Um estilo de vida saudável pode trazer grandes benefícios para os ouvidos. Saiba mais sobre a relação entre alimentação e audição!
Redação | 11 de Março de 2022 às 14:00
Da mesma forma que um estilo de vida saudável pode trazer grandes benefícios para os olhos, será muito bom para os ouvidos. Pesquisas mostram que, mesmo entre pessoas que já apresentam perda auditiva, o limiar de audição (volume mínimo no qual um som é perceptível) pode melhorar e o zumbido ou tinnitus diminuir.
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Assim, para cuidar de seus ouvidos, basta seguir uma dieta sem açúcar refinado e com alimentos integrais, hortaliças, frutas, nozes e sementes. Saiba mais sobre a relação entre alimentação e audição a seguir.
Pesquisas mostraram que o povo Mabaan, do Sudão, parece não sofrer de perda auditiva relacionada ao envelhecimento. É possível que o motivo seja o fato de eles terem uma vida tranquila em comparação à das pessoas no Ocidente. Mas o Dr. Samuel Rosen – cirurgião nova-iorquino especialista em ouvido que originalmente estudou os Mabaans em 1962 – salientou que eles praticamente não comem carne nem outros alimentos ricos em gordura saturada.
Além de uma audição aguçada, apresentam pressão arterial e níveis de colesterol baixos mesmo na faixa dos 70 anos. Para testar a hipótese de que esse era outro fator que contribuía para os Mabaans manterem a audição aguçada mesmo em idade avançada, o Dr. Rosen estudou pacientes do sexo masculino em duas instituições residenciais de longa permanência na Finlândia. Nesse país, o consumo de queijo, manteiga e carne gordurosa está entre os mais altos do mundo – assim como a incidência de doença cardíaca.
Para os pacientes do sexo masculino de um dos hospitais, ele prescreveu uma dieta com baixo teor de gordura por cinco anos. Já no outro, a dieta não sofreu alterações. Conforme o esperado, aqueles que seguiram a dieta com baixo teor de gordura apresentaram uma redução dos níveis de colesterol e de doença cardíaca.
Além disso, a audição melhorou em comparação à dos outros que continuaram a consumir os alimentos de sempre, ricos em gordura. De fato, homens de 50 a 59 anos que seguiram a dieta com baixo teor de gordura apresentaram níveis de audição melhores do que homens uma década mais jovens na outra instituição.
Parece, portanto, que a perda auditiva relacionada ao envelhecimento poderia se dar por causa da obstrução e do endurecimento das minúsculas artérias nos ouvidos. De fato, alguns cientistas agora acreditam que a aterosclerose – processo pelo qual depósitos de colesterol se fixam nas artérias ao longo do corpo – possa ser uma causa da perda auditiva tão importante quanto a da doença cardíaca e de outras também conhecidas como “doenças da civilização”.
Pesquisadores estão acumulando evidências para sugerir que vitaminas e minerais antioxidantes também podem contribuir para proteger a audição. Essa teoria é compatível com os estudos que relacionaram a exposição a ruído com a formação de perigosos compostos de radicais livres no ouvido. De fato, os antioxidantes eliminam os radicais livres.
Vitaminas e minerais são vitais para todas as funções orgânicas. Na maioria dos casos, uma dieta saudável e bem balanceada protegerá de qualquer deficiência vitamínica e mineral. Mas há ocasiões em que os suplementos têm papel importante na manutenção da saúde.
A indústria de alimentos saudáveis alega que os suplementos vitamínicos e minerais podem melhorar as funções orgânicas, incluindo a visão e a audição. No entanto, embora essa alegação possa ser válida, ainda não foi comprovada por pesquisas científicas rigorosas. Assim, experimente aumentar a ingestão de alimentos ricos em vitaminas e minerais adequados antes de consumir suplementos.
Salmão, arenque, sardinha, gema de ovo e óleo de fígado de bacalhau são fontes de vitamina D. Essa vitamina também é produzida na pele quando nos expomos ao sol. A importância da vitamina D para a audição é indireta.
Precisa-se dela para capacitar o organismo a absorver cálcio, e como ocorre com os outros ossos do corpo, os ossículos na orelha interna precisam de cálcio para se manter fortes. Se você não obtiver vitamina D suficiente dos alimentos ou dos raios de sol (precisamos de 10 a 20 minutos por dia), os suplementos podem ser úteis.
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Uma das vitaminas do complexo B, o folato é encontrado em hortaliças de folhas verdes, grão-de-bico e lentilha. Níveis baixos de folato foram relacionados a perda auditiva.
Um estudo holandês, publicado nos Annals of Internal Medicine em janeiro de 2007, descobriu que a suplementação com ácido fólico por três anos reduziu a perda auditiva em um grupo de idosos. Mas os Países Baixos – ao contrário, por exemplo, dos Estados Unidos – não têm um programa de enriquecimento de alimentos com ácido fólico.
Assim, a princípio, os níveis de base na população holandesa eram baixos. Já que muitas pessoas apresentam deficiência de folato, aumentar a sua ingestão dietética talvez seja uma precaução sensata.
Este mineral é encontrado em alimentos ricos em proteína, como ostras, carne bovina, de porco e de cordeiro, amendoim e feijões (leguminosas). Algumas pesquisas (não muitas) relacionam baixos níveis de zinco a perda auditiva e zumbido.
Em alguns estudos, a suplementação de zinco foi revelada como forma de melhorar os sintomas. Até haver evidências concretas, porém, vale mais a pena comer alimentos ricos em zinco do que ingerir suplementos.
São boas fontes desse mineral: abacates, nozes, castanhas, amêndoas, avelãs e hortaliças de folhas verdes como o espinafre. O magnésio é um importante componente das células ciliadas da orelha interna. Diversos estudos demonstram que o magnésio contribui para proteger da perda auditiva induzida por ruído tanto em animais como em humanos.
Em um estudo, adolescentes tomaram um suplemento de magnésio antes de um show de rock. Embora o suplemento não tenha bloqueado totalmente os efeitos nocivos do ruído, mais tarde houve menos alteração nos limiares de audição.
Um experimento na Universidade de Buffalo, nos EUA, demonstrou que porquinhos-da-índia criados à base de uma dieta enriquecida com vitamina C ganharam proteção significativa contra os efeitos do ruído.
É preciso realizar mais pesquisas em seres humanos, porém os responsáveis pelo estudo perguntam: “Não seria maravilhoso se houvesse uma pílula para se tomar antes de ir a uma danceteria? Ou que os soldados pudessem tomar antes de entrarem no campo de batalha?”
Mas embora seja possível prever a exposição a níveis elevados de ruído no local de trabalho ou em um show de rock, boa parte da experiência com barulho é repentina e imprevisível. Os pesquisadores sugerem que, por precaução, talvez devêssemos ingerir suplementos diários de vitamina C.
Mais excitante é a ideia de que os antioxidantes podem ser usados para tratar uma forte perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Ao estudarem a PAIR, cientistas descobriram que, assim como a liberação dos radicais livres se dá logo em seguida ao ruído, há um segundo pico dias depois.
Pesquisadores da Universidade de Michigan demonstraram que os antioxidantes (no caso, aspirina e vitamina E) ministrados até três dias após a exposição a ruído reduziram de modo significativo a perda auditiva em porquinhos-da-índia.
Acreditava-se não ser possível tratar os danos auditivos em decorrência da exposição a ruídos muito altos. Mas os cientistas estão sugerindo a possibilidade de uma “janela de oportunidade” na qual ao menos algum dano ocorrido pela exposição a ruído possa ser evitado. É preciso, porém, realizar mais pesquisas em seres humanos.
A mesma equipe descobriu que, além do magnésio, a combinação de altas doses de vitaminas A, C e E é também benéfica para o tratamento da PAIR. O trio vitamínico, se ingerido uma hora antes da exposição ao ruído e nos cinco dias seguintes, preveniu a perda auditiva permanente induzida por ruído em animais expostos a sons tão altos quanto um avião prestes a decolar.
Esses pesquisadores planejam realizar testes clínicos com um comprimido, ou lanche em barra, capaz de proteger a audição. A ideia seria ingeri-lo antes do expediente, quando se trabalha em ambientes barulhentos, ou antes de se assistir a uma corrida de automobilismo ou a um show ao vivo com bandas, ou até antes de se ligar um iPod.
Esses micronutrientes talvez possam agir como um tratamento “da manhã seguinte” para minimizar danos auditivos em soldados, músicos, pilotos, operários da construção civil e outros que se submetam à exposição a ruídos em níveis potencialmente perigosos.
Pouco se sabe sobre os efeitos do ácido alfalipoico no ser humano. Mas experimentos em animais sugerem que esse poderoso suplemento antioxidante, quando combinado à vitamina E, protege o nervo auditivo e pode ajudar a prevenir os danos provocados por radicais livres. Boas fontes de ácido alfalipoico são espinafre, brócolis, carne vermelha, levedura (em particular de cerveja) e vísceras como rins e coração.
Outro antioxidante que protege o nervo auditivo de danos dos radicais livres é a glutationa. Além disso, ela é importante para a função cerebral. Como os níveis do antioxidante no organismo declinam com a idade, suplementos de glutationa podem beneficiar a audição reduzindo os danos causados pelo envelhecimento aos centros auditivos cerebrais. Estudos com animais na Universidade de Michigan, nos EUA, e na Universidade de Tóquio, no Japão, sugerem que a glutationa pode limitar os danos ligados à perda auditiva induzida por ruído.
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Trata-se de uma erva da família das liliáceas, parente do aspargo. Os herboristas costumam usá-la para aliviar a inflamação e a fragilidade capilar que prejudicam a circulação, distúrbio conhecido como insuficiência venosa. Já se alardeou que a gilbarbeira contribui para aliviar os sintomas de infecções de ouvido, mas há pouca pesquisa a respeito.
O ginkgo biloba – extrato da samambaia – é um fitoterápico renomado por estimular a circulação sanguínea, além de ser usado para tratar o zumbido. Pacientes que têm zumbido e perda auditiva ao mesmo tempo costumam relatar que o ginkgo biloba também melhora a audição. Mas, embora experimentos em animais desde 1975 indicassem a capacidade desse fitoterápico de evitar que danos induzidos por ruído atingissem o nervo auditivo, um artigo publicado em 2004 demonstrou não haver evidências quanto aos benefícios relatados em seres humanos.
Essa combinação é usada para tratar a vertigem e os distúrbios do equilíbrio resultantes de alguma doença de ouvido. Estudos clínicos na Alemanha sugerem que esse remédio homeopático reduz a frequência, a duração e a intensidade das crises de vertigem com a mesma eficiência do tratamento padrão à base de beta-histina. No entanto, alguns especialistas questionam a eficácia da beta-histina.