No mês de junho, tanto o meia Christian Eriksen, da Dinamarca, e da Inter de Milão, que sofreu um mal súbito em campo, durante partida da Eurocopa 2021,
Julia Monsores | 18 de Junho de 2021 às 15:00
No mês de junho, tanto o meia Christian Eriksen, da Dinamarca, e da Inter de Milão, que sofreu um mal súbito em campo, durante partida da Eurocopa 2021, quanto o ator Rafael Cardoso utilizaram cardiodesfibriladores implantáveis (CDI).
Esse dispositivo é um tipo de marca-passo que, caso ocorra uma arritmia com risco de morte súbita, dá um choque direto no coração revertendo o que seria uma parada cardíaca.
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O médico cardiologista do Hospital Adventista Silvestre, Dr. Silas Escobar, explicou como funciona o procedimento.
“O implante de um cardioversor desfibrilador implantável (CDI) é relativamente simples. É um procedimento que envolve sedação leve e anestesia local, pequeno corte na região peitoral e punção de uma veia logo abaixo da clavícula para passar dois cabos que entram pela pele e são inseridos no coração e ligados a um aparelho que fica embaixo da pele do paciente que é o cardiodesfibrilador. Esse aparelho pode ser visto e sentido pelo paciente ao toque e funciona basicamente a partir do reconhecimento de arritmias graves através de algoritmos e ao reconhecê-las iniciar estímulos com objetivos de interromper e caso não tenha sucesso realizar uma desfibrilação”, comenta.
Segundo o Dr. Silas Escobar, a pessoa consegue levar uma vida normal, mas pode sofrer algumas restrições.
“De forma geral, o indivíduo leva uma vida quase normal. Como possui um dispositivo implantável deve sair de casa com a carteirinha do dispositivo e informar a existência do CDI caso dê entrada em uma emergência por algum motivo, faça uma cirurgia ou tenha que fazer certos exames como ressonância pois alguns pequenos cuidados específicos devem ser tomados.”, explica.
O paciente vai precisar, ainda, de acompanhamento periódico com um arritmologista.
“É necessário procurar uma especialidade da área da cardiologia, pois é preciso trocar as da bateria do aparelho ao longo da vida. A maioria dos exercícios como corrida e musculação são permitidos, outros como tênis devem ser evitados. Em relação a atletas profissionais, como o jogador Christian Eriksen do Internazionale de Milão, a situação é mais delicada já que o futebol é um esporte de contato e a possibilidade de desmaios em campo por choque deflagrado do aparelho e problemas na parte mecânica do dispositivo em caso de “pancadas” dentro de campo devem ser muito bem analisadas. Acredito que a decisão mais provável será, infelizmente, a interrupção precoce da carreira do atleta como jogador de futebol”, analisa o cardiologista.
Além disso, pessoas que precisam usar cardiodesfibrilador implantável (CDI) devem realizar exercícios regulares, com vistas a manter o condicionamento, no entanto a intensidade precisa ser avaliada.
O Dr. Silas Escobar falou ainda do motivo dos cardiodesfibriladores implantáveis estarem sendo tão comuns em pessoas jovens.
“Várias doenças cardíacas que necessitam desse aparelho costumam afetar pessoas jovens. O ator Rafael Cardoso possui uma condição chamada Cardiomiopatia Hipertrófica que geralmente se descobre na infância ou adolescência e é uma das doenças que pode ter como resultado uma parada cardíaca (morte súbita) por arritmias malignas. Outras doenças comuns em pessoas jovens como miocardites, doenças congênitas e arritmias mais raras como a síndrome do QT longo também são causas de morte súbita e indicações potenciais de implantes de CDI”, finaliza o cardiologista.