Conheça a ECMO, terapia ainda pouco utilizada no Brasil e que vem ajudando na recuperação do ator Paulo Gustavo.
Paula Vieira | 7 de Abril de 2021 às 14:42
Após ser internado no dia 13 de março com a Covid-19, o ator Paulo Gustavo teve uma piora na última sexta-feira e foi submetido a uma terapia chamada ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea), ainda pouco conhecida no Brasil.
A ECMO se trata de um aparelho com coração e pulmão artificial que conta com tubos, bomba, aquecedor e um oxigenador. O tratamento é realizado quando a oxigenação mecânica comum não faz mais efeito no paciente, ou seja, é usado apenas em casos mais graves.
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A médica infectologista Ana Pereira, que atua na linha de frente contra a Covid-19 no Hospital Semper, em Belo Horizonte, explicou como o procedimento é feito através do aparelho.
“A ECMO é conhecida como um pulmão artificial. Todo o sangue venoso da pessoa é retirado, passando por uma membrana, por fora do corpo, onde acontece a troca do gás carbônico pelo oxigênio, realizando função semelhante a do pulmão normal.”
Apesar de estar ajudando pacientes com quadros mais graves de Covid-19, a ECMO se trata de uma tecnologia nova, ainda pouco usada no Brasil e também tem um alto custo. Em entrevista à CNN, a médica cardiologista Ludhmil Hajjar afirmou que a terapia foi barrada pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) em 2015, pelo seu alto valor, que atualmente chega a R$ 30 mil por dia.
Segundo a infectologista Ana Pereira, a terapia ECMO precisa ser feita por profissionais que já tenham experiência com o aparelho. Por isso, não é recomendado que clínicas adotem o procedimento em um ato de desespero.
“É uma tecnologia muito alta, muito cara e não é recomendado que clínicas que nunca trabalharam com ECMO façam a partir de agora. Além disso, há muita contraindicação para pessoas com comorbidades graves, como câncer, obesidade grau 4 ou que realiza hemodiálise e tem algum outro problema crônico de saúde”, explicou a especialista.
Além dos pacientes com possível restrição ao tratamento, os efeitos colaterais causados pela ECMO precisam ser ponderados antes que a pessoa seja submetida à terapia. No caso do ator Paulo Gustavo, o respirador comum já não sustentava a oxigenação, por isso, sua equipe médica optou pelo novo tratamento.
“Há um risco muito alto de complicações, como sangramento, risco de lesão neurológica, tanto por falta de ar quanto por trombose, pode causar AVC, diminuir as plaquetas, entre outros”, afirmou a infectologista Ana Pereira.
Para a médica, que coordena a equipe de enfrentamento à Covid-19 no Hospital Semper, a ECMO deve ser usada somente quando o paciente não responde aos outros tratamentos. Mas, por ainda ser pouco conhecida no Brasil, não há dados suficientes que comprovem a influência da terapia na redução de mortes em decorrência da doença.
“Se usa no ‘desespero’, quando já tentaram vários tratamentos e a pessoa não responde, quando não há troca com a ventilação mecânica tradicional. Nesse caso, se usa a ECMO. Como poucos lugares têm a tecnologia, a gente ainda não pode falar da influência dela na mortalidade por Covid-19”, finalizou.
Caso apresente sintomas de Covid-19, como falta de ar, tosse e perda de olfato e paladar, procure imediatamente ajuda médica.