A ONG Prematuridade.com ressalta os progressos na prevenção e conscientização, mas alerta para os desafios enfrentados em áreas vulneráveis
Luana Viard | 18 de Outubro de 2024 às 18:20
O Brasil tem mostrado uma tendência de diminuição na taxa de partos prematuros, aqueles que ocorrem antes de 37 semanas de gestação — a duração total da gravidez é de 40 semanas. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2015 e 2023, houve uma queda de aproximadamente 15% no número de nascimentos prematuros no país.
Em 2015, a taxa era de cerca de 12,5% do total de nascimentos, enquanto dados preliminares de 2023 sugerem que esse percentual reduziu para aproximadamente 10,6%. Essa diminuição é relevante, considerando que o parto prematuro é a principal causa de mortalidade entre crianças com menos de 5 anos e está frequentemente ligado a complicações de saúde a longo prazo.
Apesar da redução na taxa de prematuridade, o Brasil ainda ocupa a 10ª posição no ranking global de nascimentos prematuros, com 330 mil bebês nascendo precocemente. Entre os principais fatores que contribuem para os altos índices de parto prematuro no país estão a gravidez na adolescência, a falta de acesso a um pré-natal de qualidade, doenças gestacionais e a desinformação, de acordo com um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, 2021).
A diminuição dos partos prematuros também está ligada à queda na taxa de natalidade. Em 2022, o Brasil teve o menor número de nascimentos em 45 anos, totalizando 2,54 milhões de registros, o que representa uma redução de 3,5% em comparação a 2021. A maior diminuição foi registrada na Região Nordeste, que teve 6,7% menos nascimentos.
Denise Suguitani, diretora executiva da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com, destaca que o Brasil ainda enfrenta grandes desafios na prevenção do parto prematuro, especialmente em regiões com menor acesso aos serviços de saúde e entre populações socialmente mais vulneráveis.
“O parto prematuro tem um impacto intersetorial de grandes proporções. Além do alto custo para os sistemas de saúde, a prematuridade pode gerar repercussões de longo prazo, afetando a saúde mental e física dos bebês e de suas famílias. Isso também impacta setores como a assistência social e a educação. Por isso, é cada vez mais necessário garantir o pré-natal e o acompanhamento adequado para reduzir esses números. Precisamos de políticas de incentivo que ofereçam condições para que as mulheres tenham acesso a esse acompanhamento”, explica.
A redução na taxa de partos prematuros é resultado de diversas iniciativas preventivas e educativas, incluindo a disponibilização de assistência pré-natal de qualidade, campanhas de conscientização, uso de tecnologia, testes precoces e monitoramento de infecções. Gestantes que apresentam fatores de risco, como hipertensão, diabetes gestacional ou gravidez múltipla, recebem acompanhamento especializado, com monitoramento contínuo e intervenções personalizadas.
Em certos casos, a utilização de medicamentos para acelerar a maturação dos pulmões do feto e estender a gestação até uma fase mais segura tem se mostrado uma estratégia preventiva eficaz. “Esse avanço é resultado de um esforço coordenado entre o sistema público e privado de saúde, iniciativas educacionais e o fortalecimento de políticas de prevenção, que visam reduzir as complicações associadas ao nascimento prematuro. A conscientização das mães sobre os fatores de risco e os cuidados durante a gravidez desempenha um papel crucial nesse cenário”, salienta Denise.
Com o slogan “Mais de 13 milhões de bebês prematuros todos os anos: acesso a cuidados maternos e neonatais de qualidade em todos os lugares”, a ONG Prematuridade.com prepara a campanha "Novembro Roxo", com seu ponto alto no dia 17 de novembro, o Dia Mundial da Prematuridade. A ocasião contará com uma série de atividades, com o objetivo de chamar a atenção para o tema e debater estratégias que promovam mudanças positivas no cenário do parto prematuro no Brasil.
A programação confirmada inclui a participação de representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria, além de celebridades, pais de bebês prematuros e profissionais de saúde. Como parte das ações, monumentos, estádios de futebol e prédios públicos, como o Congresso Nacional e Assembleias Legislativas de diversos estados, serão iluminados de roxo, cor-símbolo da causa.
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