Alguns causadores de doenças podem passar despercebidos no nosso dia a dia, mas são muito importantes, e devem ser acompanhados com atenção.
Rebecca Henze | 21 de Agosto de 2021 às 14:00
Em uma pesquisa sobre prevenção de doenças, perguntamos a mais de 100 médicos especialistas em medicina preventiva quais são os causadores de doenças no nível mais básico. Abaixo, vamos revelar os seis principais culpados e explicar como eles provocam danos ao organismo. Lembre-se de que cada um destes seis “vilões” pode ser evitado com o estilo de vida adequado.
A pressão arterial é a força que o sangue exerce contra as paredes das artérias. Se estiverem saudáveis, as artérias se expandem e se contraem facilmente a cada batida do coração, mantendo a pressão equilibrada. Contudo, caso enrijeçam, os vasos sanguíneos não se expandem tão facilmente e a pressão arterial se eleva, tal como um rio tranquilo se torna agitado quando seu leito é reduzido.
Os vasos sanguíneos rígidos são tanto causa como efeito da hipertensão arterial, e a pré-hipertensão começa com 120/80 mmHg; a hipertensão arterial (pressão alta) começa a partir de 140/90 mmHg.
Histórico familiar, idade avançada, diabetes, ser do sexo masculino, ser afrodescendente – todos estes fatores aumentam o risco. Assim como tabagismo, sobrepeso, estresse, falta de exercício, dieta rica em sal e gordura saturada e pobre em frutas, hortaliças, grãos e laticínios. Muitos destes fatores de risco contribuem para a hipertensão arterial, em parte pela redução na produção de óxido nítrico, substância que torna os vasos sanguíneos flexíveis.
A hipertensão arterial torna as paredes das artérias mais espessas, estreitas, rígidas e frágeis, o que significa que menos sangue, oxigênio e nutrientes chegam ao organismo. E os coágulos sanguíneos têm mais probabilidade de ficar presos nas artérias mais estreitas, o que pode causar infarto, AVC ou doença vascular periférica. Danos nos vasos sanguíneos também aumentam o risco de demência, insuficiência renal e problemas de visão (até mesmo, a cegueira).
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É a gordura instalada no abdome, dentro e ao redor dos órgãos internos. Mulheres com cintura acima de 90 cm e homens com essa medida acima de 100 cm têm probabilidade de apresentar este tipo de gordura, que é perigosa mesmo se o seu peso corporal estiver dentro da faixa “saudável” para a sua altura.
Para pessoas com ascendência asiática, o risco aumenta com medidas de 80 cm para mulheres e 95 cm para homens. Para medir a cintura, passe a fita métrica confortavelmente em volta da cintura, na altura do umbigo.
Alimentação rica em calorias, ficar sentado por muito tempo e falta de exercícios são algumas causas. O estresse crônico também contribui, especialmente para mulheres, uma vez que o cortisol, o hormônio do estresse, instrui o organismo a armazenar mais gordura no abdome.
Ao contrário da relativamente inofensiva gordura localizada nas nádegas, no quadril, nas coxas e mesmo logo abaixo da pele na região da cintura, a gordura intra-abdominal produz substâncias que aumentam os riscos de diabetes, hipertensão arterial, infarto, AVC, câncer de intestino e problemas de memória. Elas incluem compostos inflamatórios que tornam o sangue mais espesso, bem como ácidos graxos livres que estimulam o fígado a produzir mais açúcar para o sangue e LDL-colesterol (o “mau” colesterol).
Mais do que uma tristeza passageira, a depressão interfere na sua vida, nos seus relacionamentos, na sua visão de si mesmo e na sua saúde. Pode variar de distimia – depressão leve que pode durar anos – a depressão profunda, que pode tornar quase impossível trabalhar, desempenhar atividades cotidianas e relacionar-se com a família e os amigos. Outro tipo é o transtorno afetivo sazonal, que só ocorre durante determinadas épocas do ano (em geral no inverno).
Geralmente é uma combinação de genética, estresse crônico e experiências de vida difíceis. É possível que haja um desequilíbrio nos níveis dos neurotransmissores serotonina, dopamina e norepinefrina, usados na comunicação intracelular. E as áreas do cérebro que regulam o humor, o pensamento, o sono, o apetite e o comportamento funcionam de forma anormal.
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Um quadro grave de depressão pode levar ao suicídio. Além disso, a depressão frequentemente coexiste com diabetes, doenças cardiovasculares, AVC, câncer e outras doenças sérias, tornando seus sintomas mais graves e mais difíceis de controlar. Segundo descobertas recentes, a depressão pode até ajudar a deflagrar o diabetes, as doenças cardíacas e a osteoporose, ao elevar os níveis de inflamação e de hormônios do estresse.
Quando você come, parte do alimento se transforma em açúcar livre no sangue (glicose), a mais importante fonte de energia do organismo. O pâncreas responde secretando insulina, hormônio que faz com que as células de todo o corpo permitam a entrada da glicose. Quando são resistentes à insulina, porém, as células se tornam parcialmente “surdas” à sinalização da insulina. O pâncreas aumenta o seu volume, produzindo cada vez mais insulina.
Os cientistas não sabem ao certo, mas a predisposição genética, a idade avançada, a falta de exercício e o excesso de peso (especialmente a gordura intra-abdominal) são fatores importantes. Uma alimentação rica em gordura saturada e carboidratos simples também contribui, bem como infecções crônicas (como gengivite), que liberam substâncias inflamatórias, interferindo na sinalização química proveniente da insulina.
Níveis altos de insulina podem lesar os vasos sanguíneos e estimular o fígado a produzir mais triglicerídeos e LDL-colesterol (o “mau”) e menos HDL-colesterol (o “bom”). Também aumentam o risco de coágulos de sangue e fazem com que o organismo retenha mais sódio, aumentando a pressão arterial. Também podem estimular o crescimento de alguns tipos de câncer e contribuir para a doença de Alzheimer. Se o seu pâncreas não acompanha o ritmo da necessidade do organismo de mais insulina, os níveis de glicose no sangue começam a subir e você se torna diabético.
A proporção do colesterol é a relação entre a quantidade do “mau” LDL-colesterol e do “bom” HDL-colesterol. O LDL entope as artérias, mas o HDL age como um aspirador de pó, varrendo o que não serve para o fígado jogar fora. Os níveis desejáveis de LDL ficam abaixo de 100 mg/dL; os de HDL são acima de 40 mg/dL, para homens, e acima de 50 mg/dL, para mulheres. Quanto mais baixo for o seu LDL e mais alto o HDL, melhor.
Uma alimentação rica em gordura saturada sobrecarrega o fígado e reduz a sua capacidade de remover o excesso de LDL da corrente sanguínea. Ingerir gorduras hidrogenadas, fumar, estar acima do peso e não fazer exercícios podem aumentar os níveis de LDL e baixar os de HDL. Não comer o suficiente de gordura monoinsaturada (existente no azeite de oliva, em nozes e sementes, como castanhas, e no abacate) e de fibras solúveis (contidas na aveia, cevada, feijões e peras) também altera essa proporção.
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O LDL normalmente se desloca pelas paredes das artérias e para dentro das células, onde tem uma função útil. Contudo, o LDL em excesso fica “preso” nas paredes das artérias, começando a formar placas (ateromas) que estreitam as artérias. O HDL consegue limpar essa “bagunça” do LDL, mas se seus níveis estiverem baixos, ele não conseguirá realizar a tarefa, expondo você ao risco de um infarto ou AVC.
A inflamação é um efeito colateral do trabalho do sistema imunológico. Quando se tem um machucado ou infecção, as células e substâncias do sistema imunológico correm para o local a fim de matar germes e reparar o tecido lesionado.
Você pode ver a inflamação em ação quando a pele em volta de um corte se torna vermelha e inchada. Em períodos curtos, ela é benéfica; mas, quando o corpo é constantemente atacado por inflamações – em função de infecções brandas e contínuas ou “danos” causados pelo fumo e outros fatores irritantes –, a inflamação torna-se nociva.
A inflamação crônica pode ser deflagrada por alérgenos, toxinas e radiação, mas também por doenças como artrite reumatoide, infecções como gengivite sem tratamento adequado ou úlceras gástricas (que são causadas por infecção bacteriana), ou ferimentos microscópicos, como danos causados nas paredes das artérias pelo tabagismo, pela hipertensão arterial ou pelo colesterol alto. Outro culpado é a gordura intra-abdominal, que secreta substâncias inflamatórias. Estresse, raiva, falta de exercício e alimentação rica em fast-food e gorduras hidrogenadas também contribuem para a inflamação.
Ela acelera o crescimento de placas nas paredes das artérias (ateromas) e depois faz com que essas placas se tornem menos estáveis e com mais probabilidade de se romper e de bloquear uma artéria. A inflamação crônica também contribui para a resistência à insulina e aumenta o risco de um grande número de doenças crônicas, entre elas, o diabetes, Alzheimer, doenças pulmonares, osteoporose e, até mesmo, o câncer.