Ingerimos mais comida do que gastamos. Isso não é uma surpresa. Parte da culpa é atribuída à indústria de alimentos. Entenda mais sobre isso!
Rayane Santos | 12 de Novembro de 2021 às 11:00
Ingerimos mais comida do que gastamos. Isso não é uma surpresa. Mas por que? Em um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, pesquisadores descobriram que o aumento no consumo de alimentos, isoladamente, “parece ser mais do que suficiente para explicar o ganho de peso” na população dos Estados Unidos. A diferença estimada nas calorias diárias para reverter esse quadro é de aproximadamente 500 para adultos e 350 para crianças.
De onde tiramos todas essas calorias extras? Estaríamos simplesmente nos empanturrando o tempo inteiro? Eu, não. E eu diria que nem você. Então, o que está acontecendo? Bem, em primeiro lugar, estamos sendo enganados.
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Os fabricantes de alimentos querem que você compre seus produtos. Para mantê-los saindo das prateleiras, as empresas alimentícias empregam cientistas para criar versões novas e ainda mais gostosas dos alimentos, manipulando teores de açúcar e sal. Essa fórmula mágica torna uma comida atraente ainda mais atraente. E isso nos faz querer comer mais e comprar mais.
O ex-diretor do FDA (órgão americano que controla a regulamentação de alimentos), David A. Kessler, escrever sobre isso em seu maravilhoso livro “The End of Overeating” (O fim dos excessos alimentares). Ele mostrou que o equilíbrio entre gordura, açúcar e sal em muitos alimentos processados altera literalmente a química do cérebro, criando um ciclo de dependência.
E o que os deixa ainda mais atraentes? Com frequência, o fato de serem alimentos processados fáceis de usar, ricos em sabor, fornecem calorias demais, e muitas vezes não são tão nutritivos, deixando nosso corpo e cérebro querendo mais. Essa revelação não tem como objetivo atacar as empresas alimentícias. Mas, sim, analisar por que é tão difícil manter uma alimentação saudável hoje.
A falta de satisfação é um motivo sutil, porém importante, pelo qual os quilos lentamente se acumulam e nós nem percebemos. Não ficamos realmente satisfeitos com a comida — com o que comemos, como comemos, e com a nossa disposição mental quando estamos comendo ou beliscando algo. Quando digo “satisfeitos”, me refiro a duas coisas diferentes mas igualmente importantes. Existe a sensação física de estar cheio, satisfeito ou saciado com a comida. E também existe a expectativa de que a comida vai nos dar satisfação emocional.
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É comum ambas estarem interligadas. Quanto mais recorremos à comida para nos sentirmos melhor, mais desenvolvemos o hábito de aliviar o estresse diário com comida, em vez de buscar outras saídas. Além disso, se nos permitimos qualquer distração durante a refeição — telefonemas, mensagens, campainha da porta, televisão ou afazeres demais —, nossa sensação de saciedade pode ser interrompida.
É por isso que incluir mais alegria em cada dia e concentrar-se em manter-se presente em cada momento — e em cada refeição — é uma parte fundamental da reeducação alimentar. Para isso, coma alimentos que proporcionem saciedade. Faça uma coisa de cada vez. Complemente com amigos, diversão e risadas.
Lutar contra o consumo excessivo de comida não é impossível. Bastam algumas mudanças. Em primeiro lugar, os alimentos que compõem sua reeducação alimentar devem ser verdadeiramente saudáveis. Você não precisa banir de sua mesa todos os alimentos industrializados. Mas é preciso evitar muitos dos piores vilões por algum tempo.
Uma dieta saudável é composta por todos os grupos de alimentos. Não é preciso eliminar carboidratos ou contar obsessivamente calorias. Tenha cuidado ao aderir a qualquer comportamento alimentar que esteja em alta no momento. Isso também ajuda a promover o aumento coletivo de gordura corporal. A realidade é que alimentos integrais, comida de verdade de todos os tipos, são o que seu corpo quer e precisa, e deveria estar recebendo.
Fique de olho nas porções que você come. Não obtenha a maior parte de sua nutrição de um alimento apenas. Tenha moderação e equilíbrio. Diversificar os alimentos que você come é essencial.