Embora romantizado, o período da gravidez é bastante delicado. Aprenda como a saúde mental na gravidez é capaz de interferir na saúde da criança.
Cadu Guarieiro | 10 de Maio de 2023 às 14:33
A chegada de um bebê pode ser um dos momentos mais emocionantes e transformadores na vida de uma mulher. No entanto, esse período também pode ser acompanhado por uma série de desafios, especialmente quando o assunto é saúde mental.
Durante a gravidez é natural que a mulher passe por diferentes tipos de mudanças. No entanto, não são apenas mudanças físicas, mas também mentais e emocionais. De acordo com o Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, cerca de 10% das mulheres grávidas e 13% das mulheres no pós-parto sofrem de algum problema de saúde mental, principalmente depressão. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, o número de casos é ainda maior.
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Um estudo feito com mães de primeira viagem, publicado na revista Pesquisa e Práticas Psicossociais, revelou que não importa como cada gestante experiencie a gravidez, uma coisa é certa: todas compartilham das mesmas questões quando o tema é mudança corporal.
De acordo com o estudo, é comum que mulheres grávidas sintam-se incomodadas com as alterações que ocorrem em seu corpo, impactando na autoimagem e na relação com o parceiro. Algumas relatam sentir vergonha de seu corpo frente ao companheiro, enquanto outras experimentam desconforto físico. Outra parcela afirmou que a preocupação com o bebê é tanta, que as questões físicas acabam sendo coadjuvantes.
Mariza Theme, médica, epidemiologista, pesquisadora e professora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) pontua que não existe uma maneira certa ou errada de se sentir quando a mulher descobre que está grávida, e que as reações e emoções variam de acordo com as experiências individuais e com o momento particular de cada uma. Ainda que muitas sintam uma grande alegria e entusiasmo com a descoberta da gravidez, outras acabam por ter essa felicidade misturada com outras sensações como a preocupação, a incerteza e o medo.
A chegada de uma criança interfere não só na rotina, mas também nas finanças e em outras questões que rodeiam a cabeça da mulher, que podem ter como consequência a ansiedade. Embora o feto não reconheça as situações, ele recebe parte dos hormônios liberados pelos sentimentos maternos, ou seja, em momentos de maior felicidade, o bebê recebe serotonina e outras substâncias relacionadas ao bem-estar, tal qual, em momentos de estresse é afetado pela adrenalina, podendo até mesmo ficar mais agitado.
Layna Nunes, médica psiquiatra, afirma que tais episódios desconfortáveis podem configurar violência infantil e são enquadradas como abuso pré-natal, que é quando a situação de estresse e violência que a mãe é submetida durante a gestação interfere no desenvolvimento da criança.
Diversos são os transtornos que podem acometer as mães durante e após o período gestacional, como crise de pânico, estresse pós-traumático e até mesmo a psicose puerperal, causando agitação, confusão mental, choro excessivo e tristeza profunda nas mães.
Ainda que socialmente bastante romantizada, é necessário lembrar que a gravidez é uma fase complicada. Por conta disso, é fundamental a presença de uma rede de apoio ao redor da mulher, que atenda aos cuidados necessários com a mãe e com a criança, oferecendo suporte antes, durante e após a gestação.
Agora que você já sabe como a saúde mental na gravidez é essencial para o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê, veja algumas sugestões do que fazer:
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