A crise na mobilidade urbana tem gerado inúmeros problemas no deslocamento da população nas grandes cidades. Entenda melhor.
Thaís Garcez | 12 de Agosto de 2020 às 12:30
Com a chegada da pandemia o setor de transportes sentiu um grande abalo. Além da diminuição drástica na circulação de pessoas, os meios de transportes se tornaram um grande vetor de contaminação. A mobilidade urbana precisaria ser repensada.
Depois de meses de quarentena, aos poucos a vida foi se adaptando ao “novo normal”. Porém, a locomoção nas grandes cidades tornou-se um obstáculo para os trabalhadores. Além dos riscos de contaminação por covid-19, linhas de ônibus foram extintas, dificultando o corriqueiro ir e vir.
A crise na mobilidade urbana é mais uma dificuldade vigente no país e no mundo. Como se adaptar às novas diretrizes, ou seja, possibilitar o distanciamento social dentro dos transportes e como conseguir manter as frotas em circulação após meses de queda na arrecadação? Eis o desafio.
Teoricamente, mobilidade urbana é um conjunto de meios que possibilita o deslocamento de pessoas dentro de uma cidade de forma simples e fluida. Portanto, ônibus, metrô, carro, bicicleta etc.
Entretanto, na maioria das metrópoles brasileiras, esses meios de transportes não funcionam seguindo um plano de mobilidade, pois não facilitam o deslocamento e geram transtornos diários; como engarrafamentos e superlotações.
A má distribuição e a falta de planejamento sobrecarrega as linhas de ônibus. O incentivo, com a redução de impostos, para a compra de carros gera mais congestionamento. A má gestão precariza trens e afeta milhões de usuários.
Esses são apenas alguns exemplos dos problemas enfrentados, mas outros surgiram com a quarentena. Recentemente, no Rio de Janeiro, companhias de trem e metrô ameaçaram suspender seu funcionamento por falta de verba, por exemplo.
Além da falta de subsídios do governo para a manutenção do setor de transportes nos meses de quarentena, os passageiros precisaram ser perseverantes para concluir seus trajetos para o trabalho.
Linhas de ônibus deixaram de circular, deixando inúmeras pessoas desamparadas. Metrôs e trens aumentaram o intervalo de tempo entre cada composição, elevando o período de deslocamento e o número de passageiros por vagão; o que é desaconselhável.
Quem buscou alternativas, como o uso de bicicletas, precisou encarar a falta de ciclovias em grande parte da cidade. Empresas de ônibus já faliram, e outras afirmam que estão com grandes problemas financeiros.
Não se sabe como será possível seguir as normas de distanciamento, já que seria preciso reformular os espaços internos dos veículos ou diminuir o número de passageiros por viagem. Grande parte das empresas dizem não ter condições financeiras para arcar com tal investimento sem ajuda.
A mobilidade sustentável engloba os meios de transporte que não poluem o meio ambiente, pois não dependem de combustíveis fósseis que resultam em gás carbônico. São eles:
O investimento nesse tipo de mobilidade urbana poderia ser um ponto favorável para amenizar os problemas enfrentados atualmente. Uma malha ferroviária eficiente, por exemplo, que, além de ser extensa, viabilizasse a integração com outros transportes seria um facilitador.
Outra maneira de promover um deslocamento eficiente, com zero poluição e baixo contágio, seria a criação de mais ciclovias nas cidades. Além disso, a promoção de projetos que ofertem mais bicicletas públicas.
O fato é que quanto mais opções de deslocamento e facilidades disponíveis, menor o número de aglomerações e contaminações. A popularização da mobilidade sustentável possivelmente seria uma das saídas para a crise.
Não é fácil criar uma nova cultura na sociedade. Entretanto, com pequenas ações é possível orientar a mudança de hábitos da população. Em Florianópolis, por exemplo, a prefeitura determinou mudanças para o embarque de passageiros.
Além do uso obrigatório de máscaras, os passageiros precisarão fazer um check-in, por meio de um aplicativo, em um QR Code exposto próximo ao cobrador. Esse aplicativo tem como objetivo rastrear o deslocamento de pessoas que sejam assintomáticas ou que peguem covid-19.
A capacidade de lotação dos ônibus na capital catarinense também foi reduzida para 40%, disponibilizando apenas os assentos da janela e os espaços no corredor.
Caso seja detectada, por meio do banco de dados, a contaminação de uma pessoa, todos os que estiveram no mesmo lugar que ela receberão alertas informativos pelo celular; a fim de que busquem fazer a testagem.
No Rio Grande do Sul, uma empresa de ônibus de viagem também se adequou ao novo normal. Agora, seus carros possuem três fileiras com assentos individuais e cortinas antimicrobianas separando os passageiros. Há também desinfecção por radiação UV-C do ar e do banheiro durante o percurso.
Em geral, não será fácil superar a crise da mobilidade urbana. Em todo o mundo há desafios a serem superados. Mas com o apoio necessário e uma avaliação dos problemas presentes visando melhorias futuras é possível ter uma nova realidade.