Esse complexo enigma parece envolver genética, meio ambiente, histórico pessoal e temperamento. A dependência de álcool atinge 12% dos brasileiros.
Seleções | 16 de Janeiro de 2018 às 18:00
Por que algumas pessoas se viciam – em álcool, jogo, soníferos – e outras, que usam as mesmas substâncias e praticam as mesmas atividades, não? Esse complexo enigma parece envolver genética, meio ambiente, histórico pessoal e temperamento. A dependência de álcool, droga mais popular, atinge 12% dos brasileiros.
Um dos traços de personalidade investigados é a “busca de sensações”, ou seja, o apetite por experiências intensas, novas e variadas – e a disposição de correr riscos para obtê-las. Essa característica aumenta a probabilidade de usar drogas, mas também está associada a práticas como mergulho, alpinismo e viagens para lugares distantes. Como estratégia de prevenção de vícios, alguns especialistas incentivam quem busca sensações a se concentrar nesses hábitos mais saudáveis.
A tendência a agir com base no instinto ou no desejo imediato em vez de buscar resultado a longo prazo se chama impulsividade. Pesquisadores de saúde do mundo inteiro observaram que os dependentes de determinadas drogas, como cocaína e álcool, costumam ter anormalidades em partes do cérebro ligadas à moderação. “O que não está claro por enquanto é até que ponto o traço impulsivo da personalidade antecede e predispõe alguém a usar drogas, ou, inversamente, o quanto esse traço é provocado pelo uso de drogas”, diz Karen Ersche, especialista em dependência de drogas, da Universidade de Cambridge, que está examinando essa questão. No caso do álcool, as experiências indicam que a abstinência ajuda a repor os neurônios danificados e reverter a perda do autocontrole.
Outros que têm risco maior de se viciar são os ansiosos, porque o álcool e outras substâncias aliviam temporariamente o estresse. A ironia é que, a longo prazo, a bebida pode agravar a ansiedade, entre outros motivos, por interferir com o funcionamento normal dos neurotransmissores do cérebro. Encontrar outros modos de relaxar – conversar com amigos, praticar exercícios ou eliminar fatores estressantes, por exemplo – é uma boa maneira de evitar possíveis problemas. Sozinha, a personalidade não determina a tendência ao vício; mas se a sua é de risco, tomar decisões de saúde adequadas pode ajudar.