Confira o resultado de algumas pesquisas médicas e se mantenha bem informado!
Douglas Ferreira | 9 de Janeiro de 2020 às 14:00
As pesquisas médicas desempenham um papel fundamental na evolução da medicina, proporcionando avanços significativos que impactam diretamente a saúde e o bem-estar das pessoas. Todos os meses a nossa revista faz uma seleção de algumas novidades do mundo da medicina. Na matéria de hoje, exploraremos sete pesquisas médicas que estão moldando o futuro da medicina e que todos deveriam conhecer.
Se você reluta em provar pratos que nunca viu, saiba que isso tem nome: “neofobia alimentar”. Um estudo da Finlândia e da Estônia associou esse tipo de comportamento à má qualidade da alimentação, o que explica por que ele também foi ligado a um risco maior de diabetes tipo 2 e a mais biomarcadores sanguíneos de inflamação, em qualquer idade, sexo ou peso. Algumas pessoas podem ser geneticamente predispostas à neofobia alimentar, mas é possível superá-la. Para aumentar a variedade no prato, seja persistente. “A pessoa talvez precise experimentar um novo alimento dez a quinze vezes antes de se acostumar”, diz o nutricionista Heikki Sarin, um dos autores do estudo.
Hoje se sabe que se afastar mentalmente do trabalho na hora de ir para casa é importante para evitar o esgotamento. Mas reapegar-se no início de um novo dia também é um hábito saudável. Reconstruir a conexão mental com o trabalho pode ser simples como reservar alguns minutos para pensar nas metas do dia e nas abordagens e nos recursos a usar para atingi-las. Recentemente, pesquisadores alemães e americanos associaram o reapego com maior concentração, bom humor, mais sensação de controle e mais probabilidade de buscar e obter o apoio dos colegas. Estudos anteriores mostraram que vários desses fatores ajudam a reduzir o efeito negativo do estresse profissional sobre a saúde.
Quer saber se as velas que você usa para criar um lar aconchegante ameaçam seus pulmões? Os pesquisadores da Agência de Proteção Ambiental dinamarquesa também quiseram, porque 39% dos dinamarqueses gostam de acender velas em casa quase todos os dias. Acender velas com frequência pode deixar muitas partículas ultrafinas no ar, tão pequenas que penetram profundamente o pulmão. Não há limite seguro definido, mas o que se sabe é que se deve deixar as velas longe de correntes de ar (como janelas abertas e fontes de calor); a chama agitada talvez não queime completamente toda a cera, produzindo fuligem.
Encontrado em muitas verduras, o antioxidante luteína ajuda a prevenir a degeneração macular (causa mais comum de cegueira irreversível em idosos), entre outras doenças. Uma equipe sueca preparou espinafre de várias maneiras para ver quanto desse nutriente era bioacessível em cada prato. Cozinhar em água ou no vapor e fritar o espinafre degrada boa parte da luteína. O interessante é que reaquecer no micro-ondas compensou um pouco a perda, fazendo a verdura liberar mais luteína. O melhor método de todos, acima até de comer as folhas cruas, foi liberar a luteína liquefazendo o espinafre numa vitamina.
Muitos pacientes conseguem se recuperar de uma cirurgia com pouco ou nenhum opioide, indica um estudo com 190 participantes que sofreram seis operações comuns, como remoção da vesícula e reparo de hérnias. Foi explicado aos participantes o que esperar em termos de dor e eles foram aconselhados a alternar 600 mg de ibuprofeno e 650 mg de acetaminofeno de três em três horas. Também receberam uma pequena receita de opioide para usar se e quando os outros remédios não fizessem efeito. Mais da metade não tomou o opioide, e muitos não tomaram a receita inteira. Para 91%, a dor foi “administrável”. A lição: a necessidade não é igual para todo mundo, e, assim, em vez de recorrer primeiro aos opioides, veja se não é melhor tentar ficar sem eles.
Um dos possíveis efeitos colaterais das estatinas são as dores musculares. Mas há indícios de que muita gente que acredita não tolerar esse tipo de medicamento para baixar o colesterol se engana. Primeiro, é fácil atribuir às estatinas dores musculares que podem na verdade ser causadas pela obesidade ou por exercícios. E também há o “efeito drucebo”, que vem da expectativa que se tem sobre o medicamento e não do medicamento em si. (É diferente do efeito placebo porque há um medicamento real envolvido, não só um comprimido de açúcar.)
Em estudos nos quais os participantes não sabem se estão tomando ou não estatinas reais, até alguns do grupo placebo se queixaram de sintomas musculares. E, quando souberam com certeza que estavam tomando estatinas, uma proporção maior das pessoas relatou problemas. Uma equipe internacional de cientistas que analisou uma seleção de estudos anteriores estimou que o efeito drucebo explicaria 38% a 78% das dores musculares sentidas pelos participantes.
O médico pode determinar se as estatinas são a causa provável do desconforto, em parte com um questionário, em parte com exames de sangue para procurar sinais de danos musculares. Se assim for, “outros tipos de estatina, doses menores ou intermitentes serão geralmente considerados”, diz um dos pesquisadores, o Dr. G. B. John Mancini, da Universidade da Colúmbia Britânica. Suspender totalmente o medicamento não é uma decisão a tomar com leviandade, porque ele prolonga vidas.
Como o ciclo de dormir e acordar tarde se choca com as exigências da sociedade, com a jornada de trabalho das nove às cinco, esse adiantamento pode resolver vários problemas, do humor instável ao risco maior de mortalidade. No entanto, os “corujas” que participaram de um estudo publicado na revista Sleep Medicine conseguiram, em média, ajustar seu ciclo duas horas em três semanas. Todo dia, eles acordaram mais cedo do que de costume, tomaram o café da manhã logo depois, pegaram o máximo possível de luz da manhã, almoçaram sempre na mesma hora, evitaram cafeína e cochilos a partir do fim da tarde, jantaram antes das 19 horas, limitaram a luz à noite e foram dormir cedo. Essa alteração da rotina lhes permitiu melhor desempenho e menos sonolência, estresse e depressão.
* Texto publicado originalmente em Revista Seleções.