Os exames de rastreamento, como o Papanicolau e a Mamografia, são muito importantes e devem fazer parte da rotina das mulheres.
Os exames de rastreamento são realizados em pessoas assintomáticas, que em geral estão bem, na tentativa de detectar as que correm alto risco de ter um distúrbio específico no futuro. No Brasil, as mulheres podem fazer exames regulares para detecção de câncer do colo do útero e de mama nos postos de saúde.
A maioria dos exames de rastreamento tem resultado negativo e, na verdade, é preciso testar muitas pessoas até encontrar um único resultado positivo. Para que seja útil, um teste de rastreamento deve:
- ter baixo custo e ser relativamente fácil de realizar;
- estar associado a risco muito pequeno para o paciente;
- ser suficientemente sensível para detectar a doença em fase inicial, antes do surgimento de sintomas;
- suficientemente específico para que o resultado só seja positivo quando houver a doença e para que haja uma baixa taxa de resultados “falso-positivos”
É bastante difícil alcançar essas metas. Não é fácil o equilíbrio entre deixar de detectar quem esteja realmente sob risco e fazer um diagnóstico exagerado do distúrbio na população-alvo, assim submetendo pessoas com teste positivo à preocupação desnecessária e a outros exames.
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No entanto, foi demonstrado que o rastreamento de cânceres do colo do útero e de mama funciona suficientemente bem para justificar seu amplo uso.
Papanicolau
Esse exame também é conhecido como exame preventivo ou exame do colo do útero. Ele detecta alterações nas células do colo uterino que às vezes, mas não necessariamente, levam ao câncer do colo do útero.
Como se acredita que o colo do útero sofra alterações pré-malignas vários anos antes do surgimento das alterações cancerosas, esse teste de rastreamento permite identificar as mulheres sob risco de ter câncer do colo do útero e tratá-las antes do surgimento da doença.
Como funciona o papanicolau?
O exame Papanicolau é realizado no consultório do ginecologista ou no posto de saúde. Um espéculo é inserido na vagina para mantê-la aberta e, depois, com uma espátula de madeira ou plástico, são colhidas algumas células do colo. Mulheres saudáveis devem realizá-lo uma vez por ano e, caso não haja problemas, depois apenas a cada 3 anos. A amostra de células é “esfregada” sobre uma lâmina de vidro e enviada para análise microscópica. A paciente recebe o resultado por escrito em alguns dias.
Cerca de uma em cada dez mulheres é convidada a retornar para fazer outros exames. Existem várias razões possíveis para isso.
- A amostra não continha células suficientes para obter um resultado confiável, era muito espessa ou muito fina, ou estava encoberta por sangue, impossibilitando a análise apropriada. Nesses casos, faz-se outro Papanicolau.
- O resultado foi anormal, ou seja, foram observadas alterações celulares que exigem investigação complementar. Como algumas dessas alterações podem desaparecer sem tratamento, a paciente pode ser apenas aconselhada a fazer outro exame após 6 a 12 meses.
- As alterações anormais exigem a realização de outro exame e a paciente será encaminhada para fazer uma colposcopia – um exame do colo uterino que emprega um microscópio de pequeno aumento, chamado colposcópio, para avaliar a extensão das alterações e o tratamento mais apropriado. Também pode ser feita biópsia para análise.
- Quando é aconselhável tratamento complementar, podem-se remover as células anormais do colo uterino – seja por eletrocoagulação (técnica que emprega uma alça metálica fina para remover as células) ou por excisão com laser (sendo esta técnica utilizada com menor frequência).
Atualmente, vários novos métodos estão sendo cogitados para aumentar ainda mais a precisão do programa de exames de rastreamento do colo do útero, entre eles o teste para detecção do papilomavírus humano (HPV) no colo do útero. A presença persistente de alguns tipos desse grupo de vírus é o principal fator de risco para câncer do colo do útero.
Mamografia
O rastreamento por mamografia utiliza uma imagem radiográfica de cada mama para pesquisar a existência
de alterações características indicativas de um tumor incipiente. Se há alterações suspeitas, recorre-se a outros exames, entre os quais a ultrassonografia e a aspiração com agulha fina, a fim de obter uma confirmação para o diagnóstico.
A menos que exista histórico familiar (com parentes em primeiro grau) de câncer de mama, recomenda-se a realização de mamografia a partir dos 50 anos de idade, preferencialmente uma vez a cada dois anos.
O que ocorre no ambulatório de Ginecologia
Dependendo dos sintomas e dos achados no exame físico, o médico solicita um ou mais destes exames:
- Mamografia: a mamografia mostra cânceres pequenos demais para serem palpados ou causarem sintomas.
- Ultrassonografia: a ultrassonografia usa ondas sonoras de alta frequência para exibir uma imagem interna da mama. É mais usada em mulheres com menos de 35 anos, cujo tecido mamário tende a ser mais denso e, portanto, nas quais a mamografia talvez não detecte um possível tumor. Também permite determinar se um tumor é sólido ou se contém líquido.
- Aspiração com agulha fina (AAF): na AAF, células ou líquido são retirados com agulha fina e seringa. Essa técnica é melhor quando é possível palpar o nódulo facilmente. A AAF também pode ser associada à ultrassonografia ou à mamografia na qual foram detectadas alterações. A amostra é analisada à procura de células malignas.
- Biópsia com agulha: nessa técnica, usa-se uma agulha mais larga para retirar uma amostra de tecido maior para outros exames. Pode ser feita depois da AAF, sob anestesia local.
- Biópsia excisional: retirada total de um nódulo para exame, sob anestesia geral. Faz-se uma incisão e são necessários alguns pontos (sutura).