Gene já era associado à proteção de outros problemas de saúde.
Carol Peres | 2 de Dezembro de 2024 às 16:06
Ainda que o período de pandemia de covid-19 tenha ficado para trás, muitas dúvidas sobre o vírus ainda não foram esclarecidas. Por isso, a doença ainda pe objeto de estudo de pesquisadores mesmo com o número de casos significativamente inferior a 2020 e 2021.
E um estudo brasileiro publicado no final de novembro aponta a resposta para uma importante questão: por que algumas pessoas não se infectaram ou ficaram assintomáticas mesmo tendo contato direto com o vírus?
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O artigo foi publicado na revista Frontiers in Cellular and Infection Microbiology e identificou que a proteína IFIT3 atuou na restrição de vírus em mulheres assintomáticas, apontando que essa família de genes é uma área de estudo promissora para solucionar o questionamento explicado anteriormente.
“Trata-se de um gene que faz parte da resposta antiviral. Ele já foi descrito em estudos anteriores como sendo relacionado à proteção contra outras doenças virais, entre elas dengue, hepatite B e adenovírus. Só que, em nosso trabalho, conseguimos pela primeira vez provar esse efeito protetor para além da teoria, pois é muito improvável que as seis mulheres não tenham sido expostas ao SARS-CoV-2 numa condição em que dividiram ambientes e cuidaram dos maridos infectados”, explicou o primeiro autor do artigo, Mateus Vidigal, à CNN Brasil.
A pesquisa foi desenvolvida através da coleta de sangue e processamento das amostras de casais que se voluntariaram, e teve início em 2020. Então, os cientistas recrutaram, a princípio, 100 casais de São Paulo. Porém, apenas 6 deles continuaram sorodiscordantes e foram o foco das investigações, ou seja, somente um dos cônjuges foi infectado pelo vírus. Nesse grupo de casos específicos, foram as mulheres que permaneceram resistentes.
“O vírus invade a célula, porém, todo aquele processo de se replicar para romper a membrana celular e invadir o maior número possível de outras células é interrompido logo no começo. A proteína IFIT3 se ‘gruda’ no RNA viral, impossibilitando sua replicação. Ou seja, não é que essas mulheres não tenham sido infectadas, elas foram. Mas o vírus mal se multiplicou dentro de suas células e, por isso, elas não tiveram a doença”, completou o pesquisador.
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