Embora Sul e Sudeste ainda mantenham taxas gerais mais elevadas, maior crescimento anual de câncer colorretal ocorreu em estados do Norte e Nordeste.
Nos últimos 30 anos, o Brasil tem enfrentado um desafio crescente no combate ao câncer colorretal. Essa doença, que afeta o cólon, o reto e o canal anal, é atualmente a terceira principal causa de mortes por câncer no país. Os dados são de um estudo conduzido por cientistas de universidades federais de Goiás (UFG), Minas Gerais (UFMG) e do Rio de Janeiro (UFRJ), e publicado na revista “Saúde em Debate”.
De acordo com os dados apresentados no estudo, a prevalência do câncer colorretal aumentou significativamente ao longo das três últimas décadas analisadas. Em 1990, a taxa entre as mulheres era de 83 casos por 100 mil habitantes, crescendo para 145 casos em 2019, o que representa um aumento médio anual de 1,9%. Entre os homens, o crescimento foi ainda maior: de 83 casos para 174 casos por 100 mil habitantes, com média anual de 2,6%.
Diferenças regionais e disparidades
Embora as regiões Sul e Sudeste apresentem as maiores taxas absolutas da doença, os maiores aumentos percentuais ocorreram no Norte e Nordeste. Entre os homens, os estados com maior crescimento anual no número de casos de câncer colorretal foram Pernambuco (3,5%), Bahia e Ceará (3,4% em ambos).
A mortalidade também apresentou uma tendência preocupante de crescimento em 14 estados, especialmente nessas regiões, com redução registrada apenas no Distrito Federal. Em São Paulo, estado com maior prevalência absoluta, a taxa anual de crescimento foi de 2,3% entre os homens, saltando de 115 casos por 100 mil habitantes em 1990 para 221 em 2019. Para as mulheres, o aumento foi de 1,9%, indo de 83 para 145 casos no mesmo período.
Segundo os pesquisadores, o envelhecimento populacional é um dos fatores que contribuem para o aumento geral dos casos. Além disso, a adoção de hábitos prejudiciais à saúde – como maior consumo de álcool, tabaco e alimentos ultraprocessados – impacta significativamente as taxas, especialmente entre os homens.
Para Anelise Schaedler, epidemiologista da UFG e coautora do estudo, é essencial implementar políticas públicas que promovam a sensibilização de profissionais de saúde e o rastreamento precoce da doença.
“O rastreamento pode variar conforme a capacidade financeira do sistema de saúde local, o que reforça a importância de uma estratégia nacional liderada pelo Ministério da Saúde, principalmente nas regiões menos desenvolvidas”, explica.
Para Schaedler, a atenção deve ser direcionada tanto à identificação precoce quanto à melhoria das taxas de sobrevida.
“Investigar casos associados a fatores externos é essencial, pois muitas dessas situações são potencialmente evitáveis”, conclui.
*Com informações de Agência Bori.