Conhecido como "derrame cerebral", o AVC é a segunda principal causa de morte no Brasil. Saiba como identificar e e se prevenir essa doença.
Conhecido popularmente como “derrame cerebral”, o AVC (Acidente Vascular Cerebral) é a segunda principal causa de morte no Brasil. Celebrado hoje (29), o Dia Mundial do AVC tem por finalidade conscientizar a população sobre a importância de se prevenir desta urgência médica.
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O que causa o AVC?
Perturbações mínimas podem provocar um AVC. No entanto, quase 90% dos AVCs são causados por um coágulo ou uma placa protuberante que bloqueia o fluxo sanguíneo para parte do cérebro. Os demais casos decorrem de ruptura de um vaso sanguíneo cerebral ou em suas proximidades, com interrupção do suprimento de oxigênio para as células adjacentes.
Quais os sintomas do AVC?
O AVC trata-se de uma lesão no cérebro que interrompe o fluxo de sangue e oxigênio, destrói preciosas células cerebrais e pode alterar a vida da pessoa. Os sinais clássicos são:
- Dormência;
- Fraqueza ou paralisia repentina do rosto, braço ou perna, geralmente unilateral;
- Súbita dificuldade para falar ou compreender a fala;
- Início abrupto de visão turva, dupla ou diminuída;
- Ocorrência brusca de tonteira, desequilíbrio ou perda da coordenação;
- Dor de cabeça intensa ou atípica;
- Confusão.
Sinais que podem ser exclusivos das mulheres:
- Perda da consciência ou vertigem;
- Falta de ar;
- Queda;
- Dor súbita no rosto, no tórax, nos braços ou nas pernas;
- Convulsões;
- Soluços, náuseas e cansaço abruptos;
- Palpitação ou taquicardia repentina.
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Leve a sério o ataque isquêmico transitório (AIT)
Antes de um AVC, 30% a 40% das pessoas recebem um aviso: um acidente vascular cerebral de curta duração – o ataque isquêmico transitório (AIT).
Os sintomas do AIT incluem, a princípio, perda da força ou súbita dormência no rosto, braço ou perna; depois confusão ou incapacidade de falar; perda da visão; e/ou cefaleia atípica. Cessam tão rápido quanto começam (geralmente em 24 horas), mas isso não significa que o perigo tenha passado.
Pesquisas apontam que se você não tomar providências após um AIT, o risco de ter um AVC nos dois dias seguintes será de 1 em 20 e, ao longo dos três meses subsequentes, de 1 em 10.
Sempre que perceber qualquer um dos sintomas acima informe ao médico imediatamente o que aconteceu. Ele poderá prescrever medicamentos para evitar a formação de coágulos sanguíneos, diminuir o nível de colesterol e reduzir a pressão arterial.
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Como se prevenir
Os AVCs matam pelo menos 5 milhões de pessoas no mundo a cada ano e deixam incapacitados outros milhões. Mas figuram em último lugar na lista das doenças mais temidas. Contudo, se você começar a agir agora, você pode evitar esse comprometimento. Veja abaixo 12 dicas de como prevenir o AVC:
1. Controle a pressão arterial
Se a sua pressão está acima de 12/8, você está correndo um risco de AVC muito maior do que uma pessoa cuja pressão esteja abaixo desses índices. Isso porque o seu sangue fluirá mais rápido através das artérias e veias.
O ritmo acelerado representa uma tripla ameaça ao lesar os vasos sanguíneos encefálicos e as artérias carótidas, situadas no pescoço, que transportam o oxigênio responsável pela vida das células encefálicas. Também pode provocar o surgimento de “dilatações” frágeis, que podem se romper. E ainda pode causar o espessamento das artérias a ponto de acarretar sua constrição e fechamento. Não é de admirar, portanto, que a hipertensão arterial seja a principal causa de AVC.
Se a pressão arterial estiver alta, cada queda de 5 mmHg pode reduzir o risco de AVC em 42% ou mais. A estratégia é eficaz tenha você 45 ou 95 anos. A meta individual de pressão arterial saudável deve ser estabelecida pelo seu médico.
Talvez você nem precise de medicamentos para chegar à pressão arterial ideal. Se a pressão máxima (sistólica) estiver entre 120 e 139, ou se a mínima (diastólica) estiver entre 80 e 89, você tem pré-hipertensão. Assim, há uma boa chance de diminuir a pressão arterial, seja por emagrecimento, exercícios ou por meio de uma dieta saudável, com menos sal, rica em frutas, hortaliças e laticínios desnatados.
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2. Reduza o “mau” colesterol
O excesso de LDL, o mau colesterol, na corrente sanguínea inicia um processo que leva ao surgimento de faixas espessas de gordura. Desse modo se formam placas pegajosas na superfície interna da parede da artéria. Bem como das importantes artérias carótidas que irrigam o cérebro. O estreitamento dessas linhas de suprimento pode ser tão grande que mesmo um coágulo ínfimo atua como se fosse uma tampa no ralo da pia da cozinha.
A redução do nível de LDL com uma dieta pobre em gordura, associada a um medicamento do tipo estatina, diminui o tamanho dessa placa perigosa e protege o cérebro.
Um estudo realizado com 2.531 homens cujos níveis de LDL estavam ligeiramente elevados mostrou que aqueles que tomaram medicamentos redutores de colesterol tiveram o risco de AVC diminuído em 31%.
A melhor estratégia para reduzir o nível de LDL é uma alimentação pobre em gordura saturada e rica em frutas, hortaliças, cereais integrais e laticínios desnatados.
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3. Exercite-se regularmente e coma nozes
Essas estratégias podem elevar os níveis de HDL – o “bom colesterol” que remove o LDL da corrente sanguínea. O nível mínimo saudável de HDL nas mulheres é de 50 mg/dL e nos homens, 40 mg/dL. No entanto, um nível mais alto é benéfico para o cérebro. Um estudo mostrou que as pessoas com maiores níveis de HDL tiveram reduzidos em incríveis 80% o risco de um AVC causado por placas de gordura.
4. Evite hambúrguer e cerveja
Até pouco tempo atrás, os especialistas desconheciam o perigo dos triglicerídeos (outro tipo de gordura sanguínea) para a saúde do cérebro. Mas um estudo mostrou que o risco de AVC triplicou nas pessoas que tinham os níveis mais altos em comparação com aquelas cujos níveis eram menores e mais saudáveis.
O nível saudável de triglicerídeos é inferior a 150 mg/dL. Você pode evitar sua elevação emagrecendo e consumindo menos bebidas alcoólicas.
Trocar o hambúrguer por peixe grelhado ou assado, substituir a manteiga por óleo de canola e azeite de oliva são boas pedidas. Também é importante reduzir os carboidratos refinados (encontrados no pão branco, em doces, biscoitos e bebidas açucaradas).
5. Pare de fumar
Bastam dez cigarros por dia para aumentar em 90% o risco de AVC. Ainda que os seus níveis de colesterol e de pressão arterial estejam baixos. A nicotina, o monóxido de carbono e um coquetel de outras substâncias químicas liberadas pela queima do tabaco causam o enrijecimento das artérias, aumentam o tamanho das placas nas paredes arteriais e tornam o sangue mais viscoso e propenso à coagulação.
6. Atente para a “palpitação” cardíaca
A fibrilação atrial, distúrbio em que as câmaras superiores do coração tremulam em vez de se contraírem com força e regularidade, quadruplica o risco de AVC. Acomete 1 em cada 25 pessoas acima dos 65 anos e 1 em cada 10 acima dos 80 anos.
A fibrilação atrial possibilita o acúmulo de sangue no coração e a formação de coágulos; um batimento cardíaco mais forte pode, então, empurrar um coágulo até o cérebro e provocar um AVC. Se você tiver mais de 65 anos, peça ao médico que avalie se você tem fibrilação atrial. O exame do pulso e a ausculta dos batimentos cardíacos podem ser suficientes. Às vezes, é preciso realizar um exame simples chamado eletrocardiograma (ECG). A princípio, caso o problema se confirme, o tratamento habitual é a varfarina. Ou seja, um anticoagulante que, segundo os especialistas, reduz em 69% o risco de AVC.
7. Caminhe cinco dias por semana
A caminhada acelerada durante uma hora, cinco vezes por semana, reduz pela metade o risco de AVC. Aliás, uma caminhada de meia hora propicia diminuição de 25%. Qualquer atividade física enérgica que queime 1.000 a 3.000 calorias por semana diminui o risco.
8. Relaxe
Respire fundo, cante sua música favorita, pratique ioga ou dança. Aprender a livrar-se da ansiedade e do estresse, da forma mais efetiva para você, pode reduzir em mais 24% o risco de AVC, segundo pesquisadores da Universidade de Cambridge.
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9. Inclua peixe no cardápio
O consumo de atum, grelhado ou assado, ou de outros peixes, uma a quatro vezes por semana, pode reduzir em 27% o risco de AVC. Talvez porque as gorduras saudáveis do peixe mantenham os vasos sanguíneos flexíveis e protejam contra a formação de placas. Mas, atenção: um estudo da Escola Médica de Harvard mostrou que o consumo de peixe frito apenas uma vez por semana aumentou em 44% o risco de AVC!
10. Beba pouco, depois pare
Alguns goles podem diminuir o risco de AVC, mas o excesso de bebida causa seu aumento, segundo pesquisadores chineses que acompanharam 64 mil homens ao longo de nove anos. A conclusão é que o consumo de 1 a 6 drinques por semana reduz em 8% o risco de AVC; ao passo que mais de 21 drinques por semana aumentam o risco em 22%. Enfim, não beba tudo na noite de sexta-feira; entretanto os especialistas sugerem no máximo um drinque por dia para mulheres e dois para os homens.
11. Prefira os cereais integrais
Opte, principalmente, por aveia, pães, cereais e arroz integrais. As mulheres que comiam mais cereais integrais tiveram uma diminuição de 40% do risco de AVC, de acordo com um estudo da Escola de Saúde Pública de Harvard.
12. Deixe a cirurgia como último recurso
A existência de muitas placas de gordura nas artérias do pescoço aumenta vertiginosamente o risco de AVC. Aliás, os estudos mostram que a desobstrução cirúrgica reduz o risco em 50% a 75%.
Você pode ser candidato se já teve um AVC ou se radiografias com contraste ou outros exames mostrarem obstrução de 75% a 99%. Os sinais de alerta de obstrução incluem visão turva, fala arrastada ou fraqueza.
A técnica cirúrgica de desobstrução das artérias é chamada endarterectomia carotídea, inclui abertura da artéria e raspagem da placa. Mas, novos métodos menos invasivos usam minúsculos dispositivos metálicos, chamados stents. Sobretudo, para manter abertas artérias que sofreram estreitamento.
Atenção:
Para ter o diagnóstico correto dos seus sintomas e fazer um tratamento eficaz e seguro, procure orientações de um médico.