Especialistas alertam que a vacina é a melhor opção para conter a pandemia. Entenda por que se vacinar contra a covid-19 é importante!
A vacinação contra a Covid-19 começou em janeiro, mas ganhou força no Brasil apenas em março. Atualmente, a principal forma de conter a disseminação do novo coronavírus é tomando a vacina. Mas, apesar dos estudos e aprovações das agências de saúde de todos os países e desenvolvedores dos imunizantes, ainda há questionamentos sobre a segurança e eficácia do método. Para esclarecer as dúvidas e acabar com alguns mitos, nós entrevistamos alguns especialistas que esclareceram por que é importante se vacinar contra a Covid-19!
Qual a importância da vacinação para o fim da pandemia?
Conforme explicado pela Dra. Ana Pereira, médica infectologista e coordenadora da equipe de enfrentamento da Covid-19 no Hospital Semper, em Belo Horizonte-MG, a vacina é a principal responsável pela geração de anticorpos no organismo e é essencial para frear a pandemia, que, atualmente, mata quase 5 mil brasileiros por dia.
“A vacinação contra a Covid-19 é essencial para que a gente consiga parar a pandemia. A função dela, ao ser injetada, é produzir em nosso organismo anticorpos específicos que vão atuar contra o novo coronavírus. E a imunidade acontece no 15º dia a partir da aplicação da segunda dose da vacina.”
Como os movimentos antivacina atrapalham o fim da pandemia?
As fake news são algumas das maiores vilãs na luta contra a Covid-19 e fortalecem os movimentos antivacina, que cresceram no Brasil nos últimos anos. De acordo com a Dra. Larissa Brussa, especialista em biologia molecular, desde 2017, passou-se a notar uma diminuição na quantidade de pessoas que se vacinam através do SUS.
Por isso, as campanhas de vacinação devem apresentar informações científicas corretas para a população, mostrando que o imunizante é seguro e vai nos ajudar a sair da pior fase da pandemia. Além disso, é preciso ter consciência de que se vacinar contra a Covid-19 trata-se de um pacto social, ou seja, todos devem participar e saber da sua importância.
“A vacinação só funciona de maneira coletiva. Quando a gente fala de vacina, a gente fala de um conceito chamado de ‘imunidade de rebanho’, que é quando muitas pessoas estão vacinadas e isso causa uma diminuição da circulação do vírus e, consequentemente, uma proteção. Assim, quem não pode tomar a vacina também fica protegido (ainda não há certeza de que gestantes, pessoas imunossuprimidas e recém-transplantados, por exemplo, poderão tomar [a vacina contra o coronavírus]). Então, essas pessoas se protegem através dessa imunidade de grupo. É muito importante as pessoas entenderem esse pacto social que é feito quando a vacina é a aplicada e compreender a eficácia do imunizante”, explicou a Dra. Larissa Brussa.
Como as vacinas agem no corpo humano?
Você já deve ter parado para se perguntar como as vacinas agem no corpo para impedir doenças. De forma simples, a bióloga molecular, contou como funciona o processo de imunização após a vacinação.
“As vacinas mostram para o nosso corpo qual é o agente causador da doença, imetizando algumas características desse agente infeccioso e, com isso, o nosso sistema imune é ‘treinado’ para produzir tudo o que a gente precisa para se proteger, como anticorpos, células de memória e uma série de classes de células que vai combater a doença. Então, a doença não se desenvolve. A grande vantagem, é que quando a gente for exposto a doença, o organismo já terá as células de defesa para combatê-la, acabando com a infecção ou deixando-a mais leve.”
Vacinas usadas no Brasil contra a Covid-19
As vacinas que foram aprovadas para uso definitivo no Brasil é a Coronavac, que está sendo produzida pelo Instituto Butantan, a AZD1222, que foi desenvolvida em Oxford e está sendo produzida pela Fiocruz, e a da Janssen, que virá do exterior.
É preciso respeitar o intervalo entre as doses da vacina. Até que toda a população esteja vacinada, as curvas comecem a cair e os estudos sobre a imunidade de rebanho apresentem o resultado esperado, as recomendações de saúde e cuidados devem ser mantidos.
Quais cuidados manter após se vacinar contra a Covid-19?
A imunização começa a partir do 15º dia, mas isso não quer dizer que a pessoa vacinada está totalmente protegida. Segundo a Dra. Larissa Brussa, é necessário aguardar ao menos 28 dias em casa. Além disso, ainda está em estudo se o vírus pode continuar sendo transmitido mesmo através de quem foi vacinado, já que a eficácia do imunizante foi atestada para combater a doença.
“Após a segunda aplicação, a pessoa ainda precisa aguardar ao menos 28 dias para considerar que a vacina fez efeito. Mas, em um ambiente em que essa pessoa tem muita exposição, isso pode ser alterado. A taxa de contágio no Rio Grande do Sul está muito alta, isso quer dizer que tem muito vírus circulando. O estado está com bandeira preta. Mas as pessoas que já tomaram as duas doses e completaram os 28 dias correm o risco de continuar transmitindo. A gente ainda não sabe se a vacina vai evitar a transmissão. O que a gente sabe é que a vacina vai combater a doença em sua forma mais grave. Então, pode ser que você pegue o vírus, não manifeste a doença, e continue transmitindo. Por isso, precisamos que as pessoas mantenham as medidas de proteção até a gente ver redução no número de casos e óbitos.”
A Dra. Ana Pereira reforça que a vacinação em massa é a maneira mais eficaz de conter o contágio e a proliferação de novas variantes. Além disso, os cuidados com a saúde devem ser mantidos mesmo após a aplicação da segunda dose. Portanto, evite sair sem máscara e use álcool em gel.
“Mesmo quem já foi vacinado precisa continuar usando máscara, manter o distanciamento, o hábito de lavar as mãos com frequência, com água e sabão, e usar o álcool em gel, para que a gente evite mais transmissão de novas cepas do coronavírus, incluindo as que podem ser resistentes às vacinas. Atualmente, todas as vacinas atendem as variantes, mas é importante evitar correr esse risco”, garantiu a infectologista.
Vacina contra a Covid-19 x Vacina contra a gripe
As organizações de saúde recomendam que a vacina contra a gripe não seja aplicada entre as doses do imunizante contra a Covid-19. O processo deve ser realizado dessa forma para que os agentes não sejam anulados e prejudiquem o sistema imune.
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“O treino do sistema imune precisa acontecer de maneira exclusiva para cada agente infeccioso. Então, a vacina usada na Covid-19 é produzida com outro tipo de vírus. A gente tem que dar um espaço para o sistema imune ser treinado, produzir os anticorpos, a partir da vacina, e esperar os 14 dias para tomar a outra vacina (gripe). Assim, o sistema imune vai ser treinado novamente com esse novo medicamento”, explicou a Dra. Larissa Brussa.
Por que o ‘kit-covid’ não deve ser usado em hipótese alguma?
Assim como ainda existem dúvidas sobre a vacinação contra a Covid-19, há ainda mais questões sobre o conhecido ‘kit-covid’. Apesar de alguns médicos receitarem medicamentos como a azitromicina e cloroquina, como forma de prevenção, o tratamento é totalmente incorreto, podendo causar graves malefícios.
“Como a Covid-19 está causando problemas de saúde mental, crise econômica, mortes, colapso no sistema de saúde, por exemplo, se teve uma ânsia de encontrar um medicamento para a doença. Assim, começou-se a usar os medicamentos do ‘kit-covid’. Mas não existe uma comprovação científica de que esses remédios funcionem contra a Covid-19. Temos muitas evidências científicas de que além de não funcionarem, essas medicações trazem malefícios para quem usa sem necessidade, por isso, o ‘kit-covid’ é indicado erroneamente. O tratamento precoce é totalmente inadequado e expõe o paciente a muitas drogas fortes, que não gera nenhum benefício”, explicou a Dra. Larissa Brussa.
Atuante na área de frente contra a Covid, em Belo Horizonte-MG, a infectologista Ana Pereira garante que o uso indiscriminado dos medicamentos do kit-covid podem gerar problemas graves para os pacientes.
“Nenhum medicamento do chamado ‘kit-covid’ foi comprovado cientificamente eficaz contra a Covid e temos vistos muitas pessoas sofrendo com efeitos colaterais do uso desses remédios, casos de hepatite medicamentosa, inclusive com a necessidade de transplante de fígado.”
Ainda desconfia do uso da vacina? Aqui vai um alerta
Pesquisadora e atuante na área da saúde contra a Covid-19 no Rio Grande do Sul, um dos estados mais afetados pela doença, a bióloga molecular Larissa Brussa deixa um alerta para quem ainda tem dúvidas sobre a vacina.
“Eu convido as pessoas que não acreditam na vacina contra a Covid-19 a estudar um pouco. Nós temos acesso aos bancos de dados mundiais, artigos científicos publicados e acessíveis para as pessoas lerem. Apesar de ser um material denso, todos podem olhar e entender quais são as metodologias usadas, como os testes foram realizados.”
Entenda como são feitos os testes antes da aprovação da vacina
As vacinas passam por uma série de testes antes de serem aprovadas. A Dra. Larissa Brussa, especialista em biologia molecular explicou o processo da seguinte forma:
Primeiro, é realizado o teste em células, depois os testes são feitos com animais, pequenos roedores e mamíferos, aumentando a complexidade do animal também. Quando a vacina demonstra a segurança, não causando a morte, a doença e efeitos adversos, ela é testada em pessoas.
A partir daí, começam os testes clínicos, que são divididos em três fases. O primeiro teste clínico é realizado com um pequeno número de pessoas saudáveis, sem comorbidades. No teste de fase 2, o número de pessoas aumenta e são incluídos pacientes com comorbidades. No terceiro teste, chega a 50 mil ou 100 mil pessoas, por exemplo, e em todos se utiliza a vacina e o placebo.
“As pessoas da equipe sabem quem tomou qual substância e isso gera resultado para uma série de novos estudos, para ter uma resposta mais limpa e apurada. Então, as pessoas que tomam a vacina nesses testes são acompanhadas. Só depois de todo o processo ser feito com muitos critérios, rigor e detalhes, essa vacina vai para a aprovação. No Brasil, temos a Anvisa, que é reconhecida no mundo e já aprovou inúmeras outras vacinas. O órgão deu o aval para todas as vacinas usadas no país. Portanto, elas são super seguras e podem ser consideradas a nossa esperança de sair desse buraco que a gente mesmo se colocou, que é a questão da pandemia hoje, causando um rombo econômico, mudando a vida das pessoas. Estamos caminhando para dois anos de pandemia, os números não param de crescer e as pessoas não param de morrer. É uma situação muito triste. Somente a vacina, o distanciamento social e a manutenção das medidas de prevenção das pessoas é que vai nos ajudar a sair dessa”, finalizou a especialista.
Atenção:
Caso apresente sintomas de Covid-19, procure imediatamente uma clínica médica ou hospital especializado.