Estudo publicado na Nature destaca risco de transmissão do HKU5-CoV-2 para humanos.
Na última terça-feira (18), um estudo publicado por cientistas chineses na revista Nature causou preocupação no mundo todo. O estudo revelou a descoberta de um novo tipo de coronavírus em morcegos-anões com potencial para infectar humanos de forma semelhante ao vírus causador da Covid-19.
O novo vírus batizado de HKU5-CoV-2 foi descoberto pela equipe da virologista Shi Zhengli, conhecida por sua atuação no Instituto de Wuhan durante a pandemia da Covid-19. Segundo o estudo, a nova cepa pertence à mesma linhagem do merbecovirus, que inclui patógenos como o vírus causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e utiliza o mesmo receptor de entrada nas células humanas que o o vírus causador da Covid-19.
“Os merbecovírus de morcegos, que são filogeneticamente relacionados ao MERS-CoV, apresentam alto risco de transmissão para humanos, seja por transmissão direta ou facilitada por hospedeiros intermediários", relata o estudo.
Até o momento, nenhum caso de contaminação do HKU5-CoV-2 foi detectado em humanos. No entanto testes feitos em laboratórios indicaram que o vírus é capaz de infectar células humanas, especialmente tecidos pulmonares e intestinais.
Por que a descoberta do "novo coronavírus" é importante?
A descoberta do HKU5-CoV-2 reforça a importância da vigilância genômica em animais que abrigam milhares de vírus com potencial de infectar humanos. Em entrevista à CNN, o coordenador da Sociedade Brasileira de Infectologia, Dr. Alexandre Naime, explicou que esse tipo de estudo é fundamental para identificar e monitorar vírus emergentes antes que eles se tornem uma ameaça global.
"Este achado é resultado de uma vigilância genômica rotineira realizada em morcegos, que são reservatórios naturais de diversos vírus potencialmente transmissíveis a humanos. Aprendemos com a pandemia de Covid-19 que monitorar a evolução desses patógenos é crucial para evitar novas crises de saúde pública", afirmou Naime.
Apesar do potencial infeccioso do HKU5-CoV-2, cientistas ressaltam que não há motivo para pânico nesse momento e que ainda é necessário investigar os riscos reais de disseminação do vírus.