Os oftalmologistas podem diagnosticar doenças por meio de exames simples. Os olhos revelam mais coisas do que o grau dos óculos.
Douglas Ferreira e atualizado por Rafaella Gazzaneo | 7 de Maio de 2020 às 12:00
Pressão arterial? OK. Peso? OK. Urina no copinho? OK. Consulta regularmente o oftalmologista? Os pacientes podem ser pegos no contrapé se o médico fizer esta última pergunta na consulta anual. Eis por que perguntamos: a retina, ou o fundo dos olhos, é o único lugar do corpo que permite aos médicos uma visão de perto dos nervos e vasos sanguíneos sem que precisem cortar nada.
Leia também: 23 segredos que os oftalmologistas gostariam de revelar.
Isso torna o exame rotineiro dos olhos utilíssimo para descobrir, nos primeiros estágios, problemas de saúde importantes. Perguntamos a alguns especialistas da nossa confiança que doenças os olhos ajudam a diagnosticar nos exames regulares. Confira a seguir!
O exame de vista pode salvar uma vida. É possível descobrir muita coisa, de tumores cerebrais a cânceres de mama e pulmão com metástase nos olhos, segundo Joseph Pizzimenti, optometrista e professor-associado do Instituto de Tratamento Ocular da Faculdade de Optometria da Universidade Nova Southeastern, em Fort Lauderdale, na Flórida. Alguns tipos de hemorragia na retina são sintoma de leucemia. Os oftalmologistas podem diagnosticar tumores cerebrais com base em mudanças do campo de visão do paciente. O melanoma maligno pode atacar o fundo do olho, e os pacientes geralmente nem sabem, a menos que o câncer fique bem no centro do campo de visão, diz Pizzimenti.
Um dos primeiros sinais do diabetes tipo 2 pode ser um pequeno sangramento na retina, sintoma de retinopatia diabética. “Vejo todo dia pacientes que têm essa lesão e ainda não tiveram o diagnóstico de diabetes”, diz Pizzimenti. Sem cuidados médicos, a doença pode provocar cegueira, mas tratá-la reduz o risco à metade. Quando a retinopatia diabética é descoberta logo, mudanças de estilo de vida, como emagrecer e adotar uma alimentação mais saudável, podem evitar mais danos.
Danos aos vasos sanguíneos, como enfraquecimento e estreitamento das artérias, podem indicar pressão alta, diz a Dra. Jessica Ciralsky, professora-assistente de oftalmologia na Faculdade de Medicina Weill Cornell, em Nova York. Vários estudos em grande escala verificaram vínculos entre doença cardíaca e estreitamento dos pequenos vasos sanguíneos da retina, de acordo com um artigo publicado na revista American Journal of Medicine. Essas ligações são especialmente fortes em quem não tem os fatores de risco tradicionais da cardiopatia.
Segundo Mitchell Munson, presidente da Associação Optométrica Americana, a neurite óptica – inflamação do nervo óptico – pode ser um arauto da esclerose múltipla, doença degenerativa do sistema nervoso. A neurite óptica ocorre em 75% dos pacientes com esclerose múltipla e é o primeiro sintoma da doença em até 25% dos casos. (O diagnóstico de neurite óptica não significa automaticamente que haja esclerose múltipla; a doença pode resultar de uma infecção ou ter outras causas.) “Os pacientes com neurite óptica costumam ter visão borrada, mas já a diagnostiquei em pessoas sem nenhum sintoma”, diz Munson.
Cerca de 25% dos pacientes com artrite reumatoide têm problemas oculares, e os olhos secos são o mais comum. Outra pista: “Quando o paciente tem dois surtos de irite – inflamação dolorosa da íris, ou parte colorida do olho – num ano ou três em um ano e meio, desconfiamos de artrite reumatoide”, diz Munson. Quem sofre de artrite reumatoide, doença inflamatória que afeta as pequenas articulações das mãos e dos pés, tem nível sanguíneo elevado de substâncias químicas inflamatórias. Às vezes elas migram para o globo ocular, além das articulações, explica Munson.
4 sinais de obstrução das artérias
Jovem esquece de tirar lente de contato e tem olho devorado por parasita
Coceira nos olhos: o que pode ser e como tratar
Descubra quais alimentos fazem bem à visão
23 segredos que os oftalmologistas gostariam de revelar