O uso precoce de anticoagulantes no tratamento da covid-19 pode favorecer pessoas no grupo de risco, após apontamento de novo estudo
Louise Cyrillo | 1 de Outubro de 2020 às 20:00
O uso de anticoagulantes feito de forma precoce pode ser uma forma eficaz de evitar tromboses e auxiliar no tratamento da covid-19, especialmente para pacientes de risco e com quadros graves de falta de oxigenação. Segundo pesquisa recente, o Coronavírus provoca não somente uma doença pulmonar, mas também vascular.
Pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) publicaram o estudo recentemente na revista médica internacional Arteriosclerose, trombose e biologia vascular (ATVB, do nome em inglês) com a comprovação.
O estudo realizado com amostras post mortem de vítimas da covid-19 mostrou lesões no endotélio – camada celular que reveste o vaso sanguíneo para evitar tromboses, tendo a função de barreira para o sangue permanecer dentro do vaso e ação lubrificante e permite que o sangue flua melhor. No pulmão, o endotélio também tem a função de realizar a troca gasosa, ajudando o ar a passar para o sangue.
Quando a Covid afeta o tecido endotelial do pulmão, a passagem de ar fica comprometida, a respiração não é mais possível e o paciente fica em estado agravado.
“Além disso, o vaso não está deixando o sangue fluir direito porque está trombosado. Você não consegue nem fazer a respiração, ou seja, nem passar o teu ar para dentro do vaso, e nem distribuir o ar para todo corpo pelo sangue, porque este não flui”, explicou a professora Lucia de Noronha, uma das responsáveis pela pesquisa.
Portanto, o uso precoce de anticoagulantes – remédios para afinar o sangue e prevenir tromboses – seria um grande aliado no tratamento dos pacientes com risco. Pessoas hipertensas, diabéticas, com obesidade mórbida e lesões no rim são parte do “grupo de risco”, isto é, afetadas mais gravemente pela Covid que outros segmentos da população.
Pode-se oferecer um tratamento mais eficaz e adequado a partir dessas novas informações, além de uma compreensão melhor de quem é mais afetado pelo vírus e o porquê.
Brasileiros publicaram em abril um dos primeiros estudos sobre tratamento da covid-19 com anticoagulantes. A médica pneumologista Elnara Márcia Negri, do Hospital Sírio-Libânes e da Universidade de São Paulo (USP), prescreveu o remédio Heparina para sua primeira paciente grave de Covid após relacionar a insuficiência respiratória e as extremidades arroxeadas à falta de oxigenação. Dos 27 pacientes iniciais tratados com a Heparina, 24 se recuperaram.
Outros estudos conduzidos ao redor do mundo com medicamentos para coagulação obtiveram resultados positivos. Cientistas italianos também utilizaram a Heparina e à relacionaram a redução dos tempos de intubação e de internação intensiva em casos graves.
Entretanto, os pesquisadores advertiram que o uso de anticoagulantes necessita de indicação médica e cuidados de monitoramento. Não é indicado o uso feito sem auxílio médico ou de forma caseira.
Uma forma de se manter saudável é verificar os níveis de vitamina K no organismo. Em excesso, apesar de raro, ela pode provocar a formação de coágulos de trombose, mas a deficiência também pode ser prejudicial.
Leia mais sobre a Vitamina K
A vitamina K ajuda na elasticidade dos vasos sanguíneos e protege as fibras do pulmão, sendo indispensável no tratamento contra a Covid. É possível encontrar em vegetais de folhas verdes, carnes e também sintetizada em laboratório.
Atenção:
Para ter o diagnóstico correto dos seus sintomas e fazer um tratamento eficaz e seguro, procure orientações de um médico ou farmacêutico.