O café solúvel é mais concentrado do que o café em pó. O ideal é que os adultos consumam até três xícaras por dia, em horários específicos.
Paula Vieira | 5 de Agosto de 2021 às 14:00
O café está fortemente presente no cotidiano do brasileiro, que chega a tomar de 4 a 5 xícaras todos os dias, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Considerado um verdadeiro despertador pela manhã, por ser fonte de cafeína, o café também faz parte da categoria de alimentos funcionais. Pode, inclusive ajudar a controlar o peso entre outros benefícios.
Um estudo publicado pela Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo aponta evidências científicas de que o consumo de café melhora os níveis de energia, a performance física e contribui para a queima de gordura. Além disso, ele fornece nutrientes essenciais ao organismo, principalmente antioxidantes, como o ácido clorogênico.
De acordo com Dra. Mônica Mesquita Marinho de Carvalho, PhD em Nutrição, o café também reduz o risco do aparecimento de diabetes tipo 2. Reduz também a incidência de doenças como demência, Alzheimer ou Parkinson, diminui o estado depressivo e previne o envelhecimento precoce.
A principal diferença entre os dois tipos de café, coado ou instantâneo, está na quantidade de cafeína; esta pode ser até 20% maior na versão instantânea. Considerando os efeitos gerados no corpo, a especialista avalia o café coado como o melhor tipo para consumir no dia a dia.
“O café coado (é o melhor tipo) por conter um pouco menos cafeína do que o café solúvel. Entretanto, a sensibilidade à cafeína difere de pessoa para pessoa, e o café coado poderá ser uma melhor escolha para aquelas pessoas que são mais sensíveis a ela”, afirmou Dra. Mônica Mesquita.
O café instantâneo ou solúvel é fabricado para ser preparado de forma mais prática, sem a necessidade de coar. Encontrado na forma de pó ou grânulos, este tipo de café é composto por grãos moídos, torrados e processados. Para preparar, basta colocar a quantidade desejada em um recipiente e misturar com água fervente.
A concentração do café é diferente porque o processo de evaporação ou congelamento ao qual ele é submetido torna-o mais potente em sua forma solúvel. Além disso, por ter baixa umidade, esse tipo possui maior durabilidade, conservando o sabor natural do grão por mais tempo do que a versão em pó.
Conforme mencionado anteriormente, uma das principais diferenças entre o café coado e o solúvel está na produção, mais precisamente nas etapas de extração (hidratação) e secagem (desidratação).
Inicialmente, os grãos de café são selecionados e colocados em cilindros de combustão para torrefação. Em seguida, são moídos e cortados em pedaços minúsculos por máquinas especiais, para então passarem pela extração e secagem.
Na etapa de extração, o pó moído é hidratado por meio de um processo de imersão em água, que tem o objetivo de criar uma mistura concentrada; preservando o sabor do café enquanto o transforma em composto líquido.
Na secagem, o extrato concentrado pode passar por dois processos diferentes: o de congelamento (liofilização) ou o de pulverização (aspersão).
Basicamente, no processo de congelamento, o extrato é colocado em câmaras de resfriamento especiais para ser transformado em cristais de gelo. Em seguida, a substância é aquecida a vácuo para evaporar toda a água, restando somente o extrato seco, que é o café solúvel disponível nos mercados.
Na pulverização, o extrato é colocado em uma máquina especial que desidrata a mistura com um spray de 30 metros de altura, removendo toda a água. Assim, obtém-se somente o pó seco e solúvel.
Mas, conforme mencionado anteriormente, a quantidade de cafeína é até 20% maior no café solúvel. Por isso, o consumo da bebida deve ser em menor quantidade.
“A bebida contém cerca de 20% mais cafeína que o café coado tradicional. Por isso, seu consumo deve ser em menor quantidade, principalmente a fim de evitar alterações de humor e demais efeitos típicos da cafeína no corpo. Além disso, devido ao processo a que é submetido durante a secagem, a versão solúvel contém menor quantidade e concentração de antioxidantes, excelentes para a imunidade e saúde geral do organismo”, explicou Mônica Mesquita.
Veja, a seguir, outras diferenças conforme o valor nutricional e energético, a quantidade de acrilamida e o preço.
Eis o comparativo da Associação Brasileira das Indústrias de Café entre o café solúvel e o coado; considerando o consumo de uma xícara pequena (50 ml):
Sendo assim, o café coado ganha com um placar de 5 a 4 do café solúvel.
A substância acrilamida surge nos alimentos quando estes são torrados, grelhados ou fritos em altas temperaturas. O composto químico passou a ser considerado perigoso para a saúde em 1990, após estudos indicarem que está associado ao surgimento de tumores em cobaias. Porém, não há testes em humanos com respostas conclusivas sobre a questão.
“O café solúvel (instantâneo) pode conter até duas vezes mais acrilamida, uma substância que se forma quando os grãos de café são torrados. A acrilamida se torna um composto que causa danos ao DNA e mutações. No entanto, o National Cancer Institute observa que estudos em humanos não descobriram que a exposição à acrilamida nos alimentos está associada ao risco de qualquer tipo de câncer”, frisou a especialista.
Costuma-se encontrar o pote de café solúvel tradicional de 100 g pelo valor de R$ 11 a R$ 13, enquanto o café em pó, embalado a vácuo, de 500 g custa entre R$ 8 e R$ 12.
O sabor do café solúvel é mais suave do que o do café em pó. Além disso, sua consistência pode ficar mais espessa, já que os grânulos são misturados diretamente na água, diferente do café que é coado.
Apesar de o brasileiro ter o costume de tomar muito café, o ideal é que os adultos consumam até três xícaras por dia, em horários específicos, para não influenciar no desempenho do dia a dia. Veja a recomendação da Dra. Mônica Mesquita.
“O consumo de café (seja coado ou solúvel) deve se limitar a 2 a 3 xícaras de cafés por dia, em adultos saudáveis. Diversos estudos indicam que os momentos mais adequados para o consumir são entre as 9h30-11h30 e as 13h30-17h. Ou seja, após os picos de produção de cortisol (um hormônio relacionado à regulação do ciclo circadiano e com a manutenção do estado de alerta), de forma a evitar a tolerância à cafeína”, explicou.
Além desse cuidado, é necessário ter em mente que nem todas as pessoas devem consumir o café com a mesma regularidade, pois ele pode interferir no desenvolvimento e piorar problemas psicológicos e disfunções como a síndrome do intestino irritável.
“Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças, gestantes e mulheres tomando pílula anticoncepcional devem evitar o consumo de café. Por outro lado, pessoas que sofrem de ansiedade, glaucoma, incontinência urinária, osteoporose e síndrome do intestino irritável devem consultar seus médicos antes de beber”, aconselhou Dra. Mônica Mesquita.
Para preparar o café solúvel, basta colocar aproximadamente 3 colheres de sopa da substância em 1 litro de água fervente. Se você preferir fazer uma quantidade menor, diretamente na xícara, coloque uma colher (chá) de pó para cada 240 ml de água.