Estudo publicado na revista Nutrientes diz que comer mais vegetais e diminuir carne processada pode ajudar a evitar casos graves de Covid-19.
Paula Vieira | 12 de Agosto de 2021 às 17:00
A alimentação está diretamente associada à qualidade de vida e ao aumento da imunidade. Quanto mais vegetais, grãos, carnes e frutas forem consumidos, mais saúde o corpo humano vai desenvolver e menor será o risco do surgimento de doenças.
De acordo com um estudo recente da Northwestern University (Chicago – EUA), publicado em junho no periódico Nutrients, apontou que consumir mais vegetais e beber café podem ajudar a evitar casos graves de Covid-19. Por outro lado, o estudo aponta que carnes processadas tendem a propiciar a severidade da doença, .
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Para a pesquisa, foram analisados dados de 37.988 pessoas, entre 40 e 70 anos de idade no início do estudo, das quais 17% testaram positivo para Covid-19. Segundo a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia, o café é rico em propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, sendo favorável para o corpo humano de diversas maneiras.
“O café não é apenas uma fonte importante de cafeína, mas contribui com dezenas de outros constituintes; incluindo muitos implicados a imunidade. Entre muitas populações, o café é o principal contribuinte para a ingestão total de polifenóis, em particular os ácidos fenólicos. Café, cafeína e polifenóis têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, de forma que o consumo de café se correlaciona favoravelmente com biomarcadores inflamatórios, como PCR, interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral α (TNF-α), que são também associados à gravidade e à mortalidade por Covid-19. O consumo de café também foi associado a um menor risco de pneumonia em idosos”, explicou a médica.
Mas o consumo do café deve ser regulado. No estudo, os pesquisadores constataram que basta tomar uma xícara de café por dia para reduzir cerca de 10% no risco do desenvolvimento da Covid-19.
Ainda de acordo com Dra. Marcela, as frutas e vegetais são fontes dietéticas, ricas em vitaminas, folato, fibras, carotenoides e flavonoides. Por isso, o consumo de ao menos 0,67 porção por dia de vegetais, cozidos ou crus, com exceção da batata, também foi associado a um risco menor de infecção pela doença.
“Estudos ecológicos recentes do Covid-19 relatam que países com alto consumo de alimentos com atividade antioxidante potente ou antienzima conversora de angiotensina (ACE), como repolho cru ou fermentado, têm uma taxa de mortalidade por Covid-19 mais baixa em comparação com outros países”, explicou a pesquisadora.
Estudos que investigaram a relação entre alimentação e mortalidade por Covid-19, na Europa, relataram que cada aumento de grama por dia no consumo médio nacional de repolho, pepino ou vegetais fermentados diminuiu o risco de mortalidade em decorrência da Covid-19 de 11 a 35%.
Porém, a carne processada é uma grande vilã quando o assunto é alimento que combate a doença. Diferentemente do café e dos vegetais, apenas 0,43 porção de carne processada foi associada a um maior risco de piora de casos de Covid-19, de acordo com o UK Biobank. Entretanto, carne vermelha deve ser consumida regularmente.
Carnes processadas são salsichas, bacon, presunto e outros alimentos deste tipo, que tenham sal enriquecido com nitratos ou nitritos.
“Carne processada refere-se a qualquer carne que foi transformada por meio de salga, cura, fermentação, defumação ou outro processo para realçar o sabor ou melhorar a preservação”, finalizou a especialista.