No Brasil, mais de 2 milhões de mulheres por ano sofrem com a depressão pós-parto. Entenda quais os sintomas, causas e tratamento!
Muitas mães passam por um período de grande angústia nos dias, semanas ou mesmo meses depois do parto. Isso até seria compreensível, se a criança fosse indesejada ou estivesse doente, ou se a situação materna fosse ruim – parceiro hostil ou ausente, pobreza, más condições de acomodação, solidão e falta de apoio –, mas na maioria dos casos não parece haver um motivo óbvio. O bebê é desejado, saudável, a casa aparentemente feliz, o parceiro e os pais oferecem apoio, porém há um horrível sentimento de ansiedade, angústia e incapacidade de adaptação. Isso é causado pela depressão pós-parto, que afeta uma em cada dez mães.
Há dois outros distúrbios que podem ser classificados como depressão pós-parto: “tristeza materna”, às vezes chamada de tristeza do terceiro ou quarto dia, e a depressão puerperal psicótica.
A tristeza materna é bastante comum, afeta metade das mães e não dura mais do que um ou dois dias. Os sintomas mais comuns são:
- ansiedade em relação ao bebê (muitas vezes associada à alimentação);
- dificuldade de concentração;
- desencanto de curta duração com o parceiro;
É provável que a súbita redução dos níveis de hormônios como estrogênio e progesterona contribua para a tristeza, mas a dor e o receio relacionados ao conhecimento do bebê também podem contribuir.
A depressão puerperal psicótica é uma forma muito grave que surge no período de seis semanas após o parto e acomete 1 em cada 400 mulheres que dão à luz. A depressão é profunda e está associada a ideias delirantes de culpa. Há risco de suicídio e infanticídio, mas em geral a paciente se recupera após o tratamento (que costuma exigir internação hospitalar, de preferência em uma unidade materno-infantil).
Quais são os sintomas da depressão pós-parto?
A depressão é a principal manifestação – sentimento de abatimento e infelicidade na maior parte do tempo. Algumas mães se sentem pior pela manhã, outras à noite – muitas têm dias melhores e piores. Em um dia ruim, pode parecer que a vida não vale a pena. Outros sintomas apresentados são:
- Ansiedade, que costuma se manifestar pelo medo de ficar sozinha (e totalmente responsável por esse bebê dependente) e pela resistência em deixar o parceiro sair de casa.
- Irritabilidade, principalmente com o parceiro e também com qualquer criança e, às vezes, com o bebê.
- Fadiga tão extrema que a mãe deprimida acredita que possa haver algum problema físico, como anemia.
- Insônia, mesmo depois de cair na cama agradecida e exausta, quer o bebê precise ou não se alimentar.
- Perda de apetite, ingestão de pouco alimento e esgotamento. Com menor frequência, a paciente come demais e depois se sente culpada.
- Perda da alegria de viver e do prazer na companhia do bebê e do parceiro, o que pode destruir o relacionamento.
- Não enfrentamento – a mulher tem pouco tempo, não consegue fazer nada direito e se sente incapaz de fazer algo a respeito.
- Demora em criar vínculo com o bebê.
Quais são as causas da depressão pós-parto?
Não há uma causa única conhecida de depressão pós-parto, mas os “fatores
de risco” são:
- episódio prévio de depressão, sobretudo DPP;
- ausência de apoio do parceiro;
- bebê prematuro ou doente;
- perda da própria mãe na infância;
- acúmulo de infortúnios – luto, problemas habitacionais e financeiros etc.
Parece provável haver influência das alterações hormonais, mas não foi comprovada. A queda dos níveis de estrogênio, progesterona ou outros hormônios não é maior do que nas mulheres que não têm DPP, mas pode haver maior vulnerabilidade a mudanças.
Quais são as opções de tratamento da depressão pós-parto?
O primeiro passo é a identificação. É bom ouvir “você tem depressão pós-parto”. Agora, pelo menos, você sabe qual é o prolema e pode ser tranquilizada ao saber não é nada mais grave.
É importante que, com o consentimento da paciente, o parceiro seja colocado a par da situação. Ele pode estar confuso e aflito, até mesmo ressentido, com a mudança da esposa depois do nascimento do bebê; ele também deve ficar grato ao saber do diagnóstico e como proceder para ajudar.
A paciência, o afeto, a disposição de ouvir, a atitude positiva e a ajuda prática com as tarefas domésticas e com o bebê são muito úteis. A família – mãe, sogra e irmãs em especial – e os amigos e vizinhos devem participar, quando possível.
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Além disso, pode-se recorrer ao apoio profissional do agente de saúde, do clínico geral, e serviços psiquiátricos se forem solicitados.
Desabafar com um ouvinte solidário, compreensivo e imparcial – amigo, voluntário ou profissional – proporciona grande alívio e libertação. A terapia de grupo, conduzida por profissionais treinados, é útil.
Os antidepressivos e antipsicóticos têm lugar importante, embora muitas pacientes relutem em experimentá-los e precisem de garantias de que não ficarão dependentes e não se sentirão mais doentes, embora recebam orientação para parar de amamentar. Muitas preferem os hormônios aos antidepressivos, porque lhes parecem mais “naturais”. No entanto, há dúvidas se a progesterona é mais eficaz do que um placebo, e o estrogênio pode aumentar o risco de trombose.
Atenção: Para ter o diagnóstico correto dos seus sintomas e fazer um tratamento eficaz e seguro, procure orientações de um médico ou psicólogo.