Existem muitos mitos sobre infertilidade e ainda há quem diga que é frescura, desleixo ou até mesmo, uma questão espiritual.
A infertilidade é uma condição que não é levada a sério por muita gente. Existem muitos mitos sobre o assunto e ainda há quem diga que é frescura, desleixo ou até mesmo uma questão espiritual. No entanto, esse é um problema sério que deve ter o acompanhamento médico para diagnóstico e tratamento.
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Para entender mais sobre o assunto e esclarecer alguns mitos sobre infertilidade, conversamos com o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana.
“Esse é um problema sério, que precisa ser avaliado por um médico especializado, quando um casal não consegue engravidar após anos de tentativa”, explica.
Mito 1: A infertilidade é um problema da mulher
É muito comum, e um tanto quanto machista, atrelar os problemas de infertilidade de uma casal apenas a uma mulher. Isso não é verdade. Tanto a infertilidade masculina quanto a feminina podem ocorrer.
“A infertilidade é um problema feminino em quase 50% dos casos, um problema masculino em 30% dos casos é um problema combinado do casal em 20% dos casos. É essencial que tanto o homem quanto a mulher sejam avaliados durante uma investigação de infertilidade”, explica o médico.
Mito 2: Todo mundo engravida de uma hora para outra, é só continuar tentando
Outro dos mitos sobre infertilidade muito recorrentes é a ideia de que o casal que tenta engravidar, mas não consegue, não está tentando o suficiente. Quando o assunto é infertilidade, não é sobre tentar mais ou menos.
O especialista explica que um casal é considerado infértil se não conseguir engravidar após um ano de relações sexuais desprotegidas. Além disso, há casos em que o casal não vai conseguir mesmo que continue tentando.
“Existem diversas causas para infertilidade, dentre elas algumas condições médicas que precisam ser avaliadas por um especialista. A infertilidade é um problema médico que pode ser tratado. Pelo menos 50% das pessoas que completam uma avaliação de infertilidade responderão ao tratamento com uma gravidez bem-sucedida.”, explica o médico.
A resposta ao tratamento pode depender em cada pessoa. No entanto, o especialista ainda explica que os casos sem tratamento, apenas com a tentativa, “tem uma taxa de cura espontânea de cerca de 5% após um ano de infertilidade.”
Mito 3: É um problema psicológico, tire férias que você vai conseguir engravidar
A infertilidade não é uma condição psicológica, mas sim uma doença ou condição do sistema reprodutivo. É fato que está psicologicamente bem, com qualidade de vida podem facilitar o processo de relaxamento. No entanto, não dá para colocar a culpa de não conseguir engravidar em condições psicológicas.
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“Embora o relaxamento possa ajudá-lo com sua qualidade de vida geral, o estresse e as emoções profundas que você sente são provavelmente o resultado da infertilidade, não a causa dela. Técnicas médicas aprimoradas tornaram mais fácil diagnosticar problemas de infertilidade, que pode estar ligado a condições do estilo de vida, mas no geral tem uma causa médica que precisa ser avaliada”, explica o Dr. Rodrigo.
Mito 4: Vocês dois não foram feitos para serem pais!
Mais um dos mitos sobre infertilidade que entra na culpabilização do casal que está tentando engravidar. Por não entenderem a infertilidade como uma condição médica, muitas pessoas colocam nos campos espirituais. Propagam a ideia de que aquele casal não foi feito para ter filhos, ou não está no destino deles uma criança.
O médico especialista conta como é possível ignorar esse mito.
“A ajuda especializada pode mostrar que a maioria dos casais sobrevive à crise de infertilidade quando buscam tratamento, aprendendo no processo novas formas de se relacionar, o que aprofunda seu relacionamento nos anos seguintes. E quando um casal realmente quer ter filhos, eles farão todo o possível para serem bons pais”, diz o médico.
Mito 5: Serei rotulado de ‘criador de problemas’ se fizer muitas perguntas na consulta médica especializada
A consulta médica com um especialista em fertilidade deve servir justamente para tirar todas as dúvidas. É fundamental que o paciente se sinta seguro quando busca uma equipe especializada em tratamentos de reprodução.
“O paciente precisa ser informado sobre quais tratamentos estão disponíveis. O que é certo para um casal pode não ser certo para outro, seja fisicamente, financeiramente ou emocionalmente. Não tenha medo de fazer perguntas ao seu médico e equipe”, diz o Dr. Rodrigo.
Por fim, o médico lembra que embora as técnicas modernas de reprodução assegurem uma taxa de sucesso interessante para os casais, a gravidez não é o único caminho para a paternidade.
“Se os tratamentos não deram certo por questões de saúde, um caminho é começar a pensar mais na paternidade do que na gravidez, considerando a adoção como uma maneira de construir uma família”, finaliza o médico.