Acha que tem uma doença respiratória mas gostaria de entender melhor como o diagnóstico é feito? Leia o nosso artigo e entenda melhor.
A complexidade do sistema respiratório e a enorme variedade de sintomas podem dificultar bastante o diagnóstico de doença respiratória. Hoje, os médicos têm acesso a diversas técnicas para determinar a causa de um problema. Essas técnicas variam de métodos simples – como pedir ao paciente para descrever os sintomas e sua duração – a técnicas de imagem muito sofisticadas, capazes de reproduzir nitidamente uma área possivelmente problemática.
No entanto, nenhum médico trabalha sozinho e depende da habilidade dos técnicos de laboratório, que
interpretam os exames de sangue e microbiológicos para ajudar a formar um quadro completo. Veja agora quais são os principais métodos utilizados para diagnosticar uma doença respiratória.
Histórico médico, familiar e social
O primeiro passo para diagnosticar uma doença respiratória é discutir os sintomas e o histórico do paciente, realizando também um exame físico para avaliar sinais de dor ou dificuldade respiratória. O histórico médico também abrange a história medicamentosa e de alergias a tratamentos anteriores. O médico anota todos os medicamentos em uso, incluindo os vendidos sem receita médica, fitoterápicos e suplementos. Ele também verifica se o paciente é alérgico, pois algumas pessoas são sensíveis a antibióticos, aspirina (AAS), anestésicos ou mesmo a esparadrapo. Essas perguntas visam a garantir a prescrição segura de novos medicamentos.
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O diálogo inicial entre paciente e médico, no qual são expostos os sintomas e os antecedentes do paciente, deve abordar a natureza do distúrbio e abranger o histórico de saúde e de tratamentos do paciente, além de obter informações sobre o estilo de vida. Isso ajuda a estabelecer o diagnóstico e a apontar tratamentos futuros.
Inicialmente, o médico solicita uma descrição completa dos sintomas: quais são, quando começaram, se o surgimento foi súbito ou gradual, o que os alivia (“fatores de alívio”) e os agrava (“fatores de exacerbação”), e se há sintomas que parecem começar e cessar juntos.
Os sintomas de doença respiratória mais comuns incluem tosse, sibilos, falta de ar, produção de escarro e dor no peito. A descrição desses e de outros sintomas influencia diretamente os demais exames a serem realizados e ajuda o médico a definir o melhor tratamento; desse modo, é importante fornecer informações claras e com o maior número possível de detalhes.
Por que o histórico médico e familiar são importantes?
As doenças atuais ou passadas também são muito importantes no diagnóstico. Isso porque os sintomas de uma doença respiratória podem estar associados a outros males, que afetam vários sistemas. Esses distúrbios, chamados “multissistêmicos”, incluem tuberculose e sarcoidose. O histórico médico é útil, ainda, para decidir questões como a prescrição segura de medicamentos e verificar se o paciente tem condições de se submeter a uma possível cirurgia.
Para realizar o diagnóstico, as perguntas do médico também devem abranger o histórico familiar. Muitas doenças, incluindo a embolia pulmonar e alguns cânceres, podem ter um componente hereditário, que é averiguado pela história da doença em parentes próximos.
Ao mesmo tempo, o estilo de vida e os hábitos podem ser reveladores. O tabagismo, por exemplo, está associado a muitas doenças respiratórias, incluindo câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Portanto, é fundamental que o paciente seja franco, detalhando o total de anos, o tipo de tabagismo e o consumo médio diário.
Outros fatores importantes e eventualmente questionados são o consumo de álcool, o ambiente doméstico (exposição a animais ou umidade, por exemplo, pode causar problemas respiratórios) e as ocupações passadas e a atual (o trabalho com asbesto ou carvão, ou os alérgenos existentes em poeiras orgânicas podem ajudar o médico no diagnóstico).
Exame Físico
A apuração mais detalhada das queixas respiratórias exige o exame físico do paciente. Na suspeita de um
problema pulmonar ou respiratório, a investigação concentra-se principalmente no tórax, embora o médico observe, palpe ou ausculte vários outros indicadores.
O médico consegue dizer muito sobre a saúde geral de um paciente apenas pelo exame visual. A cor da pele, por exemplo, é um indicador útil: a palidez pode indicar anemia, ao passo que uma coloração escurecida sugere baixos níveis de oxigênio no sangue.
O pescoço do paciente é examinado à procura de veias salientes. A altura da coluna de sangue nas veias visíveis no pescoço permite estimar a pressão na veia jugular. Esta, por sua vez, indica a pressão no átrio direito (a cavidade do coração na qual o sangue venoso se acumula primeiro). A veia jugular pode ficar ainda mais saliente se há insuficiência da parte direita do coração, causada por DPOC. O médico examina o tórax à procura de cicatrizes e deformidades. Isso inclui a avaliação de desvio da coluna vertebral (escoliose), que pode interferir na respiração.
Os movimentos torácicos são observados, verificando se há assimetria, que pode indicar restrição de um dos lados. A frequência respiratória também é avaliada: em repouso, costuma variar de 12 a 16 incursões respiratórias por minuto. Se há baqueteamento digital (a aparência em baqueta de tambor das pontas dos dedos), que pode estar associado a doenças fibróticas e câncer de pulmão. A pálpebra inferior é puxada delicadamente – a palidez da conjuntiva pode indicar anemia – e a boca é inspecionada, em busca de cianose (cor azulada dos lábios e da língua), um possível sinal de baixo nível de oxigênio no sangue.
Avaliando a sensibilidade aos problemas
A palpação é a exploração manual realizada pelo médico e costuma começar pelo exame da posição da traqueia na base do pescoço. A traqueia pode ser puxada para um lado por fibrose ou colapso do pulmão, ou empurrada por um derrame pleural – presença de líquido entre o pulmão e a parede torácica.
O médico palpa a parte esquerda do tórax em busca do impulso apical, o ponto mais baixo e mais externo em que se podem distinguir os batimentos cardíacos. Em geral, o pulso apical é palpado sob o mamilo esquerdo, mas em algumas situações muda de lugar. Essas incluem:
- Aumento do coração, como pode acontecer na insuficiência do ventrículo esquerdo;
- Colapso do pulmão esquerdo;
- Líquido na cavidade que circunda o pulmão direito (derrame pleural).
A posição da traqueia pode indicar ao médico a causa do deslocamento do impulso apical. Quando há problemas cardíacos, a traqueia permanece no centro do tórax; nos distúrbios pulmonares, é empurrada ou puxada para um lado ou outro.
O ruído produzido à percussão de uma cavidade parcialmente oca, como o tórax, oferece pistas úteis sobre o problema do paciente. Na percussão, o médico apoia um dedo sobre o tórax e golpeia – o com o dedo indicador ou médio da outra mão.
Normalmente, há ressonância pulmonar, causada pelo ar no interior, mas a presença de líquido ou massas sólidas pode tornar o som maciço e indistinto. Por outro lado, se houver ar entre o pulmão e a parede torácica, como no pneumotórax, o som será particularmente ressonante. Apoiando a mão sobre o tórax para sentir as vibrações quando o paciente fala, o médico consegue obter as mesmas informações.
Com o estetoscópio, o médico ouve “estertores” – ruídos presentes durante a inspiração, causados pela presença de líquido nos alvéolos, que provoca sua abertura súbita com um “estalido” quando cheio. Pode ser difícil distinguir os ruídos respiratórios quando há derrame pleural. Os sibilos, por outro lado, podem indicar asma ou, às vezes, um problema cardíaco. É possível imitar esses sons por meio da expiração forçada com a boca aberta.