A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) alerta que a variação glicêmica em pessoas com diabetes pode elevar o risco da candidíase. Confira!
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) alerta que a grande variação glicêmica em pessoas com diabetes durante a pandemia pode elevar o risco para o desenvolvimento da candidíase. Esta é uma infecção que pode ocorrer na pele ou nas membranas mucosas do corpo, sendo que os locais mais comuns para aparecerem são a boca e as regiões genitais.
A vagina é um ecossistema complexo e delicado, lar de uma quantidade infinita de micro-organismos – tanto “bons” como “maus” – incluindo o fungo Candida albicans.
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Segundo um estudo indiano divulgado na US National Library of Medicine, 90% dos pacientes com diabetes descontrolada apresentaram Candida, assim como 63,3% das pessoas com diabetes controlada e em 20% das pessoas sem diabetes.
Segundo o Dr. Airton Golbert, coordenador do Departamento de Diabetes na Gestação da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), há uma estreita relação entre diabetes e candidíase.
“A candidíase de repetição é, frequentemente, o primeiro sintoma de diabetes tipo 2 – doença que pode levar de 4 a 10 anos até ser diagnosticada, devido à falta de sintomas, nessa fase inicial da doença”, explica.
De acordo com o especialista, quando o diabetes está descompensado, há uma diminuição dos mecanismos de defesa do organismo, por falta da mobilização de leucócitos. E assim, aumenta-se a chance dos pacientes desenvolverem a infecção.
“Outro motivo, além da baixa imunidade, é a alta excreção de glicose pela urina (causada também pelo desequilíbrio do diabetes), que predispõe a instalação da infecção por cândida. Um fator adicional à predisposição de candidíase é o sobrepeso, visto que 80 a 90% das pessoas com diabetes do tipo 2 são obesas”, completa.
O que é a Candida?
A candidíase é uma doença que afeta 75% das mulheres no Brasil. Diversos fatores influenciam o aparecimento da candidíase, como alimentação, hábitos de higiene e roupas inadequadas, geralmente muito apertadas ou úmidas.
A Candida é um fungo muito comum, e na maior parte das vezes reside na vagina de metade de todas as mulheres. No entanto, se o ecossistema entrar em desequilíbrio, os fungos podem se expandir, causando coceira, ardência e dor, evoluindo para a candidíase.
Mas quais são os fatores que geram esse desequilíbrio e propiciam o surgimento da candidíase?
- Uso de papel higiênico e absorventes coloridos ou perfumados: esses produtos podem romper o ambiente natural da vagina, propiciando irritação e o desenvolvimento da candidíase.
- Uso dos “produtos femininos”: talcos, sprays ou sabonetes para perfumar a região vaginal são completamente desnecessários, uma vez que eles podem irritar a área genital e propiciar o desenvolvimento de candidíase.
- Dietas com alto índice glicêmico: Assim como as mulheres diabéticas apresentam mais tendência a ter candidíase, as que são resistentes à insulina também têm. Essa condição acontece quando as células ficam resistentes à insulina, elevando a taxa de açúcar no sangue a níveis inaceitáveis.
- Uso prolongado de antibióticos: esses medicamentos podem matar bactérias boas que mantêm a flora vaginal equilibrada. Assim, caso você esteja se tratando com antibióticos e for propensa a ter candidíase, pense em tomar um suplemento probiótico (suplemento de bactérias “benéficas”), como lactobacilo.
Estratégias de prevenção
Algumas medidas práticas podem ser de grande auxílio para quem quer controlar a candidíase e o diabetes. Antes de mais nada, é importante realizar algumas mudanças no estilo de vida — que incluem mudanças na frequência de exercícios físicos e uma alimentação mais equilibrada. (Confira aqui algumas dicas de saúde para quem tem diabetes)
Experimente também as seguinte dicas:
- Tome iogurte: Estudos sugerem que consumir diariamente 240 ml de iogurte que contenha culturas vivas de bactérias ativas ajuda a manter um ambiente vaginal saudável, reduzindo assim o risco de infecções de repetição;
- Prática de pelo menos 15 minutos de exercícios por dia: de preferência revezando entre treinos aeróbicos e de força. Ainda tem dúvidas de como escolher o melhor para você? Confira esse texto!
- Inclua estes amigos em sua alimentação: alimentos com alto teor de fibras, como hortaliças, feijões e grãos integrais; e as gorduras boas do azeite de oliva, dos frutos oleaginosos, como nozes e sementes, e do abacate; e alimentos com proteína magra;
- Tenha sempre à mão um creme ou óvulo antifúngico (miconazol ou clotrimazol): use-o assim que notar o primeiro sinal de coceira na vagina;
- Use peças íntimas de algodão: dê adeus às roupas íntimas de náilon e opte por calcinhas de algodão, uma vez que elas permitam uma respiração adequada da região, o que impede a proliferação da candidíase.
Dica extra para controlar a candidíase
Evite usar calcinhas por tempos prolongados. Na verdade, não há necessidade disso — o ideal, segundo a ginecologista Dra. Evelyn Prete, é deixar a vagina “respirar” por mais tempo possível. E isso porque as bactérias e fungos que vivem nessa região são altamente sensíveis à temperatura e à umidade.
E assim, acabam sendo afetadas pelo uso prolongado da calcinha. Fora que, convenhamos: usar calcinha às vezes pode ser bem desconfortável, então se você tem estado predominantemente em casa, em home office, pode abrir mão dela durante o dia.