Cinquenta milhões de pessoas sofrem com epilepsia no mundo inteiro. A doença pode afetar qualquer um, principalmente quando há casos na família. Confira!
A epilepsia pode ser muitas vezes mal compreendida. Embora muitos acreditem que todas as crises epilépticas envolvam convulsões violentas, com a pessoa caída no chão se debatendo, essa doença neurológica assume muitas formas.
Ley Sander, diretor médico da Sociedade de Epilepsia do Reino Unido e professor de Neurologia da University College London, diz que, embora essas convulsões tônico-clônicas, antes chamadas de “grande mal”, sejam comuns, existem outras.
“Na verdade, há mais de quarenta tipos de convulsão”, acrescenta ele. Entre elas as que deixam a pessoa fitando o ar com olhos vazios, sem responder quando alguém fala; e as que fazem os músculos se contrair, deixando o corpo rígido.
O que causam as crises epiléticas?
As crises epilépticas ocorrem quando os sinais elétricos do cérebro não funcionam direito. Há duas categorias amplas: generalizadas, que envolvem o cérebro inteiro, ou focais, que só afetam uma parte. Embora algumas pessoas só tenham uma convulsão na vida, provocada por doença cerebral, AVC ou tumor, em geral são necessárias pelo menos duas convulsões não ligadas a esses problemas para o diagnóstico de epilepsia.
Cinquenta milhões de pessoas são epilépticas no mundo inteiro. A doença pode afetar qualquer um, principalmente quando há casos na família. Às vezes as crianças superam o problema com a idade, mas, para quem tem convulsões quando adulto, há tratamentos e remédios para reduzir seu impacto.
Como controlar os casos?
Medicação
“Em dois terços dos epilépticos, as crises são controladas com medicação”, diz Sander, explicando que há mais de duas dúzias de medicamentos para epilepsia, e os mais novos causam menos efeitos colaterais. Nos pacientes que não reagem ao tratamento, a cirurgia é uma opção, caso a área do cérebro responsável pelas convulsões seja identificada.
“Na Sociedade de Epilepsia, somos pioneiros no uso da ressonância magnética funcional para mapear o cérebro com exatidão e guiar cirurgias mais seguras”, informa Sander. Setenta por cento dos que passam pela cirurgia, que geralmente envolve remover uma parte do lobo temporal do cérebro, se livram das convulsões, e em 20% deles as convulsões diminuem. Em 10% dos casos não há melhora.
Opções alternativas
Para quem sofre de epilepsia grave, o implante estimulador do nervo vago pode ajudar, acrescenta Sander. Como o marca-passo que regula o ritmo cardíaco, esse aparelho, instalado no pescoço, envia pulsos elétricos leves para impedir as convulsões quando elas são iminentes.
No entanto, o que Sander acha mais promissor é o uso do sequenciamento do genoma completo no tratamento da epilepsia.
“Embora ainda esteja em sua infância, começamos a identificar áreas do DNA que contribuem para a epilepsia e quais delas podem, então, indicar um curso diferente da medicação, principalmente nas pessoas com casos mais graves”, explica ele.
A boa notícia é que muitas formas de epilepsia são tratáveis, segundo Sander, e vários epilépticos levam uma vida normal. Em geral, eles conseguem controlar a doença com mudanças no estilo de vida. Seja evitando bebidas alcoólicas, seja minimizando gatilhos como o estresse e a privação de sono.
Se você presenciar uma crise convulsiva, ele sugere “calma, almofada e telefone”: relaxe a pessoa usando uma voz suave, apoie a cabeça dela com as mãos ou uma peça de roupa e peça ajuda se a crise durar mais de cinco minutos.
por Anna Sharratt