Descoberta em 1909, a Doença de Chagas ainda faz vítimas no Brasil. Conheça os sintomas, tratamentos e saiba como se prevenir desta doença.
Juliana Goes | 1 de Agosto de 2019 às 09:00
Descoberta em 1909 pelo médico e cientista brasileiro Carlos Chagas, a Doença de Chagas ainda causa mortes e atinge milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde.
Mesmo controlada nos últimos anos, em 2019 a doença já vitimou pelo menos 407 pessoas em Minas Gerais. Já na Grande São Paulo, nos últimos cinco anos, mais de 30% dos insetos transmissores estavam infectados.
Por muito tempo, a possibilidade de receber uma picada do barbeiro, inseto responsável pela transmissão da Doença de Chagas, preocupou a população. Mas desde 2006 o Brasil garantiu a interrupção da transmissão vetorial.
No entanto, o aumento de casos nos últimos anos mostra que ainda é possível contrair a doença. Então como se prevenir e saber se está com Chagas ou não?
Atualmente, existem duas principais formas de transmissão da Doença de Chagas, são elas: vetorial e oral.
O indivíduo tem contato com as fezes de insetos infectados (popularmente conhecidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo). Neste caso, o barbeiro infectado pica a pele de uma pessoa e deposita suas fezes na região. Ao coçar o local, as fezes contaminadas caem na corrente sanguínea, e, assim, ocorre a transmissão da doença.
Atualmente, a principal forma de transmissão da doença (72% dos casos) é por via oral. Neste caso, a contaminação alimentar acontece principalmente pela ingestão caldo de cana, açaí e outros alimentos que são consumidos in natura, ou seja, sem ser processado.
Por este meio de transmissão, os primeiros sintomas podem surgir entre 3 e 22 dias.
As outras três principais formas de transmissão da doença podem ocorrer de forma vertical, ou seja, durante a gravidez ou o parto; por transfusão ou transplantes de doadores infectados a receptores sadios; ou de forma acidental, por meio do contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado.
Os primeiros sintomas da doença surgem entre 4 e 6 dias após o contato do barbeiro com a sua vítima. O principal sintoma e, às vezes, único é a febre, que neste caso dura mais de 7 dias.
Outro sintoma comum é o inchaço. O olho pode inchar, quando a infecção se dá no olho ou próximo a ele.
Segundo o Ministério da Saúde, no resto do corpo (geralmente nos braços, pernas ou rosto), a lesão inicial pode parecer um furúnculo ou mancha avermelhada, normalmente dolorosa. Essas lesões iniciais quase sempre são acompanhadas de "ínguas" - aumento dos gânglios linfáticos, nas regiões próximas do local de contaminação.
Em outros casos, a pessoa doente pode apresentar dor de cabeça e fraqueza intensa.
Segundo o Ministério da Saúde, na fase crônica, a maioria dos casos não apresenta sintomas, porém algumas pessoas podem ter problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca, e digestivos, como megaesôfago.
Segundo os órgãos de saúde, a Doença de Chagas tem cura e quanto antes for realizado o tratamento melhor. O diagnóstico é feito por meio de um exame de sangue.
O tratamento deve ser indicado por um médico, após a confirmação da doença. O remédio, chamado benznidazol, é fornecido pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, mediante solicitação das Secretarias Estaduais de Saúde e deve ser utilizado em pessoas que tenham a doença aguda assim que identificada.
Para as pessoas na fase crônica, a indicação desse medicamento depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso.
Em casos de intolerância ou sem resposta para o tratamento com o medicamento, o Ministério da Saúde disponibiliza o nifurtimox como alternativa.
A prevenção da doença de Chagas está ligada à forma de transmissão. A principal forma é evitar que o inseto "barbeiro" forme colônias dentro das residências.
Desta forma, é preciso usar inseticidas residuais, que devem ser aplicados por uma equipe técnica habilitada.
Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas metálicas.
Em áreas de matas, é recomendado o uso de repelentes e roupas de mangas longas, principalmente durante a realização de atividades noturnas.
Ao encontrar um "barbeiro", não se deve esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto.
O indicado é proteger a mão, com luva ou saco plástico, e acondicionar o inseto em recipientes plásticos, com tampa de rosca para evitar a fuga e mantê-lo, preferencialmente, vivo. Uma equipe especializada deve ser chamada para retirar o inseto.
Ao consumir alimentos in natura, como caldo de cana e açaí, o indicado é procurar lugares com boa condição de higiene e que sejam fiscalizados pela vigilância sanitária.
Um das principais formas de contrair a Doença de Chagas atualmente é por meio da ingestão de alimentos infectados.
Por isso, ao viajar, principalmente para países das Américas, é preciso ter cuidado com os alimentos que irá comer.
Ainda não há vacina para a Doença de Chagas. Por isso, ao viajar ou residir em regiões com maior número de casos, é preciso ter atenção. Estados como Minas Gerais e o Pará são os mais afetados. Além disso, a região Norte concentra 95% dos casos do país.