Com a chegada da vacina em alguns países do globo, resta a dúvida do porquê ser mais difícil imunizar idosos. Leia para entender.
Thaís Garcez | 29 de Dezembro de 2020 às 17:00
O passar dos anos pode nos trazer muito benefícios, mas sem dúvida é um desafio para a saúde. Com o envelhecimento vem o enfraquecimento do sistema imunológico, por isso se torna mais difícil imunizar os idosos, algo especialmente importante de se discutir especial com a pandemia de Covid-19.
As vacinas precisam trabalhar em conjunto com o sistema imunológico para alcançar um resultado eficaz. Entretanto, elas não costumam ser criadas para a população idosas; justamente pelas limitações que o organismo apresenta. Entenda melhor essa relação!
Grande parte das vacinas já criadas tem como alvo as crianças. São nos primeiros dias e anos de vida que recebemos as principais vacinas. Mas por que isso acontece?
Essa orientação advém da facilidade que o organismo tem de responder ao patógeno e criar anticorpos quando ainda não possui memória de outras doenças. Já os idosos possuem um histórico de enfermidades e, além disso, sofrem com a imunossenescência, ou seja, o envelhecimento do sistema imunológico.
A imunossenescência é a deterioração natural do sistema imunológico ocasionada pelo envelhecimento. Está relacionada à perda de capacidade do corpo para responder a infecções e à memória imunológica, especialmente a vacinação.
Apesar do organismo dos idosos já ter mais memórias de outras doenças, o covid-19 é um vírus totalmente novo, que nenhuma pessoa já teve contato antes da pandemia. Sendo assim, o sistema imunológico, mesmo estando apto para combater vários patógenos, por causa do envelhecimento apresenta dificuldades para lidar com novas doenças.
Portanto, o desenvolvimento de um imunizante eficaz para pessoas que se enquadram no grupo de risco requer estudos mais aprofundados. Mas a boa notícia é que algumas das vacinas que já estão em processo de finalização tiveram boa resposta em voluntários acima dos 60 anos.
Quando somos infectados por alguma doença, o sistema imunológico entra em alerta. Para combater esse mal, o organismo cria mecanismos de ataque. As células T, por exemplo, são essenciais nessa tarefa.
As células T são formadas no Timo, o último órgão encontrado no corpo humano; localizado na caixa torácica. Porém, esse órgão encolhe continuamente com o passar dos anos, até tornar-se um tecido adiposo. Com isso a produção de células T também reduzem com a idade, até se esgotar.
Esse, portanto, é um dos grandes desafios para os cientistas que buscam imunizar os idosos, visto que elas atuam diretamente no sistema imunológico. Para que uma vacina aja com eficácia, é preciso que essas células reconheçam o patógeno e o combata, em um trabalho conjunto com outras células.
Entretanto, sabe-se que as pessoas podem envelhecer de modos diferentes, em condições diferentes. Portanto, apesar da redução de células T no organismo, é possível que o corpo reaja à vacina corretamente, com a ajuda de outras células e anticorpos.