Cientistas modificam bactérias que podem revolucionar o tratamento do câncer

Estudo da Stanford Medicine mostra resultados promissores no combate ao câncer a partir de bactéria da pele.

Carol Ávila | 18 de Abril de 2023 às 15:31

- Imagem: gorodenkoff / iStock

Pesquisadores da Stanford Medicine descobriram uma possível nova maneira de combater o câncer, através de uma bactéria encontrada na pele humana. Um estudo publicado no dia 13 de abril utilizou a bactéria em camundongos, concluindo o estímulo do sistema imunológico para combater as células tumorais.

A partir de modificações genéticas da bactéria Staphylococcus epidermidis, foi produzida uma proteína exclusiva do tumor capaz de estimular o sistema imunológico para ser injetado na pele de camundongos. Segundo o estudo, a resposta imune resultante foi forte o suficiente para matar até mesmo um tipo agressivo de câncer de pele metastático, sem causar inflamação.

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Segundo Michael Fischbach, professor doutor de bioengenharia na Universidade de Stanford, pelos significantes resultados, não dava pra imaginar que o procedimento fora tão simples.

"Esses camundongos tinham tumores muito agressivos crescendo em seus flancos, e demos a eles um tratamento gentil, simplesmente pegamos um cotonete de bactérias e o esfregamos no pelo de suas cabeças”, disse Fischbach. 

Como bactérias podem combater o câncer

Ao inserir um antígeno tumoral (a proteína do tumor) na epiderme estafilocócica de camundongos doentes, o estudo mostrou que eles poderiam induzir o sistema imunológico das cobaias a produzir células T CD8 para combater o antígeno escolhido.

Essas células passaram pelos sistemas dos organismos e proliferaram rapidamente quando encontraram um tumor correspondente, diminuindo drasticamente o crescimento do tumor ou extinguindo os tumores completamente.

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Em seguida, as bactérias geneticamente modificadas foram aplicadas em camundongos saudáveis. E, como a Staphylococcus epidermidis é uma eficiente colonizadora da pele, eles não precisavam limpar ou raspar o pelo dos animais, mas simplesmente esfregar a bactéria em suas cabeças. Por fim, a absorção da bactéria não causou nenhuma inflamação ou infecção.

 

Naturalmente, nem todos os estudos realizados com camundongos são viáveis e conclusivos para a saúde humana. Porém, eles podem encaminhar para pesquisas e futuros tratamentos apropriados ao corpo humano. Michael Fischbach está otimista quanto ao estudo em humanos, pois a bactéria geralmente desaparece da pele do camundongo em algumas semanas, enquanto para a maioria dos humanos as cepas de bactérias costumam permanecer na colonização por bastante tempo. 

“Em humanos, a amostra colonizará de forma mais eficiente, potencialmente levando a um suprimento constantemente renovado de células T específicas do tumor”, afirmou Fischbach.

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