O diabetes é uma doença séria e que precisa de acompanhamento constante. Conheça os principais tipos de diabetes, os sintomas e os tratamentos.
Redação | 3 de Agosto de 2018 às 13:55
O diabetes é uma doença séria e que precisa de acompanhamento constante. Ele é como um convidado indesejado: você não quer sua presença, e ele não vai embora. E o pior, ainda exige atenção. Porém, embora você não consiga se livrar do diabetes, pode minimizar o impacto que ele causa em sua saúde e qualidade de vida informando-se. Conheça os principais tipos de diabetes, os sintomas e os tratamentos.
Diabetes Tipo 1O que diferencia os tipos 1 e 2 de diabetes? Em primeiro lugar, o tipo 1 é muito mais raro, sendo responsável por apenas 5 a 10% de todos os casos diagnosticados. No diabetes do tipo 1, o sistema imune do corpo destrói células especiais, existentes no pâncreas, que fabricam insulina. Tais células, denominadas células beta, são o único lugar do corpo onde a substância é produzida. Sem elas, o corpo fica sem a insulina necessária para eliminar a glicose da corrente sanguínea e controlar o excesso de açúcar no sangue.
Como o corpo não pode produzir insulina, os pacientes precisam de um suprimento externo do hormônio, auto-aplicado na forma de injeções diárias. É por isso que o tipo 1 às vezes é chamado diabetes melito insulino-dependente, ou DMID, denominação menos usada hoje porque as pessoas com diabetes do tipo 2 às vezes também necessitam de insulina. Mas o fato de as injeções serem parte inevitável do cotidiano de todos os pacientes com diabetes do tipo 1 continua a ser uma das principais características dessa forma da doença.
O diabetes do tipo 1 costuma manifestar-se durante a infância, com cerca de metade de todos os casos surgindo antes dos 20 anos. A maioria dos outros casos manifesta-se até os 30 anos. É muito raro esse tipo se manifestar em alguém com mais de 40 anos. Como é visto como uma doença de jovens (embora prossiga pelo resto da vida), às vezes é chamado diabetes juvenil, designação também em desuso, tanto porque adultos podem vir a ter diabetes do tipo 1 como porque as taxas de diabetes do tipo 2 em crianças estão aumentando muito.
O início do diabetes do tipo 1 é rápido em comparação ao tipo 2, que pode levar anos para se manifestar. Se você (ou um filho seu) tem diabetes do tipo 1, os sintomas clássicos, como fadiga, sede excessiva e micção freqüente, provavelmente irão se agravar em questão de semanas ou meses.
Nos primeiros meses após o diagnóstico e do início do tratamento, 20% dos pacientes parecem melhorar, à medida que o pâncreas volta a aumentar a produção de insulina. Esse período de remissão pode durar até um ano, durante o qual os níveis de açúcar no sangue tornam-se mais estáveis e as injeções de insulina podem até não ser necessárias. Embora toda lua-de-mel tenha fim, os pesquisadores vêem esse período como uma chance de, no futuro, terapias mais avançadas preservarem a função das células beta antes que seja tarde.
No tipo 1, o pâncreas perde a capacidade de monitorar a glicemia. Com isso, os níveis de açúcar no sangue tendem a atingir picos e cair com maior imprevisibilidade do que nas pessoas com o tipo 2, que não têm a função pancreática tão comprometida. Com o tipo 1, a tarefa do pâncreas é praticamente transferida para você, que terá de controlar sua glicemia com as injeções de insulina nos momentos e doses corretas. Daí a importância de monitorar a glicemia.
O diabetes do tipo 1 parece surgir do nada e, até onde se sabe, não é fácil preveni-lo – o que definitivamente não se aplica ao tipo 2. Então por que surge o tipo 1?
Os pesquisadores ainda não sabem a resposta. Mas existem indícios na natureza da doença. Acredita-se que o diabetes do tipo 1 envolva um ataque mal orientado do sistema imune ao tecido do próprio corpo – especificamente às células beta do pâncreas. Esse tipo de ataque é conhecido como resposta autoimune.
Ter histórico familiar de diabetes do tipo 1 pode ser o fator de risco isolado mais importante a determinar que uma pessoa terá a doença. Mesmo assim, a conexão genética é fraca. É incomum encontrar duas pessoas da mesma família com diabetes do tipo 1. Se você já tem a doença, seus filhos ou irmãos têm apenas 5% de chance de desenvolvê-la. (Por motivos que não estão bem compreendidos, homens com diabetes do tipo 1 têm probabilidade ligeiramente maior de transmiti-la aos filhos do que as mulheres com a doença.) Entre gêmeos idênticos, as chances são de apenas 30 a 50% de que o segundo gêmeo tenha a doença se o primeiro a tiver. Mesmo que a genética não preveja por completo a ocorrência da doença, os cientistas estão trabalhando para entender melhor os genes envolvidos com o diabetes do tipo 1, e pode ser que algum dia consigam desenvolver terapias genéticas para as pessoas sob maior risco.
O tipo 1 poderia ser causado por uma infecção? É possível. Uma razão para os pesquisadores pensarem assim é que o início da doença parece seguir um padrão sazonal, com o menor número de casos novos ocorrendo no verão e o maior no inverno – quando muitas doenças virais são mais comuns. Diversos vírus foram indicados como suspeitos, em particular o coxsackie, o da caxumba e o da rubéola. Alguns estudos revelaram que uma alta porcentagem de pessoas com o diagnóstico recente do tipo 1 tinham anticorpos contra o vírus coxsackie no sangue, sugerindo que o corpo delas havia combatido essa infecção viral. Em laboratório, demonstrou-se que um parente desse vírus provoca em animais sintomas semelhantes aos do diabetes do tipo 1.
Alguns pesquisadores questionam se a hipótese de infecção viral tem fundamento, mas várias teorias explicam como poderia funcionar. Uma suposição é a de que o sistema imune pode ter problemas para diferenciar certos vírus das células beta. Após combater o vírus, ele continuaria a lutar, atacando o pâncreas. Outras teorias sugerem que os vírus podem modificar as células beta, tornando-as estranhas para o sistema imune. Ou que eles destroem proteínas no pâncreas usadas na fabricação de insulina.
Embora não tenha sido comprovada, sugeriuse uma ligação entre crianças alimentadas com leite de vaca antes dos 3 a 4 meses e o risco de desenvolver o tipo 1. Pessoas com esse tipo às vezes apresentam altos níveis de anticorpos que se ligam tanto a uma proteína encontrada no leite como a uma outra existente nas células beta, mas o significado disso não está claro. Outros estudos não conseguiram encontrar conexão entre o leite de vaca e o diabetes do tipo 1. Mas tal possibilidade é mais uma razão para não desmamar a criança do seio materno antes dos 6 meses, como recomenda a Sociedade Brasileira de Pediatria.
São moléculas instáveis, formadas como um subproduto de funções naturais do corpo, que envolvem o uso de oxigênio (como a respiração). Os radicais livres têm um elétron sozinho, sem seu par habitual, que os torna instáveis. À medida que circulam pelo corpo, tentam unir-se a outras moléculas, causando danos a células saudáveis. Normalmente, as enzimas do corpo neutralizam os radicais livres e mantêm esse dano em um nível mínimo. Mas toxinas como as da poluição do ar e da fumaça do tabaco podem elevá-los para níveis que o corpo não consegue neutralizar. Estudos sugerem que as células do pâncreas produtoras de insulina podem ser mais vulneráveis porque elas não são tão bem guardadas por enzimas protetoras como outras partes do corpo.
No diabetes tipo 1, como o pâncreas não produz insulina, o tratamento é feito com reposição de insulina. Para o controle adequado deve-se utilizar 2 tipos de insulina: uma de ação lenta e outra de ação rápida. A insulina de ação lenta irá controlar a glicemia entre as refeições, enquanto a glicemia de ação rápida irá controlar a glicemia após a refeição.
Diabetes tipo 2Em comparação com o tipo 1, o diabetes do tipo 2 é muito mais comum, sendo responsável por 90 a 95% de todos os casos da doença. Também é muito mais complexo. O excesso de açúcar no sangue ainda é o problema básico. Mas no tipo 2 o pâncreas não deixa de produzir insulina totalmente. É o uso da insulina pelo corpo que fica prejudicado de diversas maneiras.
As células beta do pâncreas são capazes de produzir muita insulina, mas levam tempo para liberá-la em resposta à elevação de glicose que se segue após uma refeição. Resultado: quando o pâncreas despeja a insulina que o corpo está esperando, os níveis de glicose no sangue já aumentaram.
O número de células beta é menor do que o normal, de modo que o pâncreas tem problemas para satisfazer a demanda de insulina.
Há bastante glicose e insulina, mas as células não deixam o hormônio cumprir sua tarefa – distúrbio conhecido como resistência à insulina. O resultado é: a glicose não pode ir para onde é necessária e fica circulando na corrente sanguínea.
O excesso de peso corporal acentua a necessidade de insulina, e o pâncreas não consegue satisfazer a demanda.
Em geral, o diabetes do tipo 2 resulta de uma combinação desses fatores, que tendem a estar inter-relacionados. Por exemplo, a obesidade tanto cria mais demanda por insulina como causa resistência a ela.
Os principais sintomas do diabetes do tipo 2 são iguais aos do tipo 1, mas o tipo 2 é diferente em outros aspectos:
O tipo 2 se desenvolve com o tempo, e os sintomas não se revelam imediatamente. Quando a pessoa percebe algo errado, já pode estar com diabetes há anos. Isso pode fazer o tipo 2 parecer um tanto obscuro – se surge tão gradualmente, quando de fato ele começou? Os médicos admitem que às vezes é muito difícil saber exatamente quando cada caso começou – sobretudo após o fato consumado. Mas os critérios baseados nos níveis de açúcar no sangue definem com clareza quando se tem ou não diabetes. E, se você tem, é possível controlá-lo, porém sem nunca se livrar dele. Não existe “um pouco” de diabetes.
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O diabetes do tipo 2 às vezes é chamado diabetes do adulto, porque em geral se manifesta após os 40 anos, sendo mais provável surgir com o envelhecimento. Uma das razões é que a resistência à insulina aumenta com a idade. Na verdade, mais de 10% das pessoas acima dos 60 anos têm diabetes do tipo 2. Porém, como ocorre com outros termos relativos ao diabetes, “do adulto” é uma designação equivocada, devido ao crescimento da prevalência do tipo 2 em crianças.
Como o pâncreas ainda produz insulina e libera pelo menos alguma quantidade dela quando é necessária, os níveis de glicose no sangue não tendem a oscilar tanto como no tipo 1 – mesmo que, em média, esses níveis sejam muito elevados no tipo 2, se não forem controlados.
As causas do diabetes do tipo 2 têm muito mais a ver com questões de estilo de vida, em particular a obesidade. Mas o peso não é tudo. Na verdade, é improvável que o tipo 2 se desenvolva em decorrência de um único fator. Vários fatores parecem atuar juntos, um podendo acentuar o outro, com resultados desastrosos. Entre os fatores que podem atuar em conjunto estão:
Mais uma vez, os padrões em gêmeos indicam a força do fator genético, que é bem maior no tipo 2 do que no 1. No caso do tipo 2, se um gêmeo idêntico tiver diabetes, a probabilidade de o outro também ter é de 75%. Se um dos pais tem, a probabilidade é de 20 a 30% de os filhos também terem. (E, se ambos os pais tiverem o tipo 2, o risco para os filhos é o mesmo compartilhado por gêmeos idênticos.) Isso torna esse tipo uma séria preocupação para grupos étnicos que parecem predispostos à doença. E esses grupos diferem daqueles mais suscetíveis ao tipo 1. Brancos são mais propensos a terem o tipo 1, ao passo que o tipo 2 é mais prevalente entre afrodescendentes, latinos, norte-americanos nativos, ilhéus do Pacífico e descendentes de asiáticos.
A atividade física melhora a utilização da insulina pelo corpo por uma série de razões. O músculo, por exemplo, usa a glicose de modo mais eficiente do que outros tipos de tecido, e o exercício ajuda a formar músculo. Infelizmente, o oposto também é verdadeiro: a falta de exercícios torna as células mais propensas à resistência à insulina, e ainda contribui para o ganho de peso.
Quanto você come faz diferença, mas o que você come é ainda mais importante. E os alimentos ricos em gordura, muito comuns na nossa alimentação, são mais engordativos do que quantidades comparáveis de alimentos com menos gordura.
O diabetes do tipo 2 é mais comum com o avanço da idade, em parte porque as células tendem a se tornar mais resistentes à insulina. Mas também é verdade que as pessoas tendem a ficar mais sedentárias com a idade. Seu metabolismo fica mais lento, embora comam o mesmo que antes, ou mais. Todos esses elementos aumentam o risco de diabetes.
No diabetes tipo 2 o tratamento difere dependendo do caso. Contudo, em todos os casos de tipo 2 é necessário uma mudança do estilo de vida do paciente. O tratamento pode ainda ser combinado a medicamentos ou a aplicação de insulina. O tratamento a ser adotado será determinado pelo médico e deve ser seguido à risca.
Diabetes GestacionalA princípio, o diabetes gestacional parece inofensivo. Ele ocorre em cerca de 2 a 5% das mulheres grávidas durante a segunda metade da gestação (em geral, no terceiro trimestre), porque os hormônios que determinam o desenvolvimento fetal na placenta interferem com a função normal da insulina. Os sintomas básicos são iguais aos de outras formas de diabetes, mas, quando o bebê nasce, em geral o diabetes melito gestacional (DMG) desaparece.
Porém, não pense que o diabetes gestacional seja só temporário ou que não deva ser levado a sério. Ele é um fator de risco para aborto (embora não torne uma criança mais propensa a ter defeitos ao nascer ou mesmo diabetes) e, como costuma levar a criança a crescer muito antes de nascer, pode contribuir para complicações durante o parto. (Se já teve um bebê pesando 4,5 kg ou mais ao nascer, você corre risco de ter DMG.) O importante é que, na maioria das mulheres que desenvolvem DMG, a doença ocorre porque o pâncreas já está enfraquecido (elas em geral têm excesso de peso), o que as torna vulneráveis a desenvolver o diabetes mais tarde – o que ocorre em de um terço à metade dos casos.
O DMG não é considerado uma forma grave de diabetes, mas requer tratamento, razão pela qual os obstetras solicitam exames de rotina. Na verdade, as metas glicêmicas no DMG são pouco flexíveis – considerando-se os níveis normais de glicose em mulheres sadias que não estejam grávidas. Felizmente, isso não costuma ser difícil, porque o pâncreas ainda fabrica insulina e os níveis de glicose permanecem razoavelmente estáveis.
Na tabela abaixo você encontrará as principais diferenças entre os 3 principais tipos de diabetes