A diverticulite é causada pela inflamação ou infecção dos divertículos presentes na parede do cólon. Saiba mais sobre as causas e os sintomas!
Douglas Ferreira | 5 de Julho de 2021 às 17:00
No último domingo (4), o papa Francisco passou por uma cirurgia para tratar de uma inflamação crônica no intestino chamada de diverticulite. A diverticulite é uma condição que afeta o sistema digestivo e pode causar dor intensa na parte inferior do abdômen. Em casos menos graves, geralmente é tratável com antibióticos ou pequenas mudanças na dieta, mas requer atenção médica de um profissional. Dor abdominal intensa, febre e náusea são alguns dos sintomas associados.
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À medida que envelhecemos, o nosso intestino envelhece também e como parte do processo de envelhecimento é comum o surgimento de pequenas saliências no cólon chamadas de divertículos. No entanto, nem todo mundo desenvolve essas bolsas, mas elas são bastante comuns, especialmente depois dos 40 anos. Os divertículos, que incham e se projetam da parede do intestino, geralmente são indolores e raramente causam problemas. Mas, se eles inflamarem ou infeccionarem, podem causar o que os médicos chamam de doença diverticular ou diverticulite.
Antes de ir ao médico, aprenda mais sobre as causas e os sintomas da diverticulite que podem ajudá-lo a identificar se você tem a condição.
Os divertículos, que estão na raiz de ambas as condições, são estruturas semelhantes a bolsas do tamanho de uma ervilha que se formam na parede do intestino grosso. Eles são inofensivos e 90% das pessoas afetadas não sabem que têm doença diverticular.
A presença de divertículos no intestino grosso é chamada de diverticulose. A causa exata não é conhecida, mas parece estar relacionada a uma dieta pobre em fibras e rica em proteínas.
No entanto, como explicado anteriormente, o simples fato de ter divertículos não significa que a pessoa terá algum problema. Caso os divertículos fiquem inflamados ou infectados, temos o quadro chamado de diverticulite.
A diverticulite é causada pela inflamação ou infecção dos divertículos presentes na parede do cólon. A inflamação e/ou infecção podem acontecer devido à perda da elasticidade da musculatura intestinal, comum no envelhecimento, que favorece o acúmulo de pedaços de fezes no local .
Além disso, uma dieta com baixo teor de fibras, anos de constipação intestinal e esforço para defecar podem custar caro às paredes do trato intestinal sem que você saiba e contribuir para quadros de diverticulite. Fezes duras e o constante aumento da pressão no interior do intestino podem causar os divertículos. Se essas bolsas infeccionarem ou inflamarem, você pode sentir dor ou apresentar sangramentos ou perfurações na parede intestinal.
Em alguns casos a diverticulite é assintomática. No entanto, um dos sintomas mais característicos da diverticulite são as dores abdominais que, em geral, acomete a parte inferior lateral esquerda da barriga. Outros sintomas que algumas pessoas podem apresentar são:
Se você tiver dor intensa ou hemorragia, procure imediatamente o médico.
Dietas ricas em gordura e pobres em fibras podem tornar as pessoas mais suscetíveis a quadros de diverticulite. Por isso, aumentar a quantidade de fibras em sua dieta pode ajudar a prevenir a diverticulite. Segundo alguns estudos, frutas, verduras e grãos integrais, junto com um tipo de fibra insolúvel chamado celulose, parecem proteger as paredes intestinais de lesões que causam problemas. Veja abaixo alguns hábitos que são aliados poderosos na prevenção da diverticulite.
Acrescentar cerca de 30 g de fibras à dieta diária pode cortar em 47% o risco de desenvolver diverticulite, afirmam os pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard, que acompanharam a saúde e a dieta de quase 44 mil homens durante quatro anos. E, se você já passou por um episódio doloroso, aumentar a quantidade de fibras nas refeições pode prevenir uma nova crise. Em um estudo britânico com pessoas que foram hospitalizadas uma vez por causa de doença diverticular, 90% das que adotaram uma dieta rica em fibras se livraram dos sintomas e permaneciam sem problemas quando os pesquisadores voltaram a analisá-las sete anos mais tarde.
Desde que se beba muito líquido com as fibras ingeridas, elas protegem as paredes do intestino, tornando as fezes macias. Ou seja, facilita a passagem e reduz a tensão nas paredes. Pesquisadores suspeitam que o consumo de fibras também proporcione um ambiente mais saudável aos intestinos, abrigando bactérias benéficas e mantendo a camada do muco protetor que reveste as paredes internas. Esse cenário parece impedir o sistema imunológico de reagir de forma exagerada e causar inflamação nos divertículos.
Se você está planejando aumentar o consumo de fibras, vá devagar. Adicione alguns alimentos com alto teor de fibras à sua dieta a cada semana, ao longo de um mês ou dois. De modo que o organismo se acostume gradativamente às mudanças. E beba diversos copos grandes de água por dia para evitar desconforto. Veja aqui 21 maneiras de incluir mais fibras na alimentação!
E se você não conseguir consumir 30 g de fibras diários fornecidos pelos alimentos? Especialistas afirmam que não há problema em usar um suplemento de fibras para completar a diferença. No entanto, evite os suplementos durante os episódios de diverticulite, pois eles podem causar desconforto.
Segundo um estudo realizado com 48 mil homens, comer batatas fritas, biscoitos ou um pequeno pacote de batatas chips cinco a seis vezes por semana elevou em 69% o risco de doença diverticular. Em contrapartida, as pessoas que faziam lanches regulares à base de pêssegos, damascos, maçãs ou laranjas reduziram o risco em até 80%. Evite frutas que possam causar diarreia.
Pesquisadores gregos descobriram que uma dieta rica em carne vermelha eleva as chances de diverticulite 50 vezes mais do que uma dieta vegetariana. Segundo o estudo de Harvard mencionado antes, comer até mesmo uma porção média (de 120 g a 180 g) de carne bovina, de porco ou de cordeiro, cinco ou seis noites por semana, triplicou o risco de contrair a doença diverticular. Consumir um cachorro-quente por semana elevou as chances em 86%. Além disso, uma porção de carne processada (como carne enlatada ou presunto) cinco ou seis vezes por semana quase dobrou o risco. Os que se alimentavam de peixe e de frango raramente aumentavam o risco.
Alguns especialistas especulam que a carne vermelha estimule as bactérias no cólon a produzir substâncias que enfraquecem a parede intestinal, facilitando a formação de bolsas.
Não se preocupe com o café ou o chá. Uma pesquisa recente sugere que essas bebidas têm pouco efeito sobre a diverticulite.
De acordo com um estudo, talvez por estimular as fezes a se movimentar com mais rapidez no trato intestinal, a atividade física reduziu o risco de doença diverticular em até 48%. De fato, as pessoas que praticavam corrida foram as mais beneficiadas. No entanto, os especialistas afirmam que qualquer tipo de exercício é útil. Principalmente se você for adepto de uma dieta com alto teor de fibras.
Fazer esforço para defecar aumenta a pressão nas paredes do cólon, propiciando a formação de bolsas. Se você tiver tendência à prisão de ventre, espere pela oportunidade de defecar após uma refeição. Durante os cerca de 30 minutos após a ingestão de comida, o sistema gastrointestinal abre espaço para um novo alimento, deslocando e eliminando todo o resto. Em geral, essa onda de atividade muscular, conhecida como reflexo gastrocólico, resulta em defecação. Então, favoreça-o passando um tempinho no banheiro cerca de meia hora após a refeição.
Pergunte ao seu médico se a constipação intestinal é um efeito colateral comum de medicamentos que você esteja tomando. A lista de suspeitos inclui antiácidos, que contêm alumínio ou cálcio; antidepressivos; anti-histamínicos; bloqueadores dos canais de cálcio, diuréticos; suplementos à base de ferro; analgésicos opioides e pseudoefedrina (encontrada em muitos medicamentos contra resfriado). Talvez você tenha de substituir algum desses remédios.
O consumo significativo de ácidos graxos ômega-3, provenientes do peixe, do óleo e da semente de linhaça (que também atua como laxante), das nozes ou cápsulas de óleo de peixe, reduz os níveis de inflamação no cólon. Ou seja, uma grande vantagem, porque a inflamação deflagra manifestações graves de diverticulite. Portanto, segundo gastroenterologistas da Universidade de Maryland, ingerir 1 g de óleo de peixe uma ou duas vezes por semana pode ajudar. Mas verifique com o seu médico antes de começar a tomar suplementos à base de óleo de peixe.
A doença diverticular pode dizimar as bactérias benéficas no intestino. Essas bactérias “do bem” estão disponíveis em suplementos conhecidos como probióticos. São importantes porque aceleram o movimento das alças intestinais e protegem o revestimento das paredes intestinais; e, até mesmo, reduzem a inflamação. Estudos italianos e alemães estão começando a sugerir que fortalecer essas superfícies intestinais pode cortar o risco de novas crises de diverticulite. Procure por Lactobacillus acidophilus, L. plantarum, Saccharomyces boulardii e bifidobactérias. Muitos probióticos incluem uma combinação deles. Se você já teve uma crise de diverticulite, suplementos probióticos sozinhos não devem ser suficientes para evitar uma repetição. Consulte o seu médico e siga a sua recomendação sobre os medicamentos e o estilo de vida que você pode adotar.
Tradicionalmente, a doença diverticular é um problema para pessoas com idade acima dos 50 anos; causado por décadas de consumo de alimentos com baixo teor de fibras e de constipação intestinal. Esse cenário está mudando. Devido à epidemia de obesidade, os médicos estão começando a notar que os jovens na faixa dos 20 anos apresentam bolsas salientes, de paredes finas, ao longo do intestino. Mais um motivo para manter o peso sob controle.
No passado, os médicos recomendavam às pessoas com doença diverticular que evitassem nozes, sementes e pipoca. Havia o receio de que pudessem ficar presas nas bolsas intestinais. No entanto, após acompanharem mais de 47 mil homens durante 18 anos, pesquisadores descobriram que aqueles que comiam esses alimentos ricos em fibras não corriam risco extra de problemas. Os que consumiam pipoca duas vezes por semana apresentaram uma redução de 28% nas crises; se comparados aos que comiam apenas uma vez por mês; provavelmente porque a pipoca é uma boa fonte de fibras.