Os energéticos são muito consumidos no Brasil. Mas se não houver moderação no consumo, pode haver uma série de efeitos negativos sobre a saúde
Julia Monsores | 5 de Abril de 2021 às 16:30
Como o nome já indica, os energéticos são bebidas industrializadas que promovem uma maior disposição alguns minutos após serem ingeridos. Ricos em substâncias estimulantes, como a cafeína e a taurina, podem ser aliados do bom desempenho de quem os toma. No entanto, esse bom desempenho não vem sem também uma boa carga de perigos para à saúde. Principalmente quando há um excesso de consumo ou a perigosa mistura com bebidas alcoólicas.
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Tanto a cafeína quanto a taurina são substâncias psicoativas. Ou seja, estimulam o sistema nervoso central. Por isso, após a ingestão, há um pico dessas substâncias na circulação sanguínea, deixando o indivíduo mais alerta, concentrado e disposto.
No entanto, quando a bebida é consumida em excesso, pode haver alguns efeitos incômodos no corpo.
“Insônia, taquicardia, dores no estômago e tremores, influenciados pelo estado de agitação, são alguns dos efeitos mais relatados por parte de quem consome energéticos em excesso”, explica a coordenadora de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Dra. Silvia Ramos.
Atualmente, as latas de energéticos trazem em seu rótulo a informação de que “crianças, gestantes, nutrizes, idosos e portadores de enfermidades” devem “consultar o médico antes de consumir o produto”. Mas ainda há muitas dúvidas sobre seu consumo. Por isso, continue acompanhando a matéria e confira mais informações sobre esses produtos.
Seja para dançar a noite toda em uma boate, ou para dar conta da carga de trabalho ou estudo durante o dia, os energéticos são bebidas estimulantes muito consumidas no Brasil. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas, o volume de produção do mercado brasileiro de energéticos dos anos de 2010 a 2019 cresceu consideravelmente, motivado pelo maior interesse da população por parte dessas bebidas.
Mas como já comentamos, se não houver moderação no consumo, pode haver uma série de efeitos negativos sobre a saúde.
“Os energéticos são normalmente mais ácidos, e por isso, se consumidos em excesso, podem desencadear algum tipo de gastrite. Então, dores nos estômago são mais comuns para quem costuma ingerir com frequência”, explica a Dra. Silvia Ramos.
Além disso, a médica acrescenta que o gás presente nas bebidas energéticas também pode gerar desconfortos intestinais.
E aqui cabe um alerta também para a saúde bucal. Publicado na Academia Geral de Odontologia, nos Estados Unidos, um estudo apontou que os níveis elevados de acidez nos energéticos podem corroer o esmalte dos dentes, deixando-os mais suscetíveis às cáries e sensibilidade. Esse estudo segue a linha de outros já publicados também aqui no Brasil, que associam os energéticos à piora da saúde bucal.
Em festas e baladas é comum encontrar jovens e adolescente ingerindo bebidas à base de vodka ou gin e energéticos. A combinação, que garante mais energia para aguentar as horas na pista de dança, é contraindicada pelas entidades médicas. E isso porque pode haver um aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, sobretudo em pessoas que já possuam problemas cardíacos. E assim, em casos mais graves, pode provocar Infarto Agudo do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral.
“Essa associação pode aumentar os efeitos excitatórios da bebida e reduzir os depressores no sistema nervoso, e também precipitar ou predispor arritmias cardíacas”, explica o cardiologista Stephan Lachtermacher, do Instituto Nacional de Cardiologia (INC).
E a Dra. Silvia Ramos completa: “É preciso ter muito cuidado com a associação de álcool com o energético. Os adolescentes costumam fazer essa mistura, o que potencializa o efeito do álcool”, explica.
Além disso, tanto a cafeína presente nos energéticos quanto o álcool são diuréticos. E assim, aumentam o fluxo urinário e, com isso, podem levar mais facilmente à desidratação.
Outro ponto que merece atenção é em relação ao consumo por parte de pessoas diabéticas. Por ser uma bebida que, geralmente, é rica em açúcar, pessoas com diabetes devem ficar atentas à ingestão. E isso porque, se houver excessos, pode haver um aumento da carga glicêmica.
“Diabéticos devem sempre verificar a quantidade de açúcar ou carboidratos que tem na bebida para incluí-la dentro do seu programa alimentar”, explica a Dra. Silvia Ramos.
Se você está buscando opções mais saudáveis e seguras de bebidas estimulantes para aguentar os afazeres diários, os chás podem ser boas alternativas.
“O chá verde, o branco, o preto e o mate têm uma quantidade boa de cafeína que não será nociva à sua saúde. Além disso, o próprio café também pode ser usado como estimulante. Lembrando que o ideal é ingerir de 3 a 4 xícaras ao dia, para não exceder a dose de cafeína diária recomendada”, explica.
Além disso, a médica ressalta que é importante lembrar que “a nutrição e o bem-estar físico estão relacionados não só com o que se come isoladamente, mas com a nutrição geral do indivíduo. Assim como nosso estado de saúde física e mental. E isso é muito importante para que tenhamos o efeito desejado”, completa.