Brasil nos últimos anos. De acordo com a Dra. Larissa Brussa, especialista em biologia molecular, desde 2017, passou-se a notar uma diminuição na quantidade de pessoas que se vacinam através do SUS.
Por isso, as campanhas de vacinação devem apresentar informações científicas corretas para a população, mostrando que o imunizante é seguro e vai nos ajudar a sair da pior fase da pandemia. Além disso, é preciso ter consciência de que se vacinar contra a Covid-19 trata-se de um pacto social, ou seja, todos devem participar e saber da sua importância.
“A vacinação só funciona de maneira coletiva. Quando a gente fala de vacina, a gente fala de um conceito chamado de ‘imunidade de rebanho’, que é quando muitas pessoas estão vacinadas e isso causa uma diminuição da circulação do vírus e, consequentemente, uma proteção. Assim, quem não pode tomar a vacina também fica protegido (ainda não há certeza de que gestantes, pessoas imunossuprimidas e recém-transplantados, por exemplo, poderão tomar [a vacina contra o coronavírus]). Então, essas pessoas se protegem através dessa imunidade de grupo. É muito importante as pessoas entenderem esse pacto social que é feito quando a vacina é a aplicada e compreender a eficácia do imunizante”, explicou a Dra. Larissa Brussa.
Você já deve ter parado para se perguntar como as vacinas agem no corpo para impedir doenças. De forma simples, a bióloga molecular, contou como funciona o processo de imunização após a vacinação.
“As vacinas mostram para o nosso corpo qual é o agente causador da doença, imetizando algumas características desse agente infeccioso e, com isso, o nosso sistema imune é ‘treinado’ para produzir tudo o que a gente precisa para se proteger, como anticorpos, células de memória e uma série de classes de células que vai combater a doença. Então, a doença não se desenvolve. A grande vantagem, é que quando a gente for exposto a doença, o organismo já terá as células de defesa para combatê-la, acabando com a infecção ou deixando-a mais leve.”
As vacinas que foram aprovadas para uso definitivo no Brasil é a Coronavac, que está sendo produzida pelo Instituto Butantan, a AZD1222, que foi desenvolvida em Oxford e está sendo produzida pela Fiocruz, e a da Janssen, que virá do exterior.
É preciso respeitar o intervalo entre as doses da vacina. Até que toda a população esteja vacinada, as curvas comecem a cair e os estudos sobre a imunidade de rebanho apresentem o resultado esperado, as recomendações de saúde e cuidados devem ser mantidos.
A imunização começa a partir do 15º dia, mas isso não quer dizer que a pessoa vacinada está totalmente protegida. Segundo a Dra. Larissa Brussa, é necessário aguardar ao menos 28 dias em casa. Além disso, ainda está em estudo se o vírus pode continuar sendo transmitido mesmo através de quem foi vacinado, já que a eficácia do imunizante foi atestada para combater a doença.
“Após a segunda aplicação, a pessoa ainda precisa aguardar ao menos 28 dias para considerar que a vacina fez efeito. Mas, em um ambiente em que essa pessoa tem muita exposição, isso pode ser alterado. A taxa de contágio no Rio Grande do Sul está muito alta, isso quer dizer que tem muito vírus circulando. O estado está com bandeira preta. Mas as pessoas que já tomaram as duas doses e completaram os 28 dias correm o risco de continuar transmitindo. A gente ainda não sabe se a vacina vai evitar a transmissão. O que a gente sabe é que a vacina vai combater a doença em sua forma mais grave. Então, pode ser que você pegue o vírus, não manifeste a doença, e continue transmitindo. Por isso, precisamos que as pessoas mantenham as medidas de proteção até a gente ver redução no número de casos e óbitos.”
A Dra. Ana Pereira reforça que a vacinação em massa é a maneira mais eficaz de conter o contágio e a proliferação de novas variantes. Além disso, os cuidados com a saúde devem ser mantidos mesmo após a aplicação da segunda dose. Portanto, evite sair sem máscara e use álcool em gel.
“Mesmo quem já foi vacinado precisa continuar usando máscara, manter o distanciamento, o hábito de lavar as mãos com frequência, com água e sabão, e usar o álcool em gel, para que a gente evite mais transmissão de novas cepas do coronavírus, incluindo as que podem ser resistentes às vacinas. Atualmente, todas as vacinas atendem as variantes, mas é importante evitar correr esse risco”, garantiu a infectologista.
As organizações de saúde recomendam que a vacina contra a gripe não seja aplicada entre as doses do imunizante contra a Covid-19. O processo deve ser realizado dessa forma para que os agentes não sejam anulados e prejudiquem o sistema imune.
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“O treino do sistema imune precisa acontecer de maneira exclusiva para cada agente infeccioso. Então, a vacina usada na Covid-19 é produzida com outro tipo de vírus. A gente tem que dar um espaço para o sistema imune ser treinado, produzir os anticorpos, a partir da vacina, e esperar os 14 dias para tomar a outra vacina (gripe). Assim, o sistema imune vai ser treinado novamente com esse novo medicamento”, explicou a Dra. Larissa Brussa.
Assim como ainda existem dúvidas sobre a vacinação contra a Covid-19, há ainda mais questões sobre o conhecido ‘kit-covid’. Apesar de alguns médicos receitarem medicamentos como a azitromicina e cloroquina, como forma de prevenção, o tratamento é totalmente incorreto, podendo causar graves malefícios.
“Como a Covid-19 está causando problemas de saúde mental, crise econômica, mortes, colapso no sistema de saúde, por exemplo, se teve uma ânsia de encontrar um medicamento para a doença. Assim, começou-se a usar os medicamentos do ‘kit-covid’. Mas não existe uma comprovação científica de que esses remédios funcionem contra a Covid-19. Temos muitas evidências científicas de que além de não funcionarem, essas medicações trazem malefícios para quem usa sem necessidade, por isso, o ‘kit-covid’ é indicado erroneamente. O tratamento precoce é totalmente inadequado e expõe o paciente a muitas drogas fortes, que não gera nenhum benefício”, explicou a Dra. Larissa Brussa.
Atuante na área de frente contra a Covid, em Belo Horizonte-MG, a infectologista Ana Pereira garante que o uso indiscriminado dos medicamentos do kit-covid podem gerar problemas graves para os pacientes.
“Nenhum medicamento do chamado ‘kit-covid’ foi comprovado cientificamente eficaz contra a Covid e temos vistos muitas pessoas sofrendo com efeitos colaterais do uso desses remédios, casos de hepatite medicamentosa, inclusive com a necessidade de transplante de fígado.”
Pesquisadora e atuante na área da saúde contra a Covid-19 no Rio Grande do Sul, um dos estados mais afetados pela doença, a bióloga molecular Larissa Brussa deixa um alerta para quem ainda tem dúvidas sobre a vacina.
“Eu convido as pessoas que não acreditam na vacina contra a Covid-19 a estudar um pouco. Nós temos acesso aos bancos de dados mundiais, artigos científicos publicados e acessíveis para as pessoas lerem. Apesar de ser um material denso, todos podem olhar e entender quais são as metodologias usadas, como os testes foram realizados.”
As vacinas passam por uma série de testes antes de serem aprovadas. A Dra. Larissa Brussa, especialista em biologia molecular explicou o processo da seguinte forma:
Primeiro, é realizado o teste em células, depois os testes são feitos com animais, pequenos roedores e mamíferos, aumentando a complexidade do animal também. Quando a vacina demonstra a segurança, não causando a morte, a doença e efeitos adversos, ela é testada em pessoas.
A partir daí, começam os testes clínicos, que são divididos em três fases. O primeiro teste clínico é realizado com um pequeno número de pessoas saudáveis, sem comorbidades. No teste de fase 2, o número de pessoas aumenta e são incluídos pacientes com comorbidades. No terceiro teste, chega a 50 mil ou 100 mil pessoas, por exemplo, e em todos se utiliza a vacina e o placebo.
“As pessoas da equipe sabem quem tomou qual substância e isso gera resultado para uma série de novos estudos, para ter uma resposta mais limpa e apurada. Então, as pessoas que tomam a vacina nesses testes são acompanhadas. Só depois de todo o processo ser feito com muitos critérios, rigor e detalhes, essa vacina vai para a aprovação. No Brasil, temos a Anvisa, que é reconhecida no mundo e já aprovou inúmeras outras vacinas. O órgão deu o aval para todas as vacinas usadas no país. Portanto, elas são super seguras e podem ser consideradas a nossa esperança de sair desse buraco que a gente mesmo se colocou, que é a questão da pandemia hoje, causando um rombo econômico, mudando a vida das pessoas. Estamos caminhando para dois anos de pandemia, os números não param de crescer e as pessoas não param de morrer. É uma situação muito triste. Somente a vacina, o distanciamento social e a manutenção das medidas de prevenção das pessoas é que vai nos ajudar a sair dessa”, finalizou a especialista.
Atenção:
Caso apresente sintomas de Covid-19, procure imediatamente uma clínica médica ou hospital especializado.