A azia atacou e você está cansada de recorrer aos antiácidos? Você não está sozinha! Descubra como os alimentos podem ser seus aliados.
A azia atacou e você está cansada de recorrer aos antiácidos? Você não está sozinha! Cerca de 66% dos brasileiros sofrem com o incômodo provocado pela azia diariamente. Apesar das propagandas na televisão, apenas 10% dos casos necessitam realmente de medicação. Dessa forma, 90% dos tratamentos requerem somente uma reeducação alimentar. O que é uma ótima notícia, considerando que esses medicamentos normalmente aumentam a probabilidade de pneumonias e infecções por superbatérias, além de fragilizar os ossos.
Os alimentos não devem ser vilões no tratamento para azia. Como alguns alimentos podem prejudicar o equilíbrio do pH do estômago, a solução é rever o cardápio diário. Alimentos como, por exemplo, a beterraba, além de ricos em nutrientes, também ajudam a combater a azia. Continue lendo para saber mais sobre azia e descobrir como os alimentos podem ser seus aliados.
O que é azia?
O desconforto causado pela azia acomete cerca de 66% dos brasileiros. A azia tem início de modo geral após as refeições e acontece quando o ácido do estômago (suco gástrico) reflui para o esôfago, irritando a parte posterior da garganta. A queimação se irradia pelo peito e atinge do esterno ao pescoço. Arrotos, flatulência e náusea podem acompanhar o refluxo de ácido, e a sensação de incômodo pode durar de uma a quatro horas.
A indigestão recorrente (que acontece pelo menos duas vezes por semana) é tecnicamente chamada de doença por refluxo gastroesofágico, ou DRGE, e pode ser bastante grave. Os sintomas são azia intensa, salivação excessiva, rouquidão crônica e regurgitação. Se não for tratada, o ácido do estômago gradualmente corrói o revestimento interno do esôfago, processo relacionado com o câncer de esôfago. O consumo de alimentos saudáveis e a alteração dos hábitos alimentares podem ajudar a suprimir a azia.
Azia ocasional
Não tem frequência estabelecida, dependendo da ingestão de alimentos específicos para ocorrer. Normalmente, a azia surge após a ingestão de alimentos ácidos e apimentados. Porém, também pode surgir após refeições com quantidade excessiva de alimentos.
Azia crônica
Ocorre várias vezes por semana e por semanas consecutivas. A alta frequência é um sinal para procurar um médico, além de uma necessária mudança de estilo de vida.
O que causa azia?
O esfíncter esofágico inferior (EEI), uma válvula muscular situada no terço final do esôfago, funciona como uma porta de passagem dos alimentos para o estômago e isola o seu conteúdo, bloqueando seu refluxo para o esôfago. Inúmeros fatores, no entanto, podem enfraquecer o EEI, resultando na azia. Por exemplo, a pressão abdominal excessiva causada pela gravidez ou pela obesidade podem debilitar o EEI, impedindo que a válvula se feche completamente.
Certos alimentos e medicamentos podem também relaxar e dilatar o EEI, permitindo que o ácido estomacal atinja o esôfago. Outro fator que desencadeia a azia é a ingestão de alimentos ácidos (tomate e frutas cítricas), que podem levar a uma produção excessiva de suco gástrico e irritar o revestimento esofágico já danificado. Comer demais, usar roupas apertadas e deitar-se logo após comer – tudo isso pode prejudicar o processo digestivo normal, e assim ocasionar a azia.
A nutricionista Waleska Silveira esclarece alguns alimentos e hábitos que podem causar azia:
Veja também: 23 plantas e ervas medicinais que podem melhorar a sua vida
Como os alimentos podem ajudar
Algumas mudanças na alimentação são fundamentais para ajudar a prevenir crises de azia e a minimizar a irritação no esôfago. Apesar dos dados científicos serem restritos, simples alterações dos hábitos alimentares, como a exclusão de alimentos que possam dar início a esse mal, ajudando a evitar o refluxo.
Alguns alimentos que podem desencadear a azia são o café (descafeinado ou comum), álcool, hortelã, chocolate, cebola e produtos à base de tomate. De maneira geral, comidas apimentadas, gordurosas ou ácidas costumam causar azia. Se esse tipo de alimento faz parte da sua alimentação, consuma-os moderadamente. Beba líquidos entre as refeições, e não durante, para impedir o refluxo. Além disso, permaneça de pé durante uma hora após as refeições e não coma até duas ou três horas antes de dormir.
Muitos especialistas recomendam que se façam refeições leves e menos gordurosas a cada dia. Comer muito dilata o estômago, aumentando a possibilidade de refluxo. Porções menores ingeridas várias vezes ao longo do dia são de mais fácil digestão, além de prevenir o problema da azia. Comer devagar também é importante para não sobrecarregar o músculo do EEI, e assim evitar a pressão na válvula do esôfago. Acredita-se que uma alimentação com pouca gordura previne a azia, visto que alimentos muito gordurosos aumentam o refluxo de ácido, prolongando a digestão e enfraquecendo o EEI.
Alguns especialistas acreditam que o chá de gengibre evita a azia. Apesar de picante, o gengibre fortalece o EEI, evitando que o ácido retorne ao esôfago.
Estudos relacionaram a obesidade com o aumento da incidência de azia. Assim, manter um peso ideal é importante para a prevenção desse mal. O excesso de gordura no abdome pode pressionar o EEI, permitindo que conteúdo do estômago reflua para o esôfago. Alimentos ricos em fibras ajudam na perda do peso porque aumentam a sensação de saciedade.
Uma alimentação rica em carboidratos complexos ricos em fibra facilita a digestão e ajuda a prevenir a azia. Especialistas recomendam a ingestão de carboidratos complexos com pouca gordura, como feijão, legumes, verduras e grãos integrais.
Remédios caseiros para a azia
Beba chá de erva-doce
Usadas em todo o mundo para tratar a azia, as sementes de erva-doce contêm pelo menos 16 substâncias que acalmam os espasmos. Despeje três colheres de sopa num moedor de café e coloque num refratário. Junte três xícaras de água fervente, cubra e deixe em infusão por 10 minutos; depois coe. Rende três xícaras de chá. Beba uma xícara de cada vez ao longo do dia, de preferência de estômago vazio.
Acalme a queimação com camomila
Na Alemanha, onde os fitoterápicos são muito respeitados, a camomila é um tratamento oficialmente aprovado para azia. Ela contém cerca de 20 substâncias que acalmam os espasmos, além de outros compostos que têm efeitos sedativos suaves. Use um sachê de chá por xícara de água fervente, cubra e deixe em infusão por 10 minutos. Retire o sachê e beba. A meta é ingerir três xícaras ao dia de estômago vazio, por duas ou três semanas. Então faça uma pausa de uma ou duas semanas.
Misture vinagre com mel
Mel com vinagre é um antigo remédio amish (seita religiosa menonita) para acalmar a azia. Simplesmente misture uma colher de chá de mel com uma colher de chá de vinagre de maçã num copo de água morna. Beba 30 minutos antes de comer para evitar a azia.
Acrescente algumas ervas
Muitas ervas são conhecidas por facilitar a digestão, como hortelã, endro, alcaravia, raiz -forte, louro, erva-doce, estragão, manjericão, cominho, canela, gengibre e cardamomo. Não importa o que estiver cozinhando, provavelmente existe uma erva que irá complementar o prato. Use uma ou mais generosamente, sobretudo se você estiver cozinhando algo que sabe que pode lhe causar azia depois de comer.
Quando procurar o médico
Crises frequentes de azia podem sinalizar uma infecção viral ou ser um sinal de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), que pode provocar ou contribuir para várias outras condições. Consulte o médico se tiver azia três ou quatro vezes na semana por semanas a fio ou se ofegar ou ficar rouco, tiver dificuldade para engolir ou perder peso.
Alerta: os sintomas intensos de azia imitam os de um infarto do miocárdio.
Se os sintomas ocorrerem depois de uma refeição e forem debelados com água ou antiácidos, provavelmente trata-se de azia. Mas, se você tiver uma sensação de estar cheio, aperto ou pressão suave ou dor no centro do tórax, respiração ofegante e/ou tonteira, chame um serviço de emergência imediatamente.