O Dia Nacional de Conscientização sobre o Retinoblastoma atua como um aviso para o câncer raro que compromete a retina infantil.
Luana Viard | 16 de Setembro de 2024 às 15:30
O retinoblastoma é um tipo raro de câncer que afeta principalmente crianças de zero a quatro anos, podendo se manifestar até mesmo durante a gestação. Os principais sinais incluem a leucocoria, um brilho esbranquiçado na pupila quando a luz incide sobre o olho, também chamado de “olho de gato”, e uma alteração repentina na cor da íris.
"Um dos primeiros sinais pode ser percebido em fotos, onde o olho afetado aparece opaco e sem o reflexo vermelho, comum em olhos saudáveis", explica o oncologista ocular André Vidoris, do Hospital São Luiz São Caetano do Sul, no ABC paulista.
Outros sinais são o estrabismo, vermelhidão ocular, visão turva, dor e inchaço, frequentemente chamado de 'olho de búfalo'. “Os pais precisam ficar atentos e, em qualquer um desses casos, buscar um oftalmologista rapidamente”, orienta.
O alerta ocorre no mês associado à campanha Setembro Dourado, que visa promover a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil, e também no Dia Nacional de Conscientização do Retinoblastoma (18/9).
A retina, que é a região do sistema visual situada na parte posterior do olho, envia informações visuais para o cérebro. O retinoblastoma resulta de mutações na retina durante o desenvolvimento ocular e pode afetar outras áreas do corpo, como a coluna e a cabeça, podendo até levar à morte se não for tratado adequadamente.
"O retinoblastoma, quando detectado no início e ainda restrito ao globo ocular, tem 95% de chances de cura", enfatiza Vidoris. "No entanto, se o tumor atravessa a parede do olho ou invade o sistema nervoso central pelo nervo óptico, as chances de sobrevivência caem drasticamente para 5%. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental", complementa o especialista do São Luiz São Caetano do Sul.
O exame ocular, feito em recém-nascidos, é crucial para identificar não apenas o retinoblastoma, mas também outras condições oculares, como catarata e glaucoma congênitos. "Esse exame é rápido e indolor, e deve ser feito em todas as crianças para garantir uma triagem eficiente", complementa.
Segundo o Ministério da Saúde, o retinoblastoma corresponde a aproximadamente 4% dos casos de câncer em crianças no Brasil, com cerca de 400 novos diagnósticos anuais.
Para cada 15 mil nascimentos, um caso de retinoblastoma é identificado, e a taxa de mortalidade entre os afetados é de 30%, posicionando o Brasil na média dos países em desenvolvimento. A condição é mais frequente em crianças que têm histórico familiar ou síndromes genéticas.
Uma vez identificado, o retinoblastoma pode ser abordado através de várias modalidades, como terapias direcionadas, radioterapia e quimioterapia. Em estágios iniciais, opções como tratamentos a laser, radioterapia de proximidade ou crioterapia, que congela o tumor, podem ser eficazes. Em casos mais graves, pode ser preciso realizar a remoção total do olho.
“É crucial que os pais estejam atentos aos sinais desde o nascimento e que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível, garantindo assim uma vida plena e saudável para a criança", finaliza o médico do São Luiz São Caetano do Sul, que conta com equipe especializada e equipamentos de última geração para fazer esse rastreio, diagnóstico e tratamento do retinoblastoma e outras tipos de câncer.
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