Controlar a caspa é o modo de nos livrarmos desses floquinhos que nos deixam embaraçados e com um guarda-roupas limitado a opções em que ela não apreça.
Redação | 2 de Junho de 2018 às 17:00
As estimativas variam, mas de 10% a 50% da população sofre de caspa em alguma época da vida. Ela é caracterizada pela coceira no couro cabeludo e pelo pozinho branco que a acompanha, mas o que é exatamente a caspa, o que a causa e o que fazer para controlá-la?
“O nome médico da caspa é dermatite seborreica, um tipo de inflamação da pele associada a descamação oleosa ou gordurosa”, diz o Dr. Peter Vignjevic, dermatologista de Ontário, no Canadá, e professor assistente da Escola de Medicina da Universidade McMaster. Embora afete com mais frequência a cabeça e o couro cabeludo, também pode ocorrer nas sobrancelhas, nos cílios, nas pálpebras, no nariz e em torno dele e nas orelhas, segundo Vignjevic. Nos homens, também na barba.
No último século, a opinião dos médicos mudou a respeito das razões da dermatite seborreica, como explica o Dr. Roderick Hay, dermatologista e professor do King’s College, em Londres, na Inglaterra. No início do século 20, a medicina identificou um fungo da pele como o culpado, mas nas décadas de 1950 e 1960 “ela também foi considerada um transtorno de proliferação, doença em que a epiderme se duplica mais depressa, como na psoríase”. Nos últimos 30 anos, a teoria do fungo ressurgiu porque os médicos perceberam que antimicóticos ajudavam a reduzir a caspa.
O gênero específico de levedura – o tipo de fungo – ligado à caspa se chama Malassezia. “Nossa pele está literalmente coberta por milhões de bactérias”, diz o Dr. Hay, e na maior parte elas são inofensivas. Mas, em algumas pessoas, as leveduras do gênero Malassezia produzem enzimas que irritam a pele por lhe tirar a gordura natural ou por provocar o sistema imunológico, que desenvolve uma reação proativa. “Os dois provavelmente fazem parte do que chamamos de caspa”, sugere o Dr. Hay.
Pessoas cansadas e estressadas tendem mais à doença, e, embora o tempo frio possa aumentar a secura e a descamação da pele, em geral, a caspa não é sazonal.
A primeira linha de defesa é escolher um shampoo antimicótico que contenha cetoconazol ou piritionato de zinco, que combatem o crescimento dos fungos. Também é possível usar um shampoo de alcatrão, que, embora antiquado, é um antimicótico poderoso. Além disso, há loções antimicóticas medicamentosas para dermatite seborreica do rosto e da barba, explica o Dr. Vignjevic.
Se os antimicóticos não derem certo, pode-se pensar, segundo o Dr. Hay, numa receita de esteroide, que ataca a inflamação provocada pelo fungo. Cuidado com inflamações. Há shampoos, cremes e loções, embora o Dr. Vignjevic explique que o uso de esteroides a longo prazo pode provocar o afinamento da pele e, portanto, exige cautela.
Um esteroide leve pode ser aplicado durante meses, mas, de acordo com Vignjevic, com qualquer coisa mais forte é possível que surjam estrias, hematomas ou lesões espontâneas da pele se o uso durar tempo suficiente.
Talvez os cremes com inibidores de calcineurina não esteroides sejam mais adequados; eles controlam os sintomas sem provocar o afinamento da pele. “Em minha opinião, são mais seguros a longo prazo, e a caspa tende a ser um problema prolongado”, diz o Dr. Vignjevic. A dificuldade com a caspa é que não há cura. Só se pode aprender a controlá-la.