Uso excessivo de telas é apontado pela profissional como um dos fatores de risco para a doença
Luana Viard | 25 de Novembro de 2024 às 19:40
A obesidade infantil tem se tornado uma condição cada vez mais prevalente. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 7,9% das crianças com menos de dois anos já apresentam obesidade. O cenário também é preocupante em outras idades: a pesquisa "Atlas da Obesidade Infantil" revela que 6,5% das crianças entre dois e quatro anos e 8,4% das de cinco a nove anos enfrentam o mesmo problema.
Sobre isso, a pediatra Andrea Xavier Pereira, da rede de clínicas médico-odontológicas AmorSaúde, ressalta a urgência em abordar a questão, pois a obesidade pode levar ao desenvolvimento de complicações secundárias na vida adulta.
A obesidade infantil pode ser desencadeada por uma série de fatores. A médica destaca que a predisposição genética e o histórico familiar de obesidade têm um papel importante, mas não são determinantes únicos. A adoção de uma alimentação equilibrada é essencial para diminuir esse risco e prevenir a doença desde a infância.
Nesse aspecto, a profissional explica que o cuidado com os primeiros mil dias da criança é essencial, especialmente na introdução alimentar. "É uma fase de programação metabólica e, sendo assim, é crítica, pois pode alterar a estrutura e o desenvolvimento do organismo", afirma.
A médica enfatiza que, nessa fase, o aleitamento materno é a principal fonte de nutrição para o bebê. No entanto, o uso de fórmula infantil também pode ser recomendado, desde que se observe sua composição e se escolha opções que não contenham engrossantes.
"Aos seis meses de idade, a introdução alimentar deve ser orientada por um profissional para ser o mais saudável e equilibrada possível. Nunca se deve oferecer biscoitos industriais, por exemplo, para o bebê", declara.
Os riscos e características da doença estão relacionados ao desequilíbrio entre peso e altura. A avaliação do índice de massa corporal (IMC) permite identificar se a criança apresenta sobrepeso, obesidade, ou obesidade severa ou mórbida, condições que podem impactar gravemente sua qualidade de vida.
Diabetes, hipertensão e dislipidemia (aumento do colesterol), são algumas doenças associadas à obesidade, conforme ressalta a Dra. Andrea, do AmorSaúde. "O excesso de peso também pode acarretar em dores no joelho, região lombar e outros problemas ortopédicos mais severos", acrescenta.
A doença também pode impactar a saúde mental, pois tende a gerar inseguranças na criança, resultando em isolamento social, ansiedade e até mesmo depressão.
A pandemia forçou que muitas tarefas migrassem para o formato remoto, aumentando o uso de telas. Esse fenômeno atingiu também as crianças, seja nos estudos ou no lazer. A preferência pelas telas vêm influenciando a saúde infantil, pois contribui para o aumento de peso e o risco de obesidade. "Quanto mais tempo exposto à tela, mais sedentarismo, ansiedade e, consequentemente, compulsão alimentar", alerta a médica.
Nesse sentido, os adultos podem aderir a mudanças comportamentais durante as refeições, estimulando os pequenos a comer devagar, em horários pré determinados e, preferencialmente, longe de telas. Dessa maneira, a criança se concentra no momento da alimentação e no que está ingerindo, sentindo os sabores e as texturas. Para as crianças maiores, o ideal é equilibrar o consumo de açúcar, frituras e industrializados, com mudanças quantitativas que envolvem reduzir gradualmente esses alimentos.
Além de introduzir uma alimentação rica em vegetais e frutas, a profissional explica que os pais e responsáveis devem estimular hábitos mais ativos. A atividade física, o esporte e as brincadeiras contribuem para o gasto de energia das crianças e são modos de lazer alternativos e mais saudáveis quando comparados ao celular, tablet, videogame e à televisão.
Ao observar o contínuo ganho de peso da criança, a indicação é procurar um profissional para traçar o diagnóstico e o tratamento adequado para cada situação. "No momento da avaliação do pediatra, ele deverá entender a causa do aumento de peso, também solicitando exames de rotina, como insulina, hemoglobina glicada, colesterol total, triglicerídeos, T4L e TSH", detalha Dr. Andrea.
A médica ainda finaliza explicando que, nesses casos, o atendimento pode ser multidisciplinar, com encaminhamento para um profissional da área de endocrinologia, de forma a planejar um tratamento adequado a cada situação.
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