Ter entendimento sobre sua dor ajudá você a decidir se precisa ou não de ajuda médica e ainda facilitará a encontrar o tratamento correto.
Rayane Santos | 20 de Novembro de 2021 às 12:00
Em geral, é difícil saber se você deve chamar um médico quando está com dor. Ao aprender sobre os diferentes tipos de sintomas, será mais fácil resolver o impasse: se ela pode ser administrada em casa ou se requer assistência médica.
Além de ajudar a decidir se deve consultar um médico, compreender os sintomas e ter a capacidade de descrevê-los com clareza e precisão simplificarão o trabalho do médico na hora de descobrir a causa da dor e determinar o melhor tratamento.
Muitas dores comuns – como cefaleia, espasmos musculares, indigestão e mãos e pés frios – não costumam sinalizar nenhuma ameaça real ao corpo. A dor sentida nesses casos é causada pela ativação do sistema imunológico ao menor estímulo. Embora, às vezes, possa ser forte, ela não indica um problema grave e, em geral, pode ser ignorada com segurança.
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Por exemplo, as mulheres costumam sentir grandes desconfortos durante a menstruação, o que não anuncia uma lesão grave ou doença, mas a reação do corpo aos hormônios liberados para estimular o útero a se contrair e expelir seu revestimento.
Às vezes, o sistema nervoso pode parar de funcionar e enviar ao cérebro sinais de dor falhos, resultando em dores crônicas sem propósito. Um exemplo é o desconforto prolongado que pode se seguir a um surto de herpes- zóster, após a cicatrização da pele e o combate ao vírus causador do problema por medicação ou pelas próprias defesas do corpo.
A dor repentina, como a sentida no peito antes de um ataque cardíaco, serve como autêntico sinal de alerta de que o corpo está sob ameaça e requer tratamento. Em tais casos, é vital consultar um médico o quanto antes.
Em geral, a dor que salienta uma situação de risco é intensa, começa de modo abrupto e está associada a vários sintomas e sinais. É possível que uma dor de cabeça forte e repentina, acompanhada de convulsão, sensação de fraqueza num lado do corpo ou perturbação da consciência, revele uma hemorragia cerebral aguda. Já uma dor no peito insuportável, junto com uma forte falta de ar, tontura ou fraqueza, pode indicar uma grave doença cardíaca ou respiratória.
A dor abdominal aguda seguida de outros sintomas relevantes – fortes náuseas, vômitos e sinais de choque – pode apontar para uma úlcera perfurada, inflamação do pâncreas, apendicite ou condição clínica similar, demandando cirurgia de emergência. Nessas situações, a gravidade da dor costuma avisar com clareza que os sintomas não são triviais, e é preciso ajuda médica.
Dor de cabeça súbita e forte: Se a dor ocorreu de repente e é insuportável, pode ser um vaso sanguíneo estourado no cérebro. Chame logo a ambulância.
Dor que irradia pelo peito: Caso a dor avance rumo à mandíbula ou ao ombro, pode ser o caso de um ataque cardíaco. Chame logo a ambulância.
Dor que começa na lombar e afeta as pernas: Se ainda houver fraqueza nas pernas, perda de sensação da bexiga ou nova incontinência urinária, pode ser a síndrome da cauda equina. Busque avaliação médica urgente.
Dor na parte inferior direita do intestino: Se também houver febre, náuseas e/ou vômitos, pode ser apendicite. Consulte seu médico, que talvez o encaminhe ao hospital para cirurgia.
Cãibras numa perna: Caso a dor seja acompanhada por vermelhidão, calor e inchaço, você pode estar com um coágulo sanguíneo, a chamada trombose venosa profunda (TVP). Consulte seu médico, que pedirá exame de ultrassom. Não massageie a área dolorida – isso talvez desloque o coágulo rumo ao coração ou aos pulmões.
Formigamentos constantes nos pés: Se os pés estão dormentes, “queimando” ou formigando, pode ser neuropatia provocada por diabetes. Consulte seu médico, que irá pedir um exame de sangue.
Em muitos casos, as dores aparecem aos poucos, crescendo devagar até o ponto de interferir no cotidiano e nos levar a tomar uma atitude. Pode surgir como desconforto e se tornar uma dor real que não cede. Talvez resulte de uma lesão ou de outra causa fácil de ser detectada, como cãibras, exercícios extenuantes, hematomas ou indigestão.
Nessas situações, você mesmo vai tratar a dor, e, se usar o senso comum, isso deve ser suficiente. Há vários remédios caseiros que podem ser utilizados, de forma segura, para cuidar de enfermida- des comuns como:
Dois tratamentos eficazes para diversos tipos de dores comuns, como entorses e dores reumáticas, são aquecimento e alongamento. Mas é vital distinguir o uso de cada um. O alongamento deve ser adotado para tratar inflamações provocadas por distensões e entorses. O frio acalma a pele e ajuda a neutralizar a liberação de substâncias químicas no tecido danificado, como as prostaglandinas, que provocam inflamações e dores. O ideal, porém, é usar uma bolsa de gelo apenas para aliviar lesões muito dolorosas e inflamadas, pois isso pode inibir a cicatrização.
O aquecimento é eficaz para dores crônicas, como articulações doloridas por causa de reumatismo. O calor na área danificada estimula bastante os receptores das dores, sobrecarregando o portão da dor e vetando a interpretação das mensagens. Estimular a pele ainda ajuda a relaxar os músculos subjacentes.
A pele humana contém uma intrincada rede de terminações nervosas, que detecta o local e a natureza de qualquer estímulo doloroso. Se cortar um dedo, por exemplo, você sente dor no local da lesão. No entanto, outros órgãos não estão bem providos de terminações nervosas, e, assim, a localização exata e a causa da dor são bastante difíceis de identificar.
Ademais, muitas mensagens de dor são agrupadas e transmitidas por uma via nervosa comum. Isso pode levar o cérebro a interpretar errado a mensagem como oriunda de uma parte diferente do corpo. Às vezes num local comple- tamente contrário ao da área da lesão original. Isso se chama “dor referida”. Por exemplo, se ela é sentida no meio das costas pode, de fato, ser um sinal de alerta de problemas no pâncreas. O melhor é deixar que os profissionais da área médica determinem o local e o motivo de dores incomuns.
Dores em geral costumam ser aliviadas com massagem, acupuntura, quiropraxia, osteopatia, relaxamento e outras técnicas naturais. Esses tratamentos têm resultados variáveis, e é possível que cada pessoa reaja de formas diferentes. Com as devidas precauções, esses tratamentos são seguros e cada vez mais populares.
No entanto, é importante saber que a medicina complementar nem sempre mostra resultados imediatos – então, não espere um milagre. Embora começar um novo tratamento possa fazer você se sentir otimista com relação à cura, a compreensão de que uma técnica não está funcionando é capaz de levar à depressão, realçando a percepção de dor. Alguns tratamentos naturais – acupuntura, quiropraxia e estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS, na sigla em inglês) – talvez até causem dor no início, mas, no longo prazo, colaboram no alívio da dor associa- da a doenças crônicas.
Você deve consultar um médico antes de se submeter às terapias naturais a fim de garantir que os tratamentos alternativos são adequados ao seu problema. Isso é relevante sobretudo se a dor apresentar os sintomas de alerta descritos anteriormente.
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Terapias naturais costumam ser adotadas junto com a medicina ortodoxa. Por exemplo, é possível experimentar aromaterapia e hidroterapia junto com analgésicos para aliviar dores de enxaqueca.
Em geral, remédios naturais são seguros caso sejam seguidas regras simples. Deixe seu médico saber que outros métodos pretende tentar, de modo que, se necessário, o tratamento possa ser ajustado. Você ainda deve relatar se estiver utilizando medicamentos fitoterápicos, por serem capazes de interferir no tratamento farmacológico. Se estiver fazendo fisioterapia, avise o médico a fim de que as práticas não se sobreponham.
Por outro lado, alguns profissionais da medicina complementar se preocupam com a eficácia do tratamento se também houver o uso de medicamentos farmacológicos. Entretanto, você não deve parar de tomar a medicação prescrita sem antes consultar o médico.
Para compreender a natureza da dor, é primordial lembrar que, quando sentida em certas partes do corpo, ela pode se referir a uma lesão situada em outro local.