Vírus Epstein-Barr é responsável pela mononucleose infecciosa, também conhecida como “doença do beijo”, e é frequentemente transmitido através da saliva.
No último sábado (03), durante o lançamento do documentário “Eu”, produzido pela atriz Ludmila Dayer para contar da sua luta contra a esclerose múltipla, a cantora Anitta revelou ter sido diagnosticada com o vírus Epstein-Barr. Estreando como produtora associada do longa, Anitta alegou ser “o momento mais difícil da sua vida” e revelou como a relação com Ludmila foi importante para sua recuperação.
Diagnosticada com o vírus Epstein-Barr há dois meses, a cantora falou sobre o processo de descoberta da doença.
“Quando a gente começou todo esse contato, e saíram os resultados, eu estava com o mesmo vírus da Ludmila em fase inicial. Hoje em dia não existe coincidência. Por sorte, por destino, por tudo isso eu consegui nem chegar no estágio que a Ludmila chegou. Ela foi uma benção na minha vida e só alegria. Uma coisa que ela falou é que a gente fica muito mais sensível em perceber pessoas que estão no mesmo caminho. As pessoas só vão no momento delas, no tempo delas”, disse Anitta.
Em outro momento, a ganhadora do VMA 2022 e dona do hit Envolver falou sobre as dificuldades de seguir com a carreira durante o tratamento da doença.
“Eu não estava tendo condição de cantar, de respirar. Para mim, ontem, foi uma celebração, estávamos comemorando porque eu não sabia se eu ia conseguir cantar e dançar o show inteiro, era um grande mistério, mas eu fui, consegui cantar e dançar. Teve um trabalho de respiração um pouquinho maior e consegui fazer o show”, compartilhou.
O que é o vírus Epstein-Barr?
O Epstein-Barr (EBV) é o vírus responsável por causar a mononucleose infecciosa, doença popularmente conhecida como "doença do beijo. Trata-se de um herpes-vírus transmitido através da saliva e que é muito comum em adultos e crianças. Estima-se que mais de 90% dos adultos são portadores do vírus e que cerca de 50% das crianças são infectadas antes dos 5 anos de idade.
A infecção do EBV costuma ser assintomática e o período de incubação do vírus é de cerca de 30 a 50 dias. No entanto, o vírus pode estar associado a algumas doenças como:
- otite;
- linfoma de Burkitt;
- linfoma de Hodgkin;
- alguns tipos de câncer de pescoço e gástrico;
- esclerose múltipla.
Quais os sintomas do EBV?
Como explicado acima, em muitos casos o EBV se manifesta de forma silenciosa. Porém, pessoas infectadas pelo vírus podem apresentar os seguintes sintomas:
- febre alta;
- faringite/amigdalite;
- dor ao engolir;
- tosse;
- dor nas articulações;
- inchaço no pescoço;
- irritação na pele;
- inchaço do fígado.
A febre normalmente varia com picos à tarde ou à noite, com temperatura em torno de 39,5° a 40,5° C. Já a faringite pode ser intensa e dolorosa, sendo semelhante à amigdalite. Com frequência, a adenopatia pode ser a única manifestação.
"Os sintomas mais comuns são gânglios, que a gente consegue palpar na região do pescoço, uma dor de garganta forte, manchas brancas nas amígdalas, muitas vezes o paciente não consegue nem comer e precisa ser internado para garantir a alimentação", esclareceu a infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês, em entrevista ao G1.
Como ocorre a transmissão do vírus Epstein-Barr?
Apesar do que o nome popular sugere, o vírus Epstein-Barr não é transmitido apenas através do beijo. Objetos como escova de dente, copos ou talheres compartilhados com uma pessoa infectada também podem transmitir o vírus. Além disso, a transmissão pode ocorrer também por transfusão de derivados de sangue.
Somente cerca de 5% dos pacientes adquirem EBV de alguém com infecção aguda e a transmissão na infância ocorre com mais frequência entre grupos socioeconômicos mais vulneráveis e em condições de aglomerações.
Na maioria dos casos em crianças de pouca idade, a infecção primária por EBV é assintomática. Os sintomas da mononucleose infecciosa são desenvolvidos com mais frequência em crianças com maior idade e adultos.
Como é feito o tratamento?
Não existe um tratamento único para o Epstein-Barr e sim contínuo. Geralmente é indicado o uso de corticoides. Eles podem ser úteis em casos graves de complicação com obstrução de vias aéreas, diminuição de plaquetas no sangue com risco de hemorragia ou anemia hemolítica (quando os anticorpos naturais do organismo destroem as hemácias (glóbulos vermelhos).
A maioria das pessoas ficam livres dos sintomasem algumas semanas após o início do tratamento contra a mononucleose infecciosa. Mas há casos em que o tempo de recuperação do paciente pode ser maior, podendo levar meses para que o paciente recupere seus níveis de energia anteriores, prolongando um estado de fadiga.
Qual a relação do Epstein-Barr com a esclerose múltipla?
Existem suspeitas de que a infecção do vírus Epstein-Barr pode desencadear a esclerose múltipla. Uma nova pesquisa, realizada por cientistas de Harvard, forneceu fortes evidências de que o EBV realmente tem um papel fundamental no desencadeamento da doença. Mais de 10 milhões de militares dos Estados Unidos participaram desse estudo, que durou duas décadas e mostrou que praticamente todos os casos de esclerose múltipla são precedidos por uma infecção pelo vírus EBV.
A esclerosa múltipla (EM) é uma doença inflamatória crônica do sistema nervoso central e afeta cerca de 2,8 milhões de pessoas no mundo todo. Ela pode causar uma grande variedade de sintomas, incluindo problemas de visão, de movimentos, de sensações e de equilíbrio. Embora seus sintomas também possam ser leves, é uma condição vitalícia que pode causar incapacidade grave. Para saber mais sobre a esclerose múltipla confira a nossa matéria sobre a doença.
Além da esclerose múltipla, a infecção do vírus EBV já foi associada também ao lúpus. Nessa doença, os anticorpos entram em uma espécie de superprodução e acabam atacando o próprio corpo. Só por aí já conseguimos imaginar o estrago que ela pode causar, uma vez que a mesma cria anticorpos contra estruturas essenciais ao funcionamento do corpo humano. Saiba mais sobre o lúpus no nosso guia completo sobre a doença.