Esta nova mutação do coronavírus está sendo monitorada para estabelecer um controle na cidade Wuhan, China onde foram registrado os primeiros casos.
Elen Ribera | 23 de Janeiro de 2020 às 15:26
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Diante dos casos de novo coronavírus na China, o Ministério da Saúde divulgou uma recomendação nesta quinta-feira (23) para que equipes de saúde fiquem alertas a casos de pessoas com sintomas respiratórios e que apresentam histórico de viagens a áreas de transmissão ativa do vírus.
Na quarta-feira (22), a pasta ativou um centro de operações de emergência para monitorar possíveis casos suspeitos.
O centro, que é formado por técnicos especializados em resposta a possíveis emergências de saúde pública, foi ativado em nível 1, o que indica um alerta inicial, visando a preparação da rede — há três níveis possíveis. A previsão é que haja reuniões diárias para acompanhamento da situação.
Até o momento, ao menos cinco casos chegaram a ser informados como suspeitos por secretarias estaduais de saúde. O ministério, porém, afirma que todos foram descartados por não se enquadrarem nos critérios definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para definição de suspeita da doença.
“Nesse momento, não temos nenhum caso suspeito de coronavírus no Brasil pelo critério da OMS”, afirma o diretor do departamento de doenças transmissíveis do ministério, Julio Croda.
O ministério enquadra como casos suspeitos aqueles de pessoas que apresentarem sintomas respiratórios, como febre, tosse e dificuldade para respirar, além de histórico de viagens a áreas de transmissão ativa do vírus nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas.
Atualmente, apenas Wuhan, na China, está nesta lista, de acordo com a OMS. Caso seja detectada transmissão ativa em mais locais, a lista poderá ser atualizada.
A recomendação do ministério a equipes de saúde ocorre após a secretaria de saúde de Minas Gerais divulgar ter identificado um caso suspeito de coronavírus. O caso é de uma paciente de 35 anos, e que apresentou sintomas respiratórios após voltar de viagem da China.
O Ministério da Saúde, porém, afirmou que o caso não se enquadra nessa definição, uma vez que a paciente não esteve na região de Wuhan, mas em Xangai, e não relata ter tido contato com pessoas com sintomas.
A divulgação, assim, visa a reforçar o conceito que deve ser adotado junto às demais secretarias.
Segundo Croda, não há recomendação para fazer testagem de rotina para coronavírus para casos que não se enquadram como suspeitos. Estados, porém, têm autonomia para decidir adotar medidas próprias.
Croda disse que a descoberta do novo coronavírus exige atenção, mas não há motivo para um “pânico desnecessário”. Questionado sobre a avaliação de risco, ele afirma que ainda não há uma resposta clara.
“No momento atual, com os fatos que foram reportados pela OMS, só existe transmissão em familiares e profissionais de saúde. Portanto ele se comporta como outros vírus coronavírus, com transmissão limitada”, diz.
Ele afirma, porém, que essa avaliação poderá mudar a partir de novas evidências, uma vez que o vírus passou por uma mutação.
“Como o vírus sofreu uma mutação, não sabemos ainda se a transmissão é mais limitada ou se pode adquirir uma habilidade maior de transmissão, como da influenza. Se for identificado uma transmissão mais importante de pessoas que não são familiares, isso acende um alerta da OMS, que pode declarar uma emergência.”
A previsão é que a OMS faça uma nova reunião para avaliar o caso nesta quinta-feira (23).