Estresse crônico e longos períodos de confinamento podem estar gerando um "cérebro pandêmico" nas pessoas. Entenda o que é!
Julia Monsores | 23 de Agosto de 2021 às 18:00
Será que você tem um “cérebro pandêmico”? Depois de quase dois anos de pandemia, é bem provável que sim. Estudos de diversos lugares do mundo têm apontado alterações no cérebro decorrentes dos efeitos da pandemia da Covid-19. Essas mudanças ocorrem nas estruturas fundamentais do cérebro, podendo diminuir o desempenho cognitivo e, com isso, afetar as atividades que desempenhamos no nosso dia a dia.
Portanto, leia com atenção as próximas linhas e descubra se este é o seu caso.
Ocorre que, quando passamos por alguma situação de estresse prolongada ou permanente, nosso cérebro libera um hormônio chamado cortisol. Esse hormônio, em contato com a mente por muito tempo, pode afetar o volume de algumas regiões do cérebro, além de gerar a diminuição da memória, da concentração e, inclusive, prejudicar a imunidade.
Viver em um contexto de confinamento, incertezas, restrições e espera tem causado um estresse crônico que se tornou parte da rotina da maioria das pessoas. E esse conjunto de problemas que afetam a saúde mental foi batizado de “cérebro pandêmico”.
Este é o nome que cientistas têm dado à série de consequências que nosso cérebro tem sofrido como resultado da pandemia.
A neuropsicóloga Barbara Sahakian, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, é uma das pesquisadoras que têm analisado as consequências do distanciamento social e da ansiedade durante a pandemia em nossa massa encefálica.
Em entrevista à BBC, ela disse: “Por meio de exames de imagem de pessoas socialmente isoladas, detectamos mudanças no volume das regiões temporal, frontal, occipital e subcortical, assim como no hipocampo e na amígdala”.
Mas talvez você esteja se perguntando: como saber se eu tenho um “cérebro pandêmico”? Algumas pistas podem te ajudar a indicar.
Se você tem tido oscilações de humor constantes, ansiedade, dificuldade de concentração, sentimentos de medo, depressão, incapacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo ou tomar decisões sem se sentir confuso, é possível que você tenha um cérebro pandêmico.
Como consequência dessa carga psicológica, temos também os problemas fisiológicos, tais como:
É perceptível que o “cérebro pandêmico” é mais suscetível em determinadas pessoas, a depender do nível de estresse e resistência a que estamos submetidos.
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Alguém que passou pelo estresse do confinamento não sofreu tanto quanto alguém que perdeu um parente ou ficou desempregado, por exemplo. Nesses casos de perdas, além do estresse crônico, há ainda o estresse pós-traumático, o que contribui ainda mais para o sofrimento, a ansiedade e a depressão.
Mas, então, como evitar ou se recuperar de um cérebro pandêmico?
Enquanto esperamos o retorno à normalidade, podemos adotar algumas estratégias que, com o tempo, possivelmente irão melhorar as funções cognitivas e a saúde mental.
As técnicas listadas acima darão uma chance para o cérebro se recuperar, mas é importante ficar atento aos “sintomas” e buscar a ajuda de um profissional, caso não haja uma melhora.
Fonte: BBC