Este jogo de detetive foi retirado dos arquivos de Clóvis Diamante, detetive particular, é um passatempo lógico que pode ser resolvido com sua ajuda.
A história abaixo, retirada dos arquivos de Clóvis Diamante, detetive particular, é um passatempo lógico e pode ser resolvido utilizando-se uma tabela-padrão para problemas lógicos. Sem a tabela, você terá de checar todas as pistas visuais com as informações da história contada por Clóvis. Como em todos os problemas lógicos, o segredo está em descobrir conexões entre as pistas por um processo de eliminação. Como não é utilizada uma tabela, este passatempo é considerado médio-difícil, e daremos 45 minutos para que você o resolva.
Para resolver o caso, é preciso descobrir entre os criminosos (Primeiro Volume de Souza, Prefácio da Silva ou Livro Aberto José) que livro cada um deles roubou (O bandolim do capitão Fortuna , A beleza da pérola ou Memórias de um amnésico ) e seus autores (Rubem da Távola, Machado de Alencar ou Jorge Sabino), e como cada um deles fugiu (pela janela, pela porta ou pelo teto). Boa sorte!
O caso misterioso
Bem… livros em geral não fazem o meu gênero. A última vez que eu li algo mais longo do que um rótulo de uísque eu ainda usava calças curtas (e até hoje não sei quem comeu aquele mingau). Mas trabalho é trabalho, e lá estava eu, na Biblioteca Nacional, cercado por cabeças-de-vento. Parece que uma onda de crimes tinha passado pelo mundo editorial. Três dos livros mais valiosos tinham sido afanados na semana anterior. Os coitados que trabalhavam ali não tinham a menor idéia do que fazer – quando você enche um salão de ratoeiras e elas não apanham nada, então o que você precisa é de um gato faminto. Eu não comia desde segunda-feira.
Três ladrões diferentes furtaram três livros diferentes. Um foi roubado em plena luz do dia, e o ladrão sumiu com ele caminhando pela porta da frente. Os outros dois sumiram em assaltos noturnos, um através da janela e outro pelo telhado. Um dos livros estava preso a uma moldura na parede, outro protegido por uma redoma de vidro, e o terceiro sobre uma mesa, preso a uma corrente de metal.
Eu já tinha ouvido falar em Livro Aberto José: ele não era propriamente um ladrão profissional, mas, com certeza, era um fanático admirador da obra de Rubem da Távola. Se um livro de Rubem da Távola tinha desaparecido, eu sabia que Livro Aberto José devia estar rondando por perto. Ele era um sujeito meio louco que já tinha passado por vários estabelecimentos para doentes mentais. Sua ficha informava também que, além de ser do tipo obsessivo, sofria de constantes vertigens. Assim sendo, posso afirmar que, quem quer que tivesse sumido com um livro pelo telhado não tinha sido Livro Aberto José.
A redoma de vidro que protegia o livro O bandolim do capitão Fortuna foi despedaçada com um martelo. Um trabalho mais do que barulhento, e não poderia ter sido feito durante o dia sem que alguém ouvisse e chamasse os guardas.
Primeiro Volume de Souza é um conhecido ladrão e falsificador de livros. Um sujeito fino; muitos falsários são meio ceguetas devido ao cansaço visual que a profissão lhes impõe, mas atribuía-se ao velho Souza uma visão perfeita.
Tirei algumas fotos da cena do crime; havia uma porção de pistas úteis por ali. O resto foi apenas trabalho detetivesco de rotina. Pude explicar aos cabeças-de-vento quem tinha roubado qual livro de qual autor, e como tinham escapado do edifício. Caso encerrado. Depois, tudo que tive a fazer foi ir ao botequim do Manuel para comer um sanduíche e folhear uma revista esportiva (para ver anúncios de biquínis).
Fotos da cena do crime
Resposta:
Clóvis nos mostrou que Livro Aberto José roubou o livro escrito por Rubem da Távola e que ele sofre de vertigens; por isso, não poderia ter fugido pelo telhado. Portanto, o livro de Rubem da Távola não foi roubado pelo telhado. Ele nos disse que Primeiro Volume de Souza tem uma visão perfeita, e nós podemos ver um par de óculos no telhado numa das fotos, portanto deduzimos que o ladrão que fugiu pelo telhado também não era Souza, o que nos permite afirmar que o ladrão que fugiu pelo telhado era Prefácio da Silva. Por esse mesmo raciocínio, sabemos que Silva não roubou o livro escrito por Rubem da Távola.
Clóvis disse que o barulho da redoma de vidro sendo espatifada teria atraído muita atenção caso o roubo ocorresse durante o dia, portanto o livro envolvido neste caso (a foto nos informa que era O bandolim do capitão Fortuna) não foi roubado pela porta da biblioteca, que foi a única rota de fuga usada durante o dia.
As fotos da cena do crime também nos mostram que Memórias de um amnésico foi escrito por Jorge Sabino. Assim, deduzimos que o livro de Jorge Sabino não foi roubado por Livro Aberto José e que Memórias de um amnésico não foi escrito por Rubem da Távola. As fotos também nos mostram que A beleza da pérola estava acorrentado a uma mesa e que há um pedaço partido de corrente abaixo da janela, o que indica que o ladrão desse livro fugiu pela janela, e não pela porta ou pelo telhado.
Por eliminação, sabemos que O bandolim do capitão Fortuna deve ter sido roubado pelo teto (portanto, seu ladrão foi Prefácio da Silva) e que seu autor não era Rubem da Távola. Ficamos sabendo também que Memórias de um amnésico, de Jorge Sabino, deve ter sido roubado pela porta. Se O bandolim do capitão Fortuna não foi escrito nem por Rubem nem por Jorge, seu autor só pode ser Machado de Alencar. Portanto, O bandolim do capitão Fortuna, de Machado de Alencar, foi roubado por Prefácio da Silva através do telhado. Sabemos que Livro Aberto José roubou o livro escrito por Rubem da Távola, portanto foi Primeiro Volume de Souza quem roubou o livro escrito por Jorge Sabino. Se Livro Aberto José não roubou O bandolim do capitão Fortuna nem Memórias de um amnésico, ele só pode ter roubado A beleza da pérola, que deve ter sido escrito por Rubem da Távola e levado pela janela. Primeiro Volume de Souza deve ter roubado Memórias de um amnésico, de Jorge Sabino, e saiu pela porta da frente.
Caso encerrado!