Descubra como ser feliz e ter uma vida mais leve

Veja como a sua vida e saúde pode afetar a sua felicidade e confira algumas dicas de especialistas para ser mais feliz.

Redação | 28 de Abril de 2022 às 15:00

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Quanto mais vivemos, mais provável é que sejamos felizes. Pesquisas já mostraram que, no decorrer da vida, a felicidade forma uma curva em U: somos mais felizes na infância e na velhice. No início da idade adulta, o nível de felicidade reduz e chega ao mínimo entre 40 e 50 anos. Aos 50, o nível de felicidade volta a subir.

A queda na curva da felicidade é compreensível, dados o estresse e as mudanças importantes que ocorrem na vida aos 20, 30 e 40 anos; trabalhar, estabelecer-se na carreira, casar-se, criar filhos, guardar dinheiro para o futuro.

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E a melhora da curva da felicidade? Após viver 45 ou 50 anos, a experiência acumulada nos ajuda a ver melhor a situação.

“Depois de seis décadas, a maioria já viu que a vida tem pontos altos e baixos”, diz Lisa F. Carver, professora adjunta do Departamento de Sociologia da Universidade Queen’s, em Kingston, Ontário, Canadá. “O otimismo da juventude, que pode refletir o pensamento mágico de que o sucesso na vida é inevitável, é substituído pela realidade de que nem tudo é bom. No entanto, há também a compreensão de que o bem pode vir do mal.”

Aprender a ver com bons olhos os eventos da vida nos ajuda a ser mais felizes quando envelhecemos. E vale a pena ser feliz: temos benefícios nos relacionamentos, no trabalho, na saúde, na atitude e em outros aspectos da vida.

Felicidade e relacionamentos

Você tem amigos ou parentes em quem possa confiar? Se tiver, automaticamente é mais feliz do que quem não tem a quem recorrer em busca de conselhos ou companhia.

“A satisfação nos relacionamentos é o previsor mais forte de felicidade que temos”, diz Meik Wiking, presidente-executivo do Instituto de Pesquisa da Felicidade, em Copenhague, Dinamarca. “Ela surge o tempo todo nos dados sobre felicidade. A solidão é um dos maiores desafios”, em toda parte.

A pesquisa mostra que pessoas casadas ou que vivem com parceiros tendem a ser mais felizes do que as solteiras simplesmente porque têm menos probabilidade de sentir solidão.

“Quem tem alguém com quem contar em situações difíceis é mais feliz do que quem não tem”, diz John Helliwell, pesquisador e assessor do Instituto de Pesquisa da Felicidade no Canadá. “É mais provável que os casados, diferentemente dos solteiros, tenham com quem contar.”

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A pesquisa de Helliwell constatou que o casamento aumenta a felicidade a longo prazo, de tal modo que sua queda na meia-idade não é tão acentuada entre os casados. Os mais felizes de todos são os que consideram o cônjuge seu melhor amigo. A pesquisa de Helliwell é a primeira a examinar a interseção entre casamento, amizade e felicidade. “Chamar o cônjuge de melhor amigo é outra maneira de dizer ‘Tenho um casamento feliz’”, diz Helliwell. “Se pensarmos bem, eles são felizes por estarem casados.”

Carol Gee, de Atlanta, Geórgia, nos Estados Unidos, está casada há 44 anos com o mesmo homem. “Percebo que sou realmente feliz. Não estou mantendo o relacionamento só porque investimos muito tempo nele”, diz ela. “Não acredito em não ser feliz.”

Felicidade e trabalho

Os pesquisadores estudaram características dos empregos que levam à felicidade e à maior satisfação na vida. A maioria prefere, acima de tudo, um bom equilíbrio entre vida e trabalho.

“A variedade e o aprendizado de coisas novas são importantes, mas menos do que o equilíbrio entre vida e trabalho”, diz Jan-Emmanuel De Neve, professor associado de Economia e Estratégia da Escola de Administração Saïd da Universidade de Oxford. “Quem sente que o emprego o impede de dedicar seu tempo à família ou ao parceiro, quem se preocupa com problemas profissionais mesmo quando não está trabalhando, ou quem fica cansado demais depois do trabalho para apreciar outras coisas, sofre um efeito imenso sobre seu bem-estar.”

Como era de esperar, a aposentadoria aumenta a felicidade da maioria dos adultos. “Isso se deve a duas coisas”, diz De Neve. “Uma está ligada a poder fazer mais, porque o equilíbrio vida-trabalho pende mais para o lado da vida. Há mais tempo para o lazer. A outra coisa é que as pessoas passam a adaptar suas expectativas, que talvez fossem altas demais quando começaram a trabalhar. Elas aceitam o resultado da vida.”

Felicidade e saúde

Viva o suficiente e provavelmente você enfrentará doenças ou incapacidade. Mas, com a atitude certa, esses reveses não afetarão seu nível de felicidade. “Com os participantes de nosso estudo, aprendemos que envelhecer com perdas e doenças são desafios que trazem novas ideias e apreciação da vida”, diz Lisa Carver.

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Pesquisadores da Itália descobriram que as pessoas com percepção positiva do envelhecimento são mais felizes. “A percepção positiva do envelhecimento nem sempre está ligada à boa saúde”, diz Ligia Dominguez, especialista em geriatria da Universidade de Palermo e um dos autores do estudo. “Em clínica, vemos exemplos tocantes dessa capacidade de resiliência em muitos idosos que, de forma independente ou com o apoio social ou da família, mantêm uma boa qualidade de vida e declaram se sentir bem, apesar dos problemas de saúde.”

Felicidade e cuidados pessoais

O otimismo e a resiliência podem ajudar você a ser feliz na velhice. “O mecanismo entre otimismo e envelhecimento feliz talvez seja que os otimistas têm capacidade de lidar com os golpes da vida”, diz Carver. “Eles são resilientes. Exprimem satisfação, apesar das perdas e dos planos frustrados, porque adaptaram suas expectativas e aceitaram que eventos negativos podem ter resultado positivo.”

A vida levou Maggie Georgopoulos, de 46 anos, da Escócia, a um caminho sinuoso por vários empregos e continentes. No entanto, ela encontrou felicidade na vida que tem. “Minha felicidade vem de dentro de mim”, diz ela. “Como criei um caminho para a vida que gostaria de ter, fico bem quando algo dá errado, porque posso ver o bem que está por vir.”

Como ser feliz ao longo da vida

Exercite algumas técnicas que irão ajudá-lo a ser mais feliz. (Imagem: Deagreez/istock)

Para quem pretende permanecer feliz até o fim de seus dias, os pesquisadores recomendam o seguinte:

1. Ajuste sua atitude

Talvez você não seja capaz de controlar o que lhe acontece, mas pode controlar sua reação. “É possível desenvolver o hábito de ver o lado positivo das coisas”, diz Ligia Dominguez. “Muita gente se queixa de não ser feliz, mas não faz nada para mudar a situação.”

Aprender a ser mais otimista é um bom primeiro passo. “Comece reconhecendo os pensamentos negativos assim que surgirem e questione-os”, diz ela. “Por exemplo, a situação é tão ruim quanto parece? Haverá outra maneira de abordá-la? O que posso aprender com essa experiência para aplicar no futuro?”

2. Interaja com seu cônjuge de outra maneira

Depois de passar décadas juntos, muitos maridos e mulheres não são tão gentis quanto deveriam. Isso pode causar tensão e infelicidade no casamento, o que afeta o nível de felicidade cotidiana. “Não é justo tratar o cônjuge tão mal quanto você se trata”, diz John Helliwell. “Pergunte-se: esse é o tipo de comportamento que eu teria com um bom amigo? Se você tratar seu cônjuge como se fosse um amigo, isso envolverá menos pressupostos e mais positividade.”

3. Concentre-se no que já tem

Se você está mais fraco ou menos ágil do que há alguns anos, agradeça por ainda estar lúcido. “Esse é um exemplo excelente de pessoa positiva e otimista, que aprecia o que tem em vez de se concentrar no que não tem”, diz Dominguez.

“Ser grato faz parte do cultivo de uma atitude positiva: procurar oportunidades de saborear os pequenos prazeres da vida cotidiana e concentrar-se nos aspectos positivos daquele momento, e não nas sombras do passado nem nos maus pensamentos que podem estragar tudo.”

4. Retribua

Depois de se aposentar, você terá mais propósito na vida se fizer trabalho voluntário em sua comunidade. “É benéfico se envolver mais”, diz Meik Wiking, “principalmente naquele estágio em que o trabalho fica para trás e a identidade da pessoa não se liga mais à profissão.”

Encontre uma causa ou entidade que seja importante para você e descubra como ajudar. “Acho que muita gente vê o trabalho voluntário como bom para os outros, mas desdenha o benefício que podemos obter”, diz Wiking. “Esse é um modo de fazer e conhecer novos amigos. Talvez também ajude as pessoas a se tornarem mais gratas pelo que têm.

POR LISA FIELDS