Quanto tempo, após contrair a Covid-19, é possível retornar às práticas de exercícios? Confira informações das entidades médicas do Brasil.
Julia Monsores | 9 de Abril de 2021 às 14:00
A prática de exercícios físicos traz inúmeros benefícios à saúde, e disso ninguém duvida. No entanto, em meio à pandemia, uma dúvida tem sido bem comum: quanto tempo, após contrair a Covid-19, é possível retornar às práticas de exercícios? A dúvida surge dos possíveis efeitos do coronavírus no sistema respiratório e, principalmente, no coração, que pode ser sobrecarregado pelas atividades físicas se não houver uma plena recuperação antes. E assim, provocar até mesmo a ocorrência de mortes súbitas durante os exercícios.
Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) elaboraram um documento com recomendações sobre como retornar à atividade física após infecção pelo coronavírus sem ameaçar o coração. Continue acompanhando o post para conferir mais informações.
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Muitos são os efeitos sentidos no corpo durante e após contrair a Covid-19. E por tratar-se de um vírus ainda novo, muitas perguntas seguem sem respostas. O que se sabe, no entanto, é que casos mais graves em geral geram sequelas que demoram mais para sumirem. Algumas pessoas que se recuperaram do coronavírus podem apresentar sintomas prolongados que duram semanas — ou até meses.
E cada uma dessas complicações vai exigir uma avaliação profissional para verificar quanto interferem no exercício físico.
“O comprometimento cardíaco tem sido descrito como complicação frequente na COVID-19, o que representa um alerta para a necessidade de investigação de lesões miocárdicas, especialmente miocardite, nos indivíduos
acometidos pela doença”, explicam as entidades médicas no documento.
Assim, dentre os efeitos do vírus, a lesão cardíaca parece ser uma característica proeminente da doença, ocorrendo em 20 a 30% dos pacientes hospitalizados e contribuindo para 40% das mortes.
Segundos os dados apresentados no documento, foram descritas diversas complicações cardiovasculares, como por exemplo:
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para que alguém possa considerar-se curado é necessário estar a 14 dias sem manifestar quaisquer sintomas. Antes disso, não recomenda-se romper o isolamento social, uma vez que há chances de contaminação de outras pessoas.
Para o retorno das práticas esportivas, de acordo com o documento elaborado pelas entidades médicas, há de se considerar previamente o nível de acometimento da doença na saúde do indivíduo. Desta forma, torna-se essencial realizar uma avaliação pré-participação cardiológica antes do retorno à prática de exercícios e esportes.
“Neste documento sugerimos um algoritmo de avaliação para esportistas recreativos, competitivos e atletas na idade adulta, incluindo anamnese, exame físico e eletrocardiograma (ECG) para todos. A avaliação pré-participação cardiológica (APP) é a principal ferramenta para a prevenção de morte súbita no esporte. A Diretriz em Cardiologia do Esporte e Exercício da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade de Medicina do Exercício e Esporte recomenda que todo indivíduo passe por uma avaliação médica antes de iniciar a prática de exercícios”, explicam.
Além disso, pode haver a indicação de outros exames complementares conforme a gravidade do
quadro clínico prévio da COVID-19, podendo incluir:
A realização do teste ergométrico (TE) tem diversas indicações no âmbito da prática esportiva, desde avaliação da capacidade funcional até a identificação precoce de doenças cardiovasculares, arritmias e prognóstico.
Para pessoas que apresentaram um quadro leve, e tiveram resultados normais nos exames, os exercícios podem ser reiniciados após 14 dias do fim dos sintomas. “Estes indivíduos estão liberados para reiniciar atividades físicas leves, com progressão gradual de intensidade e treinamento”, explicam.
Já para pessoas que apresentaram quadros moderados, deve-se realizar não só os exames mais básicos, como os complementares também.
“Se os exames forem normais, as atividades físicas podem ser retomadas de forma gradual, com monitoramento dos sintomas. Como a evolução da COVID-19 ainda não é bem conhecida, e aparentemente algumas alterações no coração podem ocorrer de forma tardia ou mesmo se perpetuar, sugerimos uma reavaliação médica em 60 dias”, explicam.
Por fim, para pessoas de quadros graves, deve-se ter mais cautela. Assim, é importante que sigam o mesmo protocolo de realização dos exames feitos nos quadros moderados. No entanto, é imprescindível, também, a realização da ressonância magnética cardíaca.
“Os indivíduos que tiveram quadro clínico grave de COVID-19 devem realizar protocolo semelhante aos de QC moderado, porém, é importante considerar a realização de RMC mesmo se todos os exames forem normais”, conclui o documento da SBMEE e da SBC.
Já os indivíduos com diagnóstico de miocardite estabelecido na fase aguda da doença devem esperar no mínimo
3 meses para realizar a avaliação pré-participação cardiológica e avaliar a possibilidade de retomar exercícios. Além disso, é importante ter um acompanhamento regular e reavaliação a médio e longo prazo, uma vez que a evolução tardia da doença ainda é pouco conhecida.
Para ajudar a fixar as informações que trouxemos, confira o fluxograma abaixo com o resumo dos exames necessários antes do retorno das atividades de esportistas recreativos após a Covid-19: