Identificada pela primeira vez no final de novembro, a Ômicron já migrou para diversos países. Veja o que se sabe sobre essa variante.
Rayane Santos | 22 de Dezembro de 2021 às 16:00
A variante Ômicron é a mais nova protagonista da saga de dois anos da pandemia da Covid-19. Identificada pela primeira vez no final de novembro, na África do Sul, ela já migrou para diversos países. De acordo com um levantamento feito pela CNN, no Brasil, já foram confirmados 40 casos pela variante.
Leia também: Como saber se seus sintomas são de gripe ou de Covid-19
A Ômicron é tão recente que pesquisadores estão trabalhando incessantemente para desvendar seu comportamento e qual é o seu impacto na humanidade. Veja a seguir o que se sabe até agora.
Toda vez que um vírus se replica, é possível que surjam mutações, produzindo versões diferentes do vírus original. A Ômicron tem muito mais dessas mutações do que as outras variantes já conhecidas, diz o Dr. Robert Glatter, médico no Hospital Lenox Hill, em Nova York. Essa variante possui uma mutação com 50 alterações genéticas, sendo 32 dessas na proteína spike (parte do vírus responsável pela sua entrada na célula humana).
Pesquisadores ainda não sabem como a Ômicron se originou. Contudo, acredita-se que ela tenha surgido por meio de uma única pessoa que tenha hospedado o vírus da Covid-19 por um tempo maior que o normal. “Ele estava se desenvolvendo constantemente, multiplicando as chances do surgimento de mutações”, diz o Dr. William Schaffner, especialista em doenças infecciosas no Vanderbilt University Medical Center, em Nashville.
O Dr. Schaffner explica porque as mutações na proteína spike são tão preocupantes: “A proteína spike é [como] a chave que vai para a fechadura da célula, permitindo que o vírus entre e se multiplique”, diz ele. Esse fator pode afetar a rapidez com que o vírus se espalha.
Estudos indicam que a Ômicron talvez seja mais transmissível que a variante Delta, que, por sua vez, já é mais transmissível que suas precedentes.
“Os dados são preliminares, mas essa parece ser uma cepa altamente transmissível”, diz o Dr. Schaffner. A Ômicron é, definitivamente, tão contagiosa quanto a Delta e talvez até mais, explica ele, dizendo: “Se houvesse uma corrida entre as duas, a Ômicron poderia vencer a Delta.” Por enquanto, a Delta está na frente, mas isso pode mudar.
Ainda não se sabe se a Ômicron causa sintomas mais ou menos graves do que as outras variantes. Até agora, diz o doutor Glatter, o número de pessoas hospitalizadas é baixo e os casos parecem menos graves do que os da variante Delta. Contudo, isso varia de país para país, uma vez que as taxas de contaminação e vacinação são bastante diversas ao redor do mundo. No Brasil, por exemplo, não há registro de pessoas hospitalizadas infectadas por essa variante. Já no Reino Unido, houveram 12 mortes e 104 pessoas internadas.
Além da incerteza em relação à gravidade da Ômicron, os primeiros registros dela foram em jovens adultos, que, em geral, tendem a lidar melhor com a Covid-19 do que a população mais velha.
Somado a isso, existe uma falta de dados em relação a casos de infecções de pessoas que já haviam sido infectadas, bem como aquelas que foram vacinadas. Muitas pessoas com Covid tiveram apenas sintomas leves e muitas foram assintomáticas. Ainda assim, é possível afirmar que mais de 600 mil pessoas já foram a óbito no Brasil por causa da Covid-19.
Não há indícios de que os sintomas da Ômicron sejam diferentes de outras variantes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Assim como as outras infecções da Covid-19, os sintomas incluem: febre, tosse, dificuldade para respirar, fadiga, dores musculares, dores de cabeça, perda de olfato ou paladar, dor de garganta, náusea, vômito e diarréia.
Atualmente, no Brasil há cinco vacinas sendo aplicadas no Brasil: Pfizer, Coronavac (Butantan), Oxford (Fiocruz e Astrazeneca), Janssen e Sputnik. Até agora acredita-se que todas elas sejam eficazes contra a variante Ômicron, mas ainda são necessários estudos que confirmem isso. “Deve-se conseguir proteção adequada contra as variantes estando devidamente vacinado, o que agora corresponde a três doses”, diz o Dr. Glatter. No entanto, os dados são limitados.
A fim de transmitir segurança, um comunicado da Pfizer/BioNTech diz que três doses da sua vacina garantem uma proteção significativa contra a Ômicron. Além disso, a gigante farmacêutica acrescentou que, por causa dessa nova cepa, pode ser necessário uma quarta dose da vacina 12 meses após a aplicação da terceira dose. Em breve, devem haver mais informações sobre isso.
Leia também: O que acontece se você contrair Covid após tomar a vacina?
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, a composição genética da Ômicron sugere que pelo menos alguns tratamentos contra Covid-19 já existentes serão efetivos contra essa variante.
Para casos leves, o tratamento pode incluir analgésicos, ingestão de líquidos e descanso. Já casos mais severos necessitam de monitoramento médico e, se o quadro se agravar, pode ser necessária a internação.
É válido lembrar que ainda não existe um medicamento específico indicado para o tratamento da Covid-19. Contudo, empresas do ramo farmacêutico estão trabalhando para a produção dele. A FDA (Food and Drug Administration), órgão que faz o controle de alimentos e remédios nos Estados Unidos, acabou de aprovar dois novos remédios que parecem ser eficazes.
No final de novembro, a Anvisa recebeu o pedido de uso emergencial do molnupiravir, produzido pela Merck. Segundo estudos, esse remédio pode reduzir os riscos de hospitalização e morte em 30% se for tomado até cinco dias após o aparecimento dos primeiros sintomas.
Enquanto isso, a Pfizer desenvolveu o paxlovid. Esse medicamento pode diminuir as chances de hospitalização e morte em quase 90% se for tomado até três dias do após o aparecimento dos primeiros sintomas.
“Estamos preocupados com a Ômicron, porém sabemos que as vacinas são eficazes contra a Delta”, afirma o Dr. Schaffer. A chegada da variante Delta fez com que casos de Covid aumentassem nos Estados Unidos e em países da Europa e Ásia, contudo, no Brasil, isso não aconteceu.
A orientação dada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) continua sendo que as pessoas se vacinem. Cada pessoa vacinada reduz o risco do surgimento de mais variantes da Covid-19.
O vírus da Covid-19 pode continuar a mudar de modo inesperado, mas as medidas de proteção devem permanecer as mesmas.
Como dito anteriormente, as vacinas são a chave. Além disso, o Ministério da Saúde recomenda manter o distanciamento social, higienizar as mãos frequentemente e usar máscaras para prevenir a infecção pela Ômicron e outras variantes da doença.
Traduzido de https://www.thehealthy.com/infectious-disease/omicron-variant/