O Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil nesta quarta-feita (26), saiba mais sobre a epidemia.
Iana Faini | 26 de Fevereiro de 2020 às 13:38
O Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil. Um homem de 61 anos, que esteve na Itália entre 9 e 21 de fevereiro, teve o caso confirmado em São Paulo.
O Brasil passou a ser o primeiro país da América Latina com um caso confirmado do vírus que já matou 2.708 pessoas no mundo. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o governo vai analisar agora o comportamento da doença em um país como o Brasil.
“Agora é que nós vamos ver como o vírus vai se comportar em um país tropical, em pleno verão”, disse ele em entrevista à imprensa na manhã desta quarta-feira (26). “Aumenta nossa vigilância e os preparativos para atendimento.”
Mandetta disse ainda que não há possibilidade de fechar fronteiras em um mundo globalizado. “É uma gripe, mais uma gripe que vamos atravessar. E sua transmissão é similar à de gripes que a humanidade já superou”, disse Mandetta. “Com certeza vamos passar por essa situação investindo em pesquisa, ciência e clareza de informações.”
Ele afirmou ainda que a gripe causada pelo vírus H1N1 era mais grave e também acometia jovens e gestantes; o novo coronavírus tem atingido mais idosos.
O homem que teve o caso confirmado em São Paulo procurou o Hospital Israelita Albert Einstein na segunda-feira (24). Uma amostra do paciente foi enviada ao Instituto Adolfo Lutz, que confirmou a infecção. “Ele chegou sem sintomas, fez uma reunião familiar no domingo e na segunda procurou a unidade de saúde”, disse Mandetta.
O período em que ele esteve na Itália a trabalho (de 9 a 21 de fevereiro) coincide com a explosão de casos no país europeu, quando mais de 220 pessoas foram infectadas.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) catalogou o período de incubação em torno de 14 dias. Parte dos estudos monitorados, segundo o Ministério da Saúde, estão em torno de 9 a 10 dias.
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Até esta quarta, foram confirmados no mundo todo mais de 80 mil casos da infecção pelo Covid-19, nome dado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) ao coronavírus surgido em Wuhan, na China, e 2.708 mortes em decorrência da doença.
Na Itália, foram registrados 320 casos e 11 mortes até esta quarta. O aumento no número de pessoas infectadas pode ter relação com falhas de procedimento em um hospital na região de Milão, onde foi internado um paciente considerado “número um”, segundo informou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.
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O Brasil ainda tem 20 casos suspeitos: 11 em São Paulo e o restante na Paraíba, em Pernambuco, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em Santa Catarina. Em todos os casos, os pacientes chegaram da Itália nos últimos dias. No Espírito Santo, o paciente procurou atendimento numa UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Carapina, na noite desta terça (25).
O secretário de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann Ferreira, disse que vai aumentar o número de pessoas suspeitas, uma vez que há outros países com confirmação da doença, como Suíça e Argélia.
O governo de São Paulo decidiu criar um comitê de contingenciamento para enfrentar a chegada do coronavírus. Ele será coordenado pelo infectologista David Uip e reunirá os maiores especialistas em doenças contagiosas do estado, como o infectologista Marcos Boulos, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e o diretor do hospital Emílio Ribas, Luiz Carlos Pereira Junior.
“Guerra é guerra”, disse Uip, que já foi contatado para assumir a função. Segundo ele, São Paulo está preparado para enfrentar o vírus. “O estado já passou por outras epidemias, como a do H1N1”, afirmou o médico. Em 2009, foram registrados 1.900 casos na capital paulista e 9.000 em todo o estado.
Segundo ele, há planos de contingenciamento já elaborados para enfrentar a chegada do vírus. Eles precisam apenas ser atualizados e implementados. Uma das primeiras providências deve ser isolar leitos de hospitais públicos e privados para receber eventuais pacientes infectados. Haverá também medidas de proteção a profissionais de saúde e estudos rigorosos sobre o fluxo de entrada de pacientes no sistema de atendimento e hospitalar.
Ele afirma que várias questões precisarão ser esclarecidas para a população, como a importância de lavar as mãos e a necessidade de uso de máscaras, por exemplo. Estas precisam ser descartadas a cada período e cada pessoa teria que usar no mínimo três máscaras por dia. “Seriam 600 milhões de unidades por dia”, afirmou Uip, notando que dificilmente as pessoas vão conseguir manter o uso das máscaras.
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