Desde que o coronavírus foi declarado pela OMS como uma pandemia, na última quarta-feira (11), muitos países vêm adotando medidas de prevenção com base no
Ana Marques | 16 de Março de 2020 às 09:00
Desde que o coronavírus foi declarado pela OMS como uma pandemia, na última quarta-feira (11), muitos países vêm adotando medidas de prevenção com base no “distanciamento social”. O termo ganhou destaque em redes sociais na última semana, após ser tuitado em caixa alta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mas ainda há quem não entenda a real importância de ficar em casa – em uma espécie de quarentena – mesmo sem ter sido diagnosticado com o Covid-19 ou tido contato com uma pessoa infectada.
No Brasil, há escolas e universidades – públicas e particulares – que tiveram suas atividades suspensas. O home office compulsório foi adotado por algumas empresas nas quais é possível realizar o trabalho de forma remota. Eventos de grande e médio porte também foram cancelados em várias partes do país, apesar do incentivo e apoio do Presidente da República a manifestações no último domingo (15).
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Toda essa movimentação também está sendo feita internacionalmente – em maior escala – e tem um motivo: evitar aglomerações para que o vírus se propague de forma mais lenta. A estratégia visa impedir que o sistema de saúde fique sobrecarregado, o que resultaria em um maior número de casos dentro de um curto período de tempo e poderia elevar a taxa de mortalidade.
É mais fácil entender a situação ao olhar o gráfico abaixo, divulgado pela microbiologista Drª. Siouxsie Wiles com base nos dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
No Brasil, não adotamos medidas tão rigorosas quanto as da China, que basicamente confinou mais de 60 milhões habitantes província de Hubei. Há uma grande diferença entre recomendar e proibir a locomoção da população, mas o fato é que no primeiro epicentro de coronavírus, os novos casos estão sob controle.
Agora, países europeus também começaram a adotar medidas restritivas – é o caso da Itália, onde moradores não podem sair de suas casas sem justificativa médica, sob risco de prisão e multa.
Indivíduos que não fazem parte do grupo de risco do Covid-19 devem evitar a doença tanto quanto os que fazem. Em primeiro lugar, porque o coronavírus se espalha facilmente. Uma vez infectados, esses indivíduos podem acabar transmitindo o vírus para outras pessoas que, de fato, sejam mais vulneráveis.
Em segundo lugar, porque quando uma pessoa é infectada – seja ela velha, nova, com problemas crônicos respiratórios ou não – há a necessidade de tratamento. Isso quer dizer que essa pessoa pode acabar ocupando o lugar de alguém mais sensível à doença. Uma reportagem publicada recentemente pelo site Seleções alerta para a insuficiência de leitos em UTIs na rede pública de vários estados do Brasil.
Trata-se, portanto, de um exercício de solidariedade. Isso pode sacrificar algumas das suas atividades rotineiras, como aproveitar a folga do final de semana para ir à praia, mas tende a trazer bons resultados para a saúde pública.
Há ainda um terceiro e bom motivo para evitar contato social e, consequentemente, a contração do coronavírus: estudos mostram que alguns pacientes podem ter sequelas pulmonares, mesmo quando curados da doença.
De acordo com o diretor médico do Centro de Doenças Infecciosas de Kwai Chung, Dr. Owen Tsang Tak-yin, em entrevista para o jornal South Chine Morning Post, é possível que haja queda de 20% a 30% na função pulmonar, em determinados casos.
Cabe ressaltar que a infecção causada pelo Covid-19 ainda é muito recente e praticamente todas as pesquisas sobre a doença têm caráter preliminar.
Provavelmente não. Se você seguir as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) que indicam a higienização correta das mãos e a distância de 01 metro de pessoas que estiverem tossindo ou espirrando, os riscos são baixos, por enquanto.
O coronavírus não está no ar, ele se espalha por gotículas que entram em contato com mucosas dos olhos, nariz e boca – é o caso de quando alguém infectado espirra ou fala muito próximo a você; ou acaba tossindo na mão e encostando em uma superfície que depois será tocada por diversas outras pessoas. A questão é que você dificilmente pode escapar disso em um transporte público lotado ou na balada.
Na academia, é mais fácil: você deverá ter bastante cuidado, evitar o revezamento e levar a sério as regras de higienização dos equipamentos. Se puder evitar e praticar seus exercícios em um local fechado, trocando por uma corrida no quarteirão ou ciclismo em área aberta, melhor ainda.
Ao ir ao mercado, também vale a regra de não levar as mãos aos olhos, nariz e boca. Andar com um frasco de álcool em gel na bolsa pode ajudar – se você ainda encontrar algum por aí. Não há necessidade de estocar comida, papel higiênico e outros itens. Pelo menos, não nesse momento.
A chave para o equilíbrio é ter bom senso e estar alerta às mudanças na sua região.
Com informações: OMS, South China Morning Post