A concussão é uma lesão ocorrida quando alguém sofre um choque, solavanco ou pancada que faça o cérebro balançar dentro do crânio; saiba mais!
Douglas Ferreira | 2 de Agosto de 2020 às 17:00
Praticar caminhadas, ciclismo e outros esportes ao ar livre é muito saudável. Mas quem se dedica a essas atividades também está sujeito a concussões.
Mais do que um machucado superficial na cabeça, a concussão é uma lesão ocorrida quando alguém sofre um choque, solavanco ou pancada que faça o cérebro balançar dentro do crânio, onde ele fica suspenso no líquido cefalorraquidiano. De acordo com um relatório de 2017 publicado na revista The Lancet, de 30 a 50 milhões de pessoas por ano sofrem concussões e outras lesões traumáticas do cérebro, e as quedas são a causa mais comum.
A imensa maioria das concussões é considerada leve; pode haver dor de cabeça e alguma fadiga, que surgem minutos ou horas depois da colisão, mas desaparecem em 24 horas. Uma concussão mais séria pode ter sintomas graves, como:
A maior parte deles desaparecerá com uma ou duas semanas de repouso, estímulo visual reduzido – evitar telas de computador e celular e leitura – e o retorno comedido às atividades regulares. No entanto, alguns sintomas de concussão podem durar meses ou anos e atrapalhar o funcionamento cotidiano.
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Só recentemente os cientistas começaram a esmiuçar os efeitos de longo prazo das concussões, e seus achados são preocupantes. Um estudo de 2018 publicado na revista The Lancet Psychiatry constatou que uma lesão cerebral traumática grave aos 20 e poucos anos aumentava em 63% o risco de demência 30 anos depois; para pessoas de 30 e poucos anos, o aumento do risco foi de 37%. E, de forma alarmante, até uma única concussão leve aumentava em 17% o risco de vida de pessoas de qualquer idade.
Por essa razão, as concussões se tornaram um tópico crucial, principalmente para atletas. Um estudo publicado em 2019 na New England Journal of Medicine com jogadores de futebol profissionais, que rotineiramente dão cabeçadas na bola e colidem com outros jogadores, mostrou que eles têm probabilidade 3,5% maior de morrer de demência do que o público em geral.
“Temos uma ideia bastante boa do que acontece com o cérebro nos anos seguintes a uma concussão”, diz o Dr. Michael Grey, especialista em lesões cerebrais da Universidade de East Anglia, em Norwich, no Reino Unido. Ele explica que uma pancada forte na cabeça pode provocar agregados de proteína em torno dos neurônios que enviam as mensagens do cérebro, atrapalhando a comunicação entre este órgão e o restante do corpo. Na verdade, qualquer trauma repetido na cabeça – colisões com adversários no jogo de futebol ou trocar socos no boxe – pode danificar os neurônios com o tempo.
Para quem participa de atividades recreativas, Grey diz que os benefícios ainda superam os riscos; ele afirma que a inatividade pode provocar obesidade e outros problemas de saúde. Ele sugere praticar esportes com o máximo possível de segurança, de olho nos sintomas de concussão e, caso surjam, procurar o médico imediatamente. Não tratar de imediato uma lesão cerebral traumática, principalmente se for grave, pode provocar convulsões, hemorragia e coágulos que ameaçam a vida. Em casos raros, o inchaço do cérebro pode provocar a morte.
Também vale notar que, embora sejam recomendados capacetes para pedalar e praticar outros esportes, eles só protegem os usuários de fraturas, não de trauma cerebral.
No caso de crianças, Grey dá um conselho: “Frequentem clubes que levem a sério as concussões. Em dúvida, não deixe que participem.”