Entenda o motivo de você sentir aromas que não existem.
Luana Viard | 27 de Maio de 2024 às 18:30
Você já teve a sensação de sentir o cheiro de perfume ou outros aromas de repente, sem qualquer explicação aparente? Isso é mais comum do que você imagina e existem explicações científicas para esse fenômeno curioso.
"Trata-se da percepção de odores fantasmas, que não existem e podem ser intermitentes ou constantes", informa Andy Vicente, otorrino do Hospital Cema, em São Paulo. Vamos te explicar mais detalhes sobre essa situação.
Basicamente é um distúrbio olfativo que faz com que a pessoa perceba cheiros que não estão presentes no ambiente. Isso pode acontecer de forma esporádica ou recorrente e pode ser um sintoma de diversos problemas de saúde, desde simples resfriados até condições mais sérias, como sinusite, epilepsia, enxaqueca ou até mesmo tumores cerebrais.
Segundo o especialista Andy Vicente, é comum que os indivíduos afetados por essa condição relatem odores associados a substâncias químicas e fumaça, como cheiro de incêndio ou cigarro, além de aromas desagradáveis, como os de fezes, carniça ou ovo podre.
Ocasionalmente, algumas pessoas podem experimentar fragrâncias agradáveis, porém, quando esses aromas aparecem e desaparecem de forma recorrente, podem ser igualmente perturbadores e prejudiciais para o bem-estar emocional.
Quanto à origem desse fenômeno, há ainda pouco conhecimento, entretanto, Vicente esclarece que, assim como na parosmia, vírus e bactérias poderiam ser possíveis agentes causadores de inflamações nos nervos (neurites), embora não os únicos.
Ele também menciona a existência de pólipos nasais, tumores, exposição prolongada a tintas, solventes, álcool e substâncias entorpecentes, condições neurológicas e distúrbios psiquiátricos como fatores contribuintes.
Causas mentais também podem causar este distúrbio. "No luto, como os odores ficam registrados no inconsciente, a pessoa pode senti-los de novo devido a associações geradas por outros sentidos, como enxergar algo que remeta a uma memória", esclarece Wimer Bottura, psiquiatra pelo IPq-FMUSP (Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
O sistema nervoso, quando afetado por acidente vascular cerebral (AVC), epilepsia, esquizofrenia, depressão, doença de Parkinson, doença de Alzheimer, transtorno bipolar, passa por mudanças, lesões e danos nos neurônios, incluindo aqueles da região olfatória, situada no córtex cerebral. Explica Júlio Pereira, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião.
"Isso gera uma enorme confusão sensorial e que ainda atinge, pela proximidade, o sistema límbico, relacionado às emoções. Por isso, o cheiro pode despertar sensações diversas, como tristeza, perigo, mal-estar, ansiedade", explica Pereira.
Conforme apontado pelos especialistas, a restauração do olfato é um processo gradual, que pode levar de meses a anos. Pacientes que sofrem com este problema aponta que ao cessar o hábito de fumar e adotar uma melhor higiene bucal, percebeu uma melhora em seu olfato, embora suspeite estar enfrentando os efeitos prolongados da COVID-19, nos quais os sintomas persistem após a infecção inicial.
Fontes:
Se você sofre com alguns problemas no olfato, leia nossa matéria: Parosmia tem cura? Alteração de olfato pode ser sequela de Covid-19.
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