A aspirina é um fiel componente de qualquer armário de remédios. Mas além de sua função analgésica, é também um alido contra ataques cardíacos.
Julia Monsores | 1 de Outubro de 2020 às 11:30
A aspirina é, para muitas pessoas, um fiel componente de qualquer armário de remédios. Mas além de sua função analgésica, muito usada para curar dores de cabeça, a aspirina é também uma arma de primeira linha contra ataques cardíacos.
Suas origens datam de 400.a.C. Hipócrates aliviava as dores e febres dos seus doentes com um pó extraído da casca do salgueiro, a salicina. Em 1987, um químico alemão descobriu uma forma eficiente de fabricar um composto semelhante, o ácido acetilsalicílico, ao qual a empresa onde trabalhava, deu o nome de aspirina. Atualmente, o consumo anual em todo o mundo é de cerca de 58 bilhões de comprimidos.
Embora muita gente tome aspirina para aliviar dores e baixar a febre, a inflamação ou o inchaço, certos estudos sugerem que duas em cada cinco doses do medicamento destinam-se a prevenir doenças cardíacas. De fato, em questões do coração os humildes comprimidos brancos têm-se revelado preciosos.
Um a três comprimidos de 100mg por dia parecem contribuir para a redução do risco de um segundo ataque cardíaco em cerca de 20% dos pacientes. Segundo pesquisas atuais, tomar diariamente 75mg, ou uma dose pediátrica, é o suficiente.
Investigações preliminares sugerem que, dos homens pertencentes a grupos de alto risco – incluindo os fumantes, os fisicamente inativos, hipertensos e os que sofrem com colesterol alto ou diabetes – mesmo aqueles que nunca tiveram um ataque cardíaco beneficiam-se com o uso do medicamento.
Inclusive, a aspirina pode ser benéfica mesmo durante um ataque cardíaco. Por isso, alguns médicos recomendam que as pessoas tomem um comprimido de 500mg aos primeiros sinais de um ataque cardíaco.
Claro que a aspirina ainda é usada no combate às dores e febres. E, embora anti-inflamatórios não esteróides, como o ibuprofeno, tenham expulsado a aspirina de alguns armários caseiros de medicamentos, ela continua popular entre as vítimas de artrite.
A aspirina atua principalmente evitando que as células do corpo produzam prostaglandinas, substâncias semelhantes a hormônios, que regulam muitas atividades do organismo. Um grupo de prostaglandinas sensibiliza os receptores da dor, outro provoca vermelhidão e febre e outro ainda determina a rapidez com que ocorra agregação plaquetária. Isto é: que as plaquetas de sangue formem coágulos para estancar a hemorragia.
Quando as células deixam de fabricar prostaglandinas, a dor e a febre abrandam e as plaquetas perdem a capacidade de formar coágulos, possíveis causadores de ataque cardíaco ou de acidentes vasculares.
Além disso, as prostaglandinas podem ser elas próprias causadoras de danos. O tecido canceroso do cólon contém um nível alto e suspeito de prostaglandinas. Assim, estas podem contribuir para a inflamação dos vasos sanguíneos, responsável pela criação de tecido novo nas paredes das artérias.
Este crescimento pode restringir o fornecimento de sangue ao coração ou ao cérebro. E, assim, elevar o risco de ataque cardíaco ou acidente cardiovascular. Assim, doses elevadas de aspirina podem controlar esta inflamação.