O ginecologista Fernando Boldrin explica o que é a menopausa precoce e esclarece quais sãs os sintomas e opções de tratamento.
A menopausa é a transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva. Neste período, o ovário para de funcionar e interrompe a produção dos óvulos e dos hormônios, afetando a fertilidade. Na menopausa precoce, esta etapa ocorre antes do previsto.
“A menopausa precoce é aquela que acontece anos antes da idade habitual. No Brasil, a média de entrada na menopausa é de 51 anos. Por isso, qualquer idade anterior já é considerada como menopausa precoce. Antes dos 40 é pouco comum e é rara antes dos 30 anos”, explica Dr. Fernando Boldrin, ginecologista e obstetra.
Menstruação irregular, com hiatos de até 3 meses, e ondas de calor – os chamados fogachos – são alguns dos principais sintomas.
Qual é a causa?
A menopausa precoce ocorre quando a mulher já nasce com uma reserva menor que a esperada de folículos ovarianos ou quando essa reserva de folículos acaba de forma mais rápida que o habitual ao longo de sua vida.
“A principal causa é genética. Quanto mais cedo a menopausa precoce acontecer, mais o médico terá de averiguar a possibilidade de alterações genéticas nessa paciente”, afirma Dr. Boldrin.
Segundo o Ministério da Saúde, estudos mostram que:
- 0,1% das mulheres entram na menopausa antes dos 30 anos.
- 0,25% das mulheres entram na menopausa antes dos 35 anos.
- 1,0% das mulheres entram na menopausa antes dos 40 anos.
Fatores de risco
Além da influência genética, o médico também aponta outros fatores de risco que influenciam o surgimento da menopausa antes da idade cronológica da paciente. São eles:
- tabagismo;
- hábitos de vida;
- exposição a metais pesados e poluição ambiental;
- exposição à quimioterapia e radioterapia devido a tratamentos de câncer.
Sintomas da menopausa precoce
Os sintomas da menopausa precoce são os mesmos sintomas que acontecem na idade habitual. “Esses sintomas estão relacionados à deprivação do estrógeno, o principal hormônio feminino do corpo da mulher”, explica o especialista.
São eles:
- ondas de calor, com sudorese e vermelhidão na pele;
- ausência de menstruação por mais de 3 meses;
- ressecamento vaginal;
- alterações no envelhecimento normal de pele e cabelo;
- osteoporose;
- Alzheimer.
Algumas mulheres têm poucos sintomas na menopausa precoce. Já outras, não chegam a apresentar nenhum. As escolhas alimentares podem ajudar bastante nesse período.
Tratamento para menopausa precoce
Uma vez que os ovários param de funcionar, os níveis de estrogênio e progesterona da mulher caem drasticamente. Por isso, o tratamento é feito com uma reposição hormonal.
“O tratamento é feito com o estrogênio e, se a mulher ainda tiver útero, associado também à progesterona. A tática, seja na idade habitual ou na menopausa precoce, é usar sempre hormônio bioidêntico e na menor dose possível”, esclarece Boldrin.
Além disso, o especialista explica que mulheres que estão recebendo hormonioterapia devem ficar atentas à sua saúde.
“Deve haver uma vigilância sobretudo com os seus níveis de açúcar, colesterol, tireoide e mama. Uma vez por ano fazer um ultrassom de mama e a mamografia. Enquanto a mama estiver do nosso lado, pode seguir a reposição hormonal”, conclui.
Vale destacar que a reposição hormonal ajuda a prevenir o surgimento de osteoporose nas mulheres, e, mediante recomendação médica, pode-se ser sugerida a reposição de vitamina D também.
Gravidez na menopausa precoce
Outra dúvida bem comum entre as mulheres é se na menopausa precoce é possível engravidar. De acordo com Dr. Fernando, a mulher não poderá engravidar pelo método de gestação natural, usando seus próprios óvulos.
No entanto, o médico explica que a paciente, caso deseje, poderá engravidar, desde que seja submetida a um tratamento usando óvulos doados.
“Será feita uma fertilização in vitro, em um laboratório de reprodução humana, usando o espermatozoide de seu marido e o óvulo de uma doadora. Será procurada uma doadora com tipagem sanguínea, cor de cabelo, olhos e ascendência racial compatível com os pais. E assim, a mulher poderá gerar e realizar o seu sonho de maternidade”, completa.
Fonte: Dr. Fernando Boldrin. Ginecologista e obstetra. CRM SP 101444.CRM SP 101444